ATA DA VIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 15-4-2002.

 


Aos quinze dias do mês de abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Beto Moesch, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Vigésima Primeira e Vigésima Segunda Sessões Ordinárias e da Oitava Sessão Solene que, juntamente com as Atas da Vigésima Sessão Ordinária e da Sétima Sessão Solene, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Beto Moesch, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, 02 Pedidos de Providências e o Pedido de Informações nº 108/02 (Processo nº 1488/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 075/02 (Processo nº 1421/02); pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de Lei do Legislativo nº 084/02 (Processo nº 1486/02); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de Informações nº 107/02 (Processo nº 1465/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 226, 243 e 244/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Luiz Fernando Rigotti, Presidente da Associação dos Técnicos de Nível Superior de Porto Alegre - ASTEC - que discursou sobre a regulamentação do regime de Previdência dos Servidores Públicos Municipais, contrapondo-se ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 001/02, que versa sobre a implantação do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre - PREVIMPA e solicitando o engajamento deste Legislativo no sentido de buscar uma solução consensual para o tema. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Sebastião Melo, Cassiá Carpes, João Antonio Dib, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, Sofia Cavedon e Raul Carrion manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e cinqüenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e um minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Maristela Maffei, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança a Suplente Berna Menezes, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Na ocasião, foi apregoada Declaração firmada pelo Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, informando o impedimento do Suplente Darci Campani em assumir a vereança no dia de hoje, em substituição à Vereadora Maristela Maffei. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a homenagear o transcurso do qüinquagésimo aniversário da Federação Gaúcha de Basquete - FGB e do qüinquagésimo oitavo aniversário da Federação Riograndense de Bocha, nos termos do Requerimento nº 054/02 (Processo nº 1207/02), de autoria do Vereador João Bosco Vaz. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Walques Batista, Presidente da Confederação Brasileira de Bocha; o Senhor Carlos Nunes, Presidente da Federação Gaúcha de Basquete - FGB; o Senhor Raul Teixeira, Presidente da Federação Riograndense de Bocha. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Bosco Vaz, homenageando o transcurso do qüinquagésimo aniversário da Federação Gaúcha de Basquete - FGB e do qüinquagésimo oitavo aniversário da Federação Riograndense de Bocha, enalteceu a contribuição dessas entidades no intuito de propiciar o desenvolvimento das referidas modalidades esportivas no Estado. Ainda, ressaltou a importância da prática de esportes como forma de promover a integração social. O Vereador Fernando Záchia parabenizou o Vereador João Bosco Vaz pela iniciativa de propor a presente homenagem, lembrando fatos da vida de Sua Excelência relacionados ao surgimento da Federação Gaúcha de Basquete. Também, aludiu à necessidade de implantação de quadras esportivas nos espaços públicos do Município e comentou dados relativos ao número de associados da Federação Riograndense de Bocha. O Vereador Haroldo de Souza, felicitando a Federação Gaúcha de Basquete - FGB e a Federação Riograndense de Bocha, respectivamente pelo transcurso dos cinqüenta e cinqüenta e oito anos de existência dessas instituições, registrou estar falando também pela Bancada do Partido da Frente Liberal - PFL e destacou a necessidade da implementação, pelo Poder Público, de políticas voltadas para a área esportiva como fator de socialização de menores carentes. O Vereador Carlos Alberto Garcia, registrando também manifestar-se em nome das Bancadas do Partido Progressista Brasileiro - PPB - e do Partido Socialista Brasileiro - PSB, externou a satisfação de Sua Excelência em participar da presente solenidade. Ainda, discorreu sobre aspectos peculiares da trajetória profissional do Senhor Walques Batista, quando da participação de Sua Senhoria junto à Secretaria Municipal do Desporto e salientou os valores de solidariedade e companheirismo desenvolvidos através do esporte. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Raul Teixeira e Carlos Nunes, que agradeceram a homenagem hoje prestada por este Legislativo ao transcurso dos aniversários de fundação da Federação Gaúcha de Basquete - FGB e da Federação Riograndense de Bocha. Às quinze horas e vinte e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e seis minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi apregoado o Ofício nº 013/02, firmado pelo Vereador Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, informando que o cargo de 2º Vice-Líder dessa Bancada, a partir de hoje, passa a ser exercido pela Vereadora Sofia Cavedon. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maria Celeste referiu-se ao Projeto de Lei encaminhado pelo Executivo Estadual à Assembléia Legislativa do Estado, que propõe mudanças na forma de atuação e na estrutura da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor - FEBEM. Também, pronunciou-se sobre a realização da sexta edição do Programa Integrado de Profissionalização Gráfica e Marcenaria, desenvolvido pela Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas - CORAG. O Vereador João Antonio Dib analisou criticamente as políticas públicas praticadas pelo Executivo Municipal, especialmente no que tange à área de saúde, tecendo considerações sobre a falta de medicamentos fornecidos à população de baixa renda pela Secretaria Municipal de Saúde - SMS. Nesse sentido, contrapôs-se à aplicação de recursos públicos municipais no sistema financeiro nacional em detrimento das referidas políticas sociais. O Vereador João Carlos Nedel reportou-se à matéria publicada no jornal Zero Hora do dia quatorze de abril do corrente, relativa ao problema do tráfico de substâncias entorpecentes em Porto Alegre, analisando as causas sociais desse problema e propugnando pela adoção de medidas públicas mais efetivas, por parte da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, a fim de reprimir essa prática e promover a responsabilização criminal dos traficantes. O Vereador Estilac Xavier reportou-se a documento elaborado pelo Vereador Sebastião Melo, o qual se refere à implantação do Regime Próprio de Previdência Social dos funcionários do Município de Porto Alegre, comentando decisões exaradas pelo Poder Judiciário, as quais versam sobre questões alusivas à implementação e gestão desse Regime e criticando o posicionamento adotado pelo Vereador Sebastião Melo quanto ao assunto. O Vereador Isaac Ainhorn, referindo-se ao pronunciamento efetuado pelo Senhor Luiz Fernando Rigotti durante a Tribuna Popular de hoje, manifestou-se sobre a criação do Regime Próprio de Previdência Social dos funcionários do Município de Porto Alegre, abordando aspectos referentes às normas constantes na legislação que instituiu esse Regime e destacando a importância de que os funcionários municipais tenham integral conhecimento da referida matéria. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 055/02, discutido pelo Vereador Sebastião Melo; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 056, 061 e 068/02, o Projeto de Lei do Executivo nº 030/02; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 037, 053, 054, 057, 058, 059, 060 e 066/02, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/02, os Projetos de Resolução nºs 062 e 063/02, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 002/02, discutido pelos Vereadores Sebastião Melo, Adeli Sell, Sofia Cavedon, Estilac Xavier e João Antonio Dib, os Projetos de Lei do Executivo nºs 025 e 024/02, este discutido pelos Vereadores Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Estilac Xavier e João Antonio Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson discorreu sobre Projeto de Lei de autoria do Deputado Federal Adolfo Marinho e aprovado pela Câmara dos Deputados, que estabelece novas normas para as permissões de serviços de táxi, destacando a importância do trabalho desenvolvido por essa categoria profissional junto à sociedade brasileira e contrapondo-se ao teor da referida proposta, afirmando que a mesma trará prejuízos para os motoristas de táxi brasileiros. O Vereador Fernando Záchia referiu-se ao teor do pronunciamento efetuado pelo Vereador Ervino Besson em Comunicação de Líder, analisando Projeto de Lei aprovado pela Câmara dos Deputados, de autoria do Deputado Federal Adolfo Marinho, que normatiza as permissões de serviços de táxi no Brasil, comentando os prováveis efeitos que essa legislação acarretará para essa categoria profissional e abordando artigos publicados na imprensa escrita, alusivos ao tema. O Vereador Haroldo de Souza teceu considerações sobre o Projeto de Lei do Legislativo nº 083/02, de autoria de Sua Excelência, que autoriza o Executivo Municipal a instalar cabines à prova de balas nos ônibus e lotações do Município de Porto Alegre. Também, relatou os problemas de segurança pública verificados no Centro de Saúde do IAPI e no Bairro Rubem Berta e abordou a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Amauri Collares Osório. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz defendeu a instalação, neste Legislativo, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - destinada a averiguar denúncias de irregularidades na administração do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, especialmente no que tange à situação verificada no Loteamento Jardim Leopoldina. Nesse sentido, criticou a atuação do Partido dos Trabalhadores à frente da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O Vereador Raul Carrion posicionou-se contrariamente à ação de despejo impetrada contra a comunidade que ocupava terrenos pertencentes à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio - SMIC - e à Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima - PETROBRAS, ambas localizadas na área do Porto Seco, nesta Capital, referindo-se a denúncias formuladas por moradores destas localidades, no sentido de haver irregularidades no cumprimento da ordem judicial de despejo. O Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca do Projeto de Lei nº 1295/99, de autoria do Deputado Federal Adolfo Marinho e aprovado pela Câmara Federal, que disciplina a exploração e condução de veículo de aluguel, afirmando ser inconstitacional o referido Projeto. Também, discursando sobre a violência urbana e os problemas enfrentados pelos motoristas de táxis brasileiros, teceu críticas à aprovação dessa proposta. O Vereador Carlos Alberto Garcia discorreu acerca da Lei Municipal nº 8.878/02, decorrente de Projeto de Lei de autoria de Sua Excelência, que dispõe sobre o cadastro de compradores de telefones celulares pré-pagos no Município de Porto Alegre, ressaltando a realização de estudo, pelas operadoras de telefones celulares, em conjunto com a Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio - SMIC, com a finalidade de operacionalizar de foram adequada este cadastro. O Vereador Elói Guimarães, criticando a aprovação, na Câmara dos Deputados, do Projeto de Lei nº 1295/99, de autoria do Deputado Federal Adolfo Marinho, que disciplina a exploração e condução de veículo de aluguel, propôs aos Senhores Vereadores que este Legislativo apresente Moção de Repúdio àquela Casa Legislativa, tendo em vista a interferência do referido Projeto em matéria de competência legislativa dos Municípios. A seguir, foi apregoado o Ofício nº 302/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Relatório de Atividades da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e balanços da Administração Centralizada, do Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE, do Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU, da Fundação de Assistência Social e Cidadania - FASC, da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre - PROCEMPA, da Companhia Carris Portoalegrense e da Porto Alegre Turismo - Escritório Municipal, todos relativos ao ano dois mil e um, e informando que o balanço da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC - será encaminhado a este Legislativo até o dia dezenove de abril do corrente, em virtude de não ter sido realizada a pertinente Assembléia dos Acionistas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão procedeu à análise de dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, relativamente ao consumo de substâncias entorpecentes no Brasil, tecendo críticas ao Executivo Estadual no que tange às políticas sociais e de segurança pública adotadas. Também, registrou o aumento dos níveis de violência urbana em Porto Alegre. O Vereador Marcelo Danéris, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Antonio Dib em Comunicações, traçou um paralelo entre a aplicação de verbas públicas no sistema financeiro pelo Executivo Municipal e a concessão de financiamento para realização de obras estruturais nesta Capital. Também, teceu considerações acerca do Parque Industrial da Restinga, ressaltando o incentivo dado pela Prefeitura de Porto Alegre aos pequenos e médios empresários. O Vereador Antonio Hohlfeldt discursou acerca da importância de negociação entre as Bancadas com assento neste Legislativo, no que tange à priorização da votação de Projetos de Leis. Também, fez um comparativo entre as repercussões da crise política da Venezuela na economia dos países da América Latina e os efeitos de uma possível vitória de candidato do Partido dos Trabalhadores ao cargo de Presidente da República nas eleições gerais que ocorrerão no Brasil este ano. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 129/01, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por vinte e dois votos SIM e dez votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Isaac Ainhorn, Antonio Hohlfeldt e Clênia Maranhão, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, este com Declaração de Voto, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Raul Carrion, Sofia Cavedon, Zé Valdir e Berna Menezes. Na ocasião, o Senhor Presidente informou o recebimento de "folder" enviado pela União dos Vereadores do Rio Grande do Sul - UVERGS, convidando os Senhores Vereadores a participarem da "Mobilização pela paz e cidadania", a ser realizada no dia dezessete de abril do corrente, na Praça Marechal Deodoro, tendo o Vereador Reginaldo Pujol manifestado-se a respeito e o Senhor Presidente informado que a participação da Casa nesse evento será objeto de debate em reunião da Mesa Diretora com o Colégio de Líderes, a ser realizada na manhã do mesmo dia. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o Projeto de Lei do Legislativo nº 175/01, considerando-se mantido o Veto Total a ele aposto, por um voto SIM, vinte e nove votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Elói Guimarães, Reginaldo Pujol e Adeli Sell, tendo votado Sim o Vereador Nereu D'Avila, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Valdir Caetano, Zé Valdir e Berna Menezes e tendo optado pela Abstenção o Vereador Reginaldo Pujol. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 207/01, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por trinta e um votos SIM, após ser discutido pelos Vereadores Dr. Goulart, Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Antonio Hohlfeldt, Paulo Brum, Isaac Ainhorn e Marcelo Danéris e encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Raul Carrion e Dr. Goulart, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Valdir Caetano, Zé Valdir e Berna Menezes. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 207/01, os Vereadores João Antonio Dib, Almerindo Filho e Valdir Caetano cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Dr. Goulart, Antonio Hohlfeldt e Isaac Ainhorn. Também, face Questão de Ordem do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Ainda, o Vereador Almerindo Filho manifestou-se sobre a cedência do seu tempo de discussão ao Vereador Antonio Hohlfeldt. Também, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, por dezoito votos SIM e nove votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Reginaldo Pujol, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Estilac Xavier, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Raul Carrion, Sofia Cavedon, Zé Valdir e Berna Menezes. A seguir, o Vereador Antonio Hohlfeldt, formulou Requerimento verbal, solicitando cópias do pronunciamento efetuado pelo Vereador Marcelo Danéris durante a discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 207/01, o que foi deferido pelo Senhor Presidente, após a anuência do Orador, e solicitando cópia do relatório emitido pelo Sistema Eletrônico de Votações atinente à votação dessa matéria, o que foi deferido pelo Senhor Presidente. Às dezenove horas e cinqüenta minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel e Aldacir Oliboni e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Reginaldo Pujol, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Luiz Fernando Rigotti, representando a Associação dos Técnicos de Nível Superior de Porto Alegre – ASTEC -, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. LUIZ FERNANDO RIGOTTI: Boa-tarde, Sr. Presidente, Sr. Secretário, Srs. Vereadores, caros colegas, traz-me, novamente, à tribuna desta Casa, o assunto “previdência”. Na última vez em que aqui estive, também tratei de assunto similar a este. Felizmente, fizeram eco as nossas denúncias, sobretudo o que estava ocorrendo com a nossa previdência naquele momento. Hoje, temos encaminhado diversas questões ao Ministério Público, que está tomando as devidas providências, como pedimos aqui. Não foi em vão, quando desta tribuna pedimos uma CPI para verificar o que estava acontecendo no Montepio. Isso mostra que, quando chegamos a esta Casa, temos, além da honra que nos traz aqui, a obrigação de trazer coisas sérias para os Srs. Vereadores.

Nós estamos muito preocupados mesmo com o desrespeito com que o Legislativo está sendo tratado pelo Executivo. Esta Casa foi palco de todas as discussões que foram feitas, e os senhores sabem como foi aprovada a Lei n.º 466. Lá estava embutido que as entidades de classes dos servidores municipais fariam parte da discussão de lei futura que viria para aprovação nesta Casa, da qual sequer tivemos notícias. Srs. Vereadores, não nos comunicaram de uma reunião sequer, mas veio para cá uma lei que não nos diz respeito, porque, inclusive, coisas que tinham sido acertadas nesta Casa foram revogadas unilateralmente - esta é a verdade! Nós temos responsabilidade de fazer uma previdência que saia de uma caixa-preta e não entre em outra caixa-preta. Nós queremos transparência e nisso nós empenhamos a nossa palavra junto aos municipários, nisso nós enfrentamos uma luta para destruir aquele tipo de desmando que ocorria com a nossa previdência. Nós não vamos ser coadjuvantes dos desmandos que estão querendo trazer para esta Casa. As associações não foram consultadas, e diversas vezes, interpelado, o Secretário de Administração ficou de fazer mais aqui, mais ali e mandou a lei para cá sem consultar uma sequer das associações. Eu não estou falando só em meu nome ou em nome da ASTEC, essa é também uma denúncia que traz o Fórum das Entidades. Quando foi para nos chamar e discutir outras coisas, lá estava a Prefeitura, mas, quando foi para discutir esta lei que veio para cá, nós não fomos chamados. O primeiro caso é este e é uma denúncia grave.

Segundo: o Fundo que está colocado na Lei não está nada claro. Até hoje o próprio Conselho Gestor, que foi eleito em dezembro, que tomou posse em dezembro e que até hoje não saiu no Diário Oficial, não sabe de balancete, não sabe quantos pagam, não sabe o que se paga, onde está o dinheiro e onde está investido. O Conselho Gestor não sabe disso e muito menos as entidades, porque nós perguntamos aos nossos representantes e eles nos têm dado essa resposta. Então, nós saímos de uma caixa-preta e entramos em outra caixa-preta. Srs. Vereadores, esta lei que vai sair da previdência tem que ter uma estrutura clara, de modo que todos saibam quem contribui, o que contribui, porque senão não tem como fiscalizar. É a mesma coisa que hoje nós discutirmos com a Prefeitura sobre os nossos salários: ninguém sabe o que é cálculo do que se gasta com pessoal. A Prefeitura diz uma coisa, o Tribunal diz outra; no Orçamento Participativo se presta uma coisa, no site da Prefeitura é outra, e ninguém sabe de nada. Essa competência de ser incompetente tem de acabar! Isso é jogar uma “cortina de fumaça” para nunca se discutir e nunca se fiscalizar a realidade dos fatos. Eu estou vindo aqui – e para mim é um desgaste muito grande – porque eu acreditei, e acredito, que se possa fazer um Fundo transparente, que se consiga fiscalizar. E a Bancada do PT tem mais essa responsabilidade, porque não é possível tentar partidarizar, ideologizar, porque vai cair no índice dos municipários o pagamento disso aí. Se não se criar o Fundo com clareza e não se vir com o atuário o cálculo certo - hoje é 6,5%, amanhã vai ser 8 e 10% -, não será nossa responsabilidade, ela vai cair em quem está fazendo esse Fundo dessa maneira. E sem ter a competência técnica, sem ter a clareza para que se fiscalize desde agora, vai cair em mais de 10, 12, 14%, não mais porque é inconstitucional. Então, eu quero jogar muito claro com os Srs. Vereadores. Nós acreditamos numa autarquia pública, mas que tenha uma estrutura definida: quem paga, quanto paga e como é que se fiscaliza. Do jeito que está colocada hoje, é mais uma vez jogar para uma caixa-preta sem podermos ter o controle. Simplesmente por ser pública, não quer dizer que seja transparente e que possa ser fiscalizada por nós, municipários. O dinheiro que está lá, em suma, é dinheiro dos municipários: uma parte é nossa e a outra parte é pública, mas é devida a nós. Portanto, todo o dinheiro que está nessa autarquia é dos municipários. E tentar vir para cá com uma estrutura – e vem com cento e quatro, duzentas, trezentas pessoas – com que essa autarquia sequer saberá o que vai fazer! Nós sempre pregamos aqui uma estrutura enxuta. Nós não queremos empreguismo, com CCs lá colocados e outros, mandados pelo Prefeito. Nós queremos uma estrutura enxuta, para que não precisemos aumentar a nossa alíquota. E aquilo que está colocado ali não nos serve, porque essa autarquia sequer sabe a estrutura que terá. Então, tem de ter um período de transição em que o pessoal da SMA que vai passar para autarquia nos mostre qual é a verdadeira estrutura de que precisa... Senão, senhores, é um “trenzinho da alegria”, com os nomes já colocados nos seus devidos lugares. E assim a partidarização, que está acontecendo em toda a Prefeitura, sem dúvida nenhuma, acontecerá nessa autarquia. (Palmas.)

Srs. Vereadores, quero dizer que acredito numa previdência pública, comandada e eleita pelos municipários, além da fiscalização da Câmara de Vereadores, além da fiscalização da Administração. Ninguém mais do que nós, municipários, quer ter a confiança de que isso dará certo, com a segurança da nossa aposentadoria e da pensão para os nossos dependentes. Mas, do jeito como está sendo levada a questão, nós vamos “fugir do tigre para entrar num buraco”. Pior! Então, é minha responsabilidade vir até aqui e dizer que todo o processo de discussão dessa previdência pública municipal hoje não está andando como deveria, simplesmente porque a Administração tem para si que só ela é capaz de ditar as normas. Ela não quer discutir com ninguém e não aceita ser fiscalizada pelos municipários. Isso nós não aceitamos, com isso nós não podemos ser coniventes. Nós acreditamos em todo mundo, desde que se prove e se fiscalize dia após dia. Se até hoje, e desde setembro, estamos sendo descontados em 6,75%, queremos saber onde está esse dinheiro, como está sendo gasto, e o que está sendo feito, quantas pensionistas estão sendo pagas, quantos aposentados estão sendo pagos, o dinheiro está indo para o caixa único? Há um fundo sendo formado? Onde está esse fundo, em que conta? Essas perguntas não vão ficar sem respostas; o povo de Porto Alegre pode saber que nós somos responsáveis e que vamos cobrar isso da Administração.

Srs. Vereadores, era isso que tínhamos a dizer para V. Ex.ªs, mostrando que estamos muito apreensivos. Podem contar conosco no sentido de fazer de Porto Alegre um exemplo de previdência. Não vai ser com uma conversa aqui ou ali que vamos perder o nosso rumo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Convidamos o Sr. Luiz Fernando Rigotti para compor a Mesa.

O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, em exercício, Ver. João Carlos Nedel, prezado Luiz Fernando Rigotti, tenho dito várias vezes da tribuna desta Casa que o que justifica a caminhada política não são os discursos, mas são as suas práticas políticas. Este Governo da Frente Popular é um governo conservador, fiscalista e que, do ponto de vista do funcionalismo, é aquele que dá aumento com uma mão e tira com a outra, no Supremo, e ainda manda distribuir nos contra-cheques dos funcionários.

Na questão da previdência, não muda muito. Logo ali atrás estivemos juntos na grande luta em defesa das garantias trabalhistas, onde as forças progressistas estavam juntas, e nós estávamos lá e a Frente Popular estava lá. Pois, agora, a Frente Popular, num canetaço só, quer acabar com quarenta e sete artigos do Estatuto do Funcionário Público, sem discutir com a sociedade, com o funcionalismo, numa lei, para regulamentar a questão da previdência.

Segundo, cento e quatro cargos, meu Presidente. O Montepio tem sessenta e sete, parece-me. Cento e quatro cargos! Mais do que isso, manda o Projeto para cá, e o senhor disse muito bem, cadê o dinheiro que foi depositado? O mínimo que tinha que ser feito, em respeito à Casa, era dizer: olha, está aqui, está sendo gestado assim, o valor é esse. Dá-nos conta, agora, a publicação do dia 15 de março de que 64% é gasto com a folha de pessoal. É uma verdadeira caixa-preta.

Quero dizer que fizemos um memorial sobre essa matéria, e apontamos quarenta e sete irregularidades nesse Projeto. Agora, recebi uma resposta, que está no site da internet, onde eles gastaram quarenta e sete páginas para me responder, o que significa que temos razão, porque, senão, não teriam gasto todo o final de semana. Quero dizer que o que estamos afirmando procede. Ou seja, eles querem criar o caixa único com esse dinheiro, para fazer com esse dinheiro o que quiserem. Isso não pode acontecer, porque o dinheiro é dos funcionários. Se o dinheiro é dos funcionários, está absolutamente correto o senhor. A Lei Orgânica diz que a previdência tem que ser gestada pelos municipários, e isso não está acontecendo, estão colocando um gerentão que é a longa manus do Prefeito, que pode ser o Prefeito de amanhã, de hoje, não sei de qual partido, não interessa, porque o fundo é dos funcionários.

Terceiro, uma estrutura que não foi discutida. A Lei que votamos aqui é uma lei que diz que tinha que se discutir com as entidades, e não se discutiu. Eu consultei, eu liguei, eu recebi no gabinete várias pessoas, e que eu saiba não houve nenhuma reunião. Mas que radicalização da democracia é essa em que se aumenta água por decreto, em que se aumenta passagem por decreto, em que se coloca a previdência goela abaixo quase que por decreto e não conversando com as pessoas? Que radicalização da democracia é essa? Por favor, vamos devagar Governo Municipal! Vamos fazer cidadania, vamos discutir, vamos radicalizar a democracia de verdade, não no discurso, no palanque, mas na prática, e na prática é traduzir aquilo que foi o discurso para aprovar a questão da previdência agora na regulamentação da autarquia e, conseqüentemente, no seu plano de carreira. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Luiz Fernando Rigotti, que satisfação tê-lo aqui, ver a sua coragem nesta Casa em que confiou, com a qual fez uma negociação ampla que o senhor acompanhava aqui diariamente e colaborava nesse sentido. O senhor acreditou, como nós acreditamos, que o Executivo pudesse resolver essa questão, mas hoje o senhor tem aí uma situação dramática, pois o Prefeito não é mais o mesmo; mandou para cá o Projeto e se mandou. Ele está pensando em outra alçada: o Governo do Estado; o Líder do PT não é mais o mesmo aqui nesta Casa. Então, o senhor terá de começar, assim como nós, uma negociação nova, ampla, para que possamos cumprir isso que foi tratado aqui, que foi elaborado, que foi festejado nesta Casa. Agora o PT se esquece; fizeram festa, aqui, quando nós, conjuntamente, os trinta e três Vereadores, com a ajuda de todas as entidades representativas dos funcionários, aprovamos o conselho gestor que dava plena participação aos funcionários públicos municipais. Agora estamos frustrados, porque não confiamos, e acreditamos, e já não temos mais, volto a frisar, o mesmo Prefeito, já não temos aquele mesmo Líder nesta Casa, e, portanto, as negociações estão paradas. É uma decepção para os funcionários e uma decepção para nós, que confiamos, que aqui lutamos com o Projeto, com os Substitutivos n.º 01, n.º 02, de autoria deste Vereador, para que pudéssemos chegar a um consenso. Houve um consenso, só que agora, onde está a palavra do Governo Municipal? É uma decepção para os senhores e para nós. Continuem com essa luta, nós iremos auxiliá-los nesse problema crucial para os funcionários de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meu caro Luiz Fernando Rigotti, meu conterrâneo e amigo, Srs. Vereadores, senhores servidores, mais uma vez as forças do Partido dos Trabalhadores tentam se aglutinar na Prefeitura para fraudar os servidores municipais. Mais uma vez! Mas só que desta vez terão uma resistência nunca esperada na Câmara Municipal.

Em julho de 1991, o Dr. Olívio fez uma lei retroagir e tomou 30% do poder aquisitivo dos servidores municipais. Em maio de 1995, o Dr. Tarso Fernando, que fugiu da Prefeitura recentemente, retroagiu uma liminar e tomou, na mesma hora, 7,8% de ganhos dos servidores municipais. E, agora, tenta fraudar, ao sair da Prefeitura, uma Lei que esta Câmara aprovou com vinte e oito votos e que não diz nada com esta que foi mandada para esta Casa. Os servidores serão ouvidos, sim, porque já protocolei um pedido de Comissão Especial para analisar este Projeto que o Prefeito, que assumiu agora, deveria retirar, porque não corresponde a nada do que foi aqui aprovado e muito menos à Lei n.º 9.717, que diz onde devem ser colocados os recursos da previdência.

Eu sei! Hoje, eu tenho aqui em mãos que, no dia 28 de fevereiro, havia disponibilidade de caixa do regime próprio dos servidores da previdência de 5 milhões e 529 mil reais. Esse é um número que eu não sei de onde saiu. Então, nós vamos querer saber, sim, exatamente cada coisa a ser feita, cada alteração proposta no Estatuto – que não deveria estar aí, deveria ser um projeto especial -, não vamos permitir que haja um “trenzinho da alegria”, e já dissemos isso quando o Prefeito assumiu. Nós também sabemos e acompanhamos que não gastam 45% com pessoal, porque a bendita Lei da Responsabilidade Fiscal obriga que eles nos digam que têm aplicado no sistema financeiro do dia 28 de fevereiro, quando faltam remédios na Cidade, para os servidores, 140 milhões de reais. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente Ver. José Fortunati; Sr. Luiz Fernando Rigotti, Presidente da Associação dos Técnicos de Nível Superior de Porto Alegre. Negócio de palavra é um negócio muito sério. A palavra que é dada não é cumprida e agora também o Projeto que é aprovado não se desenvolve da maneira como saiu desta Casa. Vem um projeto fraudando, uma lei que foi aprovada aqui na Câmara Municipal.

Eu entendo que é obrigação mostrar os números, seu balancete, onde está indo o dinheiro, quantos aposentados estão sendo pagos, enfim, um balancete financeiro de qualquer entidade deve ser transparente ao público, transparente à sociedade, custe o que custar.

Agora, eu entendo que esse problema que se arrasta há muito tempo, autarquia ou fundação, fundação ou autarquia, isso deve ser cuidado e administrado pelos municipários. Não tem nada a ver com a Prefeitura Municipal. A Prefeitura, no caso, deve ser a fiscalizadora, mas o desenvolvimento do trabalho dessa previdência, o desenvolvimento de tudo isso tem de ser dos senhores; das pessoas que vivem os problemas, das pessoas que há tanto tempo administram esse problema, que administram essa caixa. De outra maneira, como o senhor disse, vira um corpo ideológico-partidário para servir ali na frente para aquilo que todos nós sabemos que vai servir.

Então, o Partido Humanista da Solidariedade coloca-se às disposição da Associação, do senhor, o nosso gabinete, para tudo o que o senhor achar que eu possa fazer, que nós possamos fazer, nós estamos aqui à disposição para isso. E, de outra maneira, os municipários não cuidando do que é deles, não serve para os municipários. E estamos entendidos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Luís Fernando Rigotti, Presidente da ASTEC; nobre Presidente desta Casa, meus colegas Vereadores. Nós, da Bancada do PDT desta Casa, verdadeiramente, ficamos espantados exatamente pelo tipo de procedimento, com um discurso de um lado e, de outro lado, uma prática que corre completamente separada desse discurso. Já não bastasse um processo que hoje ocorre no âmbito do Estado, um processo enorme de terceirização de mão-de-obra, funcionários da área administrativa, por exemplo, da CEEE, hoje são terceirizados por meio de cooperativas, burlando e fraudando a legislação social e trabalhista deste País. E, de outro lado, aqui, eu tive a oportunidade de receber uma nota oficial do Fórum de Entidades dos Municipários, em que denuncia que o Projeto que veio a esta Casa, regulamentando a previdência dos municipários, não obedeceu àquilo que era o pressuposto básico, que era a ouvida dos municipários e um debate para saber que proposta deveria ser encaminhada para a Câmara Municipal de Porto Alegre.

E, pasmem, V. S.ª e os Srs. Vereadores, os quais acredito que a maioria têm conhecimento, porque, não contente com essa Lei em que não houve uma audiência com os municipários, com as entidades e com a categoria, foi agravado pelo fato de que a Liderança do PT tentava aqui articular o art. 81, ou seja, a inclusão da matéria em regime de urgência, a partir do momento em que completasse o trigésimo dia de tramitação do Projeto nesta Casa. Neste momento, o Projeto, tenho conhecimento, está com o relator, no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça. E nós temos a convicção de que modificações profundas devem ser feitas a fim de viabilizar isso aí, para que não ocorram todas essas deformações, distorções que o senhor aqui denunciou da tribuna desta Casa na tarde de hoje.

Portanto, a Bancada do PDT está aberta e disposta a realizar esse trabalho, que é fundamental para a categoria dos municipários da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, prezado Rigotti, presidente da ASTEC, é um prazer recebê-lo e ouvir que a sua fala inicia no compromisso de vocês com a mudança da previdência. Um compromisso que foi partilhado por todos os municipários – e quero aqui frisar – e pela Administração Popular, que teve a ousadia de intervir, sim, naquela entidade, que nos possibilitou uma grande eleição direta, que começou dali o grande movimento que acabou resultando hoje na possibilidade de os funcionários terem a sua previdência transparente, terem o seu patrimônio recuperado e acabar com os desmandos do Montepio.

A nossa Administração, Ver. Sebastião Melo, se elege por quatro vezes, porque ela, na prática, demonstra coerência, responsabilidade e transparência.

Diferente, talvez, da forma como V. Ex.ª lê os projetos, porque todos os artigos que V. Ex.ª afirma que serão revogados estão simplesmente sendo transferidos para uma lei da previdência. Eles só serão revogados quando aprovados nesta Câmara, na forma da lei da previdência. Se forem aprovados, estarão todos garantidos. E mais, em alguns itens, eles avançam em relação ao que hoje o funcionalismo têm contemplado no seu estatuto. Portanto, é leviano, sim, sair divulgando e dizendo que a Prefeitura quer saquear os municipários. É uma leitura muito apressada. O Projeto que veio para cá, senhores, foi apresentado, sim, ao Fórum de Entidades, foi apresentado ao Conselho Gestor. E, por ter sido protocolado, não significa que terminou o debate. Nós sabemos que, nesta Casa, o Projeto tramita bastante tempo, que temos muitas possibilidades de negociá-lo, e que a Prefeitura se colocou, sim, em relação ao Fórum e ao Conselho Gestor, disponível, inclusive a construir junto o substitutivo e emendas, se assim for necessário, a partir do debate, que terá continuidade. É um Projeto claro, a Prefeitura argüiu inconstitucionalidade em questões a que ela sempre disse que era contrária, e foi vencida aqui na Câmara, e que são inconstitucionais, e, inclusive, defende os funcionários quando diz que nós temos que ter paridade, participação dos funcionários e da Prefeitura na gestão do que é público. Hoje, o Conselho Gestor é totalmente eleito. Ele está fazendo o seu papel? Eu espero que sim. Ele tem de conhecer como está funcionando o Fundo. E eu lhes garanto, está funcionando muito melhor do que era, tanto que as pensionistas estão recebendo 100% das pensões, todos os aposentados estão recebendo em dia e todos os benefícios estão sendo garantidos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

 O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Companheiro Luiz Fernando Rigotti, Presidente da ASTEC, funcionários aqui presentes. Em primeiro lugar, quero dizer que continuamos considerando que a previdência municipal deve ser pública. E temos certeza de que o conjunto da categoria municipária tem esse entendimento, pois esta foi uma luta conjunta desta Casa e dos funcionários municipais nesse sentido. Em segundo lugar, quero deixar registrado o nosso compromisso de trabalhar pela máxima transparência, seja da autarquia, seja do Fundo previsto nessa lei, e pela participação dos funcionários na sua gestão. Esse é um compromisso da Bancada do PC do B. Em terceiro lugar, o compromisso de que na elaboração dessa Legislação, ao menos nesta Casa, sejam consultados os funcionários e se tenha um diálogo efetivo para que a categoria - que será regrada e beneficiada, e que também irá sustentar essa previdência - dê a sua palavra. Por fim, afirmo que vamos levar as preocupações trazidas pelos senhores a esta Casa ao Governo, do qual participamos, no sentido de que essas dificuldades sejam sanadas e possamos construir a previdência que, ao menos, todos nós, naquele momento, buscamos ao aprová-la nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradecemos ao Sr. Luiz Fernando Rigotti, Presidente da Associação dos Técnicos de Nível Superior de Porto Alegre, ASTEC, pela presença. Na Tribuna Popular de hoje, ele versou sobre a previdência dos servidores públicos municipais. Suspendemos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h50min.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati – às 14h51min): A Ver.ª Maristela Maffei solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença da Ver.ª Maristela Maffei, e dada posse à Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O período de Comunicações de hoje destina-se a assinalar o transcurso do 50.º aniversário do Federação Gaúcha de Basquete – FGB - e do 58.º aniversário da Federação Rio-Grandense de Bocha, nos termos do Requerimento n.º 054/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz.

Convidamos para fazer parte da Mesa o Sr. Presidente da Confederação Brasileira de Bocha, Walques Batista; o Presidente da Federação Gaúcha de Basquete, Sr. Carlos Nunes e o Presidente da Federação Rio-Grandense de Bocha, o Sr. Raul Teixeira.

O Ver. João Bosco Vaz, proponente desta homenagem, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores; Presidente da Confederação Brasileira de Bocha, Walques Batista; Carlinhos, Presidente da Federação Gaúcha de Basquete; Raul Teixeira, Presidente da Federação de Bocha. Neste momento em que a Federação de Basquete completa cinqüenta anos, e a Federação de Bocha, cinqüenta e oito anos, esta Casa não poderia deixar de se pronunciar, este Vereador não poderia deixar de assinalar essas duas datas em respeito ao desenvolvimento e à contribuição que o basquete e a bocha têm dado ao esporte em Porto Alegre e neste Estado. Também não poderíamos deixar de ressaltar e de enaltecer a qualidade dos dirigentes desses dois segmentos esportivos. Vejo fazendo parte da Mesa o Walques Batista, querido amigo, que, hoje, preside a Confederação Brasileira de Bocha, mas que foi um presidente vitorioso aqui, na Federação de Bocha. Quando eu saúdo o Carlinhos pelos cinqüenta anos da Federação de Basquete, lembro que o Carlinhos não está solto na presidência da Federação, ele é, hoje, o Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Basquete. Cinqüenta e oito anos da Federação Rio-Grandense de Bocha, cinqüenta anos da Federação Gaúcha de Basquete, duas entidades que cultuam a amizade, a parceria, momentos de lazer, de alegria.

Vejo a Federação de Bocha nesses cinqüenta e oito anos funcionando como uma família. O filho joga bocha, o pai joga bocha, a mãe joga bocha, o irmão joga bocha, os clubes cutucados e motivados pela Federação passaram a se mobilizar e a organizar as suas equipes de bocha. Eu tenho um dado importante, Walques e Raul, a Federação de Bocha, depois da do futebol, é a Federação com o maior número de filiados, com maior número de praticantes desse esporte.

Vejo o Carlinhos, Presidente da Federação de Basquete, buscando apoio, parceiros e patrocinadores, porque o basquete hoje está em um nível mais profissional, em uma comparação direta com a bocha. O basquete, hoje, tem grandes revelações, o basquete, hoje, que teve no Renato Cardoso, que teve no Jairo, que teve no Édson Macaco seus presidentes e colaboradores, cada um com a sua história, cada um com a sua dedicação, cada um deles fazendo a história desses cinqüenta anos, lá no Calunguinha, velho Calunga, jogador de basquete; Airton Bernardoni, José Fortunati, Marco Aurélio, Germano Bonow, e tantos praticantes de basquete que fizeram essa história, como o Mabilde, hoje, nosso árbitro internacional, todos com a sua contribuição. Vejo ali o Bira, vejo o Jaime, Vice-Presidentes da Federação de Bocha do Rio Grande do Sul. O Bira já foi Sub-Secretário de esportes deste Estado e, como poucos, sabe das dificuldades para o desenvolvimento dos segmentos esportivos na nossa Cidade e no nosso Estado.

Portanto, deixo aqui uma saudação de coração, uma saudação amiga, uma palavra de incentivo para que os senhores dirigentes possam não só engrandecer o nosso Estado, como é o caso do Walques que hoje é o Presidente da Confederação Brasileira de Bocha, o Carlinhos, Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Basquete, mas possam também desenvolver essa prática esportiva, possam fazer dessa prática esportiva um elo, uma referência de amizade, de entendimento e de paz. Eu sempre digo - e não me canso de repetir - que o esporte é o maior veículo de integração social, é o maior veículo de resgate da cidadania; ele nos une, nos aproxima e nos torna solidários e, acima de tudo, cidadãos.

Muito obrigado pelos cinqüenta anos, parabéns à Federação Gaúcha de Basquete, e também à Federação Rio-Grandense de Bocha pelos cinqüenta e oito anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Luiz Fernando Záchia está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero cumprimentar todos, mas, em especial, o Ver. João Bosco Vaz, pela iniciativa no sentido de homenagearmos duas importantes Federações. Digo isso porque, quando ouvia o Ver. João Bosco Vaz, me recordava, sentimentalmente, do Florida Atlético Clube, campeão de basquete em 1954, presidido pelo meu pai, e era absolutamente amadorismo puro, iniciava naquele momento o amadorismo marrom, Carlinhos, com o surgimento do Internacional e do próprio Cruzeiro, no basquete; posteriormente o Grêmio, e o Florida formado por estudantes que moravam na região das Ruas Farrapos, Cristóvão Colombo, onde existe a Praça Florida; e jogavam pelo amor à camiseta verde do Florida os irmãos Rigobelo, me recordo, o Artur Visitaimer, o seu treinador, e aquele time absolutamente amador foi campeão porto-alegrense, jogando contra o Internacional, contra o Cruzeiro e, posteriormente, campeão gaúcho, jogando no Estadual em Pelotas, contra as grandes equipes que havia em Pelotas, o Coríntians de Santa Maria, o de Santa Cruz, enfim. Por que eu lembro disso? Evidentemente estou recordando isso pelo lado sentimental, familiar; quando menino, eu sempre estava envolvido com os troféus, com as camisetas do Florida, que eram guardados lá em casa, porque a sede do Florida era na casa do meu pai. Mas isso mostra a grandeza do trabalho da Federação Gaúcha de Basquete, porque, referindo-me a 54, são quase cinqüenta anos, é mais ou menos o período que tem a Federação Gaúcha, e vemos o quanto evoluiu o basquetebol no Estado do Rio Grande do Sul e na cidade de Porto Alegre. Sem dúvida alguma, ele cresceu pela dedicação, pela capacidade, pela competência dos seus dirigentes, dos seus abnegados integrantes, que puderam dar condições para a estruturação desse esporte, tão importante que era na minha juventude e na minha infância.

E nas praças de Porto Alegre existiam as canchas de futebol de salão, não futsal - na época era futebol de salão, Ver. Carlos Alberto Garcia -, mas também sempre havia as quadras e as cestas do basquete, possibilitando que os meninos, que os jovens de menor poder aquisitivo pudessem praticar, também pudessem ter a alternativa da prática do basquete também em locais extremamente populares como eram as praças. É importante que possamos resgatar isso, que possamos oportunizar que, nos espaços, nos equipamentos públicos da cidade de Porto Alegre, seja possível a implantação de quadras de basquete, de vôlei, para que não fiquemos somente na dependência da prática esportiva para aqueles que gostam do futebol. Quanto mais nós pudermos abrir o leque da prática de outras atividades esportivas, isso vai ser bom para a sociedade; estaremos fazendo, com certeza absoluta, uma geração de desportistas, uma geração de atletas e vamos estar enfrentando, de uma maneira absolutamente diferente, a questão da marginalização, a questão da drogadição, que, cada vez mais, aumenta na juventude e na infância porto-alegrense. Então, as federações, a Federação de Basquete tem um fator importante em propiciar, em desenvolver, em incentivar os clubes, incentivar também que os colégios possam praticar, mas que nós, em comum acordo, numa ação conjunta com a Secretaria Municipal de Desportos, possamos também incentivar esses esportes nas escolas públicas municipais e nas praças.

Quero também fazer o registro, Ver. João Bosco Vaz, à Federação Gaúcha de Bocha. Eu, com muito orgulho, fui Presidente do Conselho Regional do Desporto, em 1995, e lá, quando nos deparamos com os números, com os dados estatísticos, ficamos absolutamente surpresos quando constatamos que o esporte que mais tem atletas registrados no Rio Grande do Sul é a bocha. Nós sempre pensamos no futebol, sempre pensamos em outros esportes que envolvem uma gama muito grande de praticantes, mas quero registrar a minha surpresa quando vi o número altíssimo de praticantes desse esporte espetacular. Ora, se existe um número de praticantes tão alto, quero dizer que, primeiro, o esporte é extremamente positivo, é agradável, une, confraterniza, mas é viabilizado porque existe, detrás dele, uma federação que propicia isso, uma federação que dá condições, uma federação que incentiva, uma federação que investe com os poucos recursos que tem, mas com a disponibilidade dos seus dirigentes, dos seus jogadores, que nós queremos cumprimentar, por meio desta oportunidade que o Ver. João Bosco Vaz nos dá de registrar na Câmara Municipal as nossas felicitações. Ver. João Bosco Vaz, a essas duas grandes federações, os nossos parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais autoridades.) Eu quero agradecer, inicialmente, ao Ver. João Bosco Vaz, ao mesmo tempo em que o cumprimento por essa iniciativa de prestar homenagem aos cinqüenta anos da Federação Gaúcha de Basquete e aos cinqüenta e oito anos da Federação Rio-Grandense de Bocha.

É evidente, meus amigos, que, quando o assunto é esporte, não posso ficar ausente do Plenário. O esporte faz parte da minha vida, evidentemente, através do futebol, mas o esporte, no seu todo, no seu geral, faz parte da minha existência, porque entendo que ao estarmos praticando o esporte, ou, ao estarmos incentivando as pessoas a praticarem esporte, estamos colaborando para que a geração de amanhã seja uma geração sadia e principalmente afastada das drogas.

Tanto o basquete, quanto a bocha, o tênis de mesa, qualquer modalidade esportiva, se propiciarmos às crianças condições de elas praticarem qualquer modalidade esportiva, estaremos colaborando para que as drogas passem longe dessas crianças.

Agora, a homenagem que me disponho a vir, aqui, dizer aos senhores é que sei das dificuldades de todo dirigente de entidade neste País. Com exceção da Confederação Brasileira de Futebol, que é um balaio de gatos, que é um balaio de pessoas que vão lá para ficar ricas e, com exceção de algumas federações de futebol, essas entidades que caem mais para o esporte amador, tanto o basquete quanto a bocha, precisam receber o nosso carinho, o nosso incentivo e, acima de tudo, a nossa esperança de que todos os governos, independente de qualquer partido, dêem uma atenção maior a todos vocês.

 

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria pedir um aparte, Vereador, porque, neste Período de Comunicações, nenhum dos integrantes da Bancada do PFL se encontra inscrito, então, para que não passasse em brancas nuvens esta homenagem muito adequada que o Ver. João Bosco Vaz faz a estas duas entidades que tão bem representam esses dois esportes, com os quais a Cidade tem grande vínculo, a bocha e o basquete, pediríamos a V. Ex.ª que introduzisse na sua saudação também uma representação que lhe transfiro neste momento do Partido da Frente Liberal.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Muito obrigado, Ver. Reginaldo Pujol. Esta aí a homenagem que prestamos aos senhores em nome também da Frente Liberal.

O Ver. Fernando Záchia assoprou-me que foram doze mil e oitocentos inscritos na bocha. Uma vez estava em Santiago e fui convidado para participar de um torneio de bocha, imaginei que encontraria pessoas veteranas, da minha idade, entre cinqüenta e cinco e sessenta anos, mas não é verdade. Eram garotos de quatorze a vinte anos que tinham organizado um torneio de bocha com mais de trinta e cinco equipes, num ambiente de confraternização, onde os pais estavam juntos, inclusive avós, com torcidas organizadas. Surpreendeu-me a força da bocha. Por isso estou aqui para cumprimentar, em nome do PHS e PFL, os homenageados de hoje, das Federações, Sr. Walques Batista, Carlos Nunes e Raul Teixeira, na certeza de que todos os governos têm a obrigação de dar um incentivo para vocês para que não contem simplesmente com os seus associados e com aquele auxílio que vem diretamente de alguns bingos. Eu sei que bingo tem ligação com alguma entidade, não sei se é o caso de vocês; se não tem, gostaria de fazer uma ponte para que tivessem também o auxílio desta Lei que através do bingo é carreada para que tenham melhores condições de sobrevivência. Parabéns em nome do PHS! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome do Partido Socialista Brasileiro, agradeço Ver. João Bosco Vaz, caro proponente desta homenagem, pela cedência do seu tempo; o Vereador estava inscrito e já falou como proponente. Também estamos falando em nome do PPB, em nome dos Vereadores João Antonio Dib e João Carlos Nedel, e em nome dos outros Vereadores do PPB, que não se fazem presentes neste momento. Queremos registrar a nossa alegria, a nossa satisfação nesta homenagem a essas duas federações, a homenagem aos cinqüenta anos da Federação Gaúcha de Basquetebol e cinqüenta e oito anos da Federação Rio-Grandense de Bocha. Antes de começar a falar, especificamente, das modalidades esportivas, gostaria de fazer alguns relatos.

Em primeiro lugar, gostaria de falar do Walques Batista, uma pessoa com a qual tive a oportunidade de trabalhar por quase trinta anos, na Secretaria de Educação, no DED. O Walques Batista era o ordenador, responsável pela direção de finanças de toda a Secretaria. Vejo aqui o seu cunhado, o Bira Ibirapuitã, que foi supervisor administrativo, também daquela Casa. Certa vez, tentamos fazer um grande empreendimento, um sonho que, por coisas da vida, não se realizou. Mas, volto a dizer, se tivesse que começar tudo aquilo de novo, nós faríamos, porque acredito muito no trabalho que é construído na cooperativa. É importante relatar que, na época, um grupo de dezenove professores comprou um terreno e resolveu fazer uma obra, financiada pelo IPE, seguindo uma visão cooperativista.

Calisa, tive a satisfação de ser professor do teu filho, e, ao mesmo tempo, quero dizer dessa caminhada do Walques, com o filho dele, um grande jogador de basquete, que hoje está na Serra. Foram homens que ingressaram no esporte através dessa vinculação com seus filhos, e mostraram muito essa competência. Quero dizer que o Rio Grande do Sul e o Brasil são gratos por esse trabalho que vocês têm feito ao longo desses anos, porque a bocha, e essa expressão já foi colocada, é muito mais que um esporte propriamente dito, porque consegue agregar a família como um todo. Ela tem essa particularidade. Além disso é praticada por todas a faixas etárias com uma visão diferenciada da competição. É um esporte e ao mesmo tempo se presta muito para a questão do lazer e da recreação. É diferente do basquete, porque o basquete tem mais o fator competitivo, embora também, cada vez mais, as equipes de terceira idade estejam-se motivando e ao mesmo tempo resgatando raízes, possibilitando esse desenvolvimento de um esporte que no Brasil tem uma tradição de grandes atletas, inclusive de medalhas olímpicas.

Recentemente, o Sr. Raul teve a oportunidade de participar, aqui nesta Casa, de uma Comissão para viabilizar e discutir o desporto, da qual eu sou Presidente e o Ver. João Bosco Vaz tem a incumbência de, como relator, nos apresentar todas as alterações e sugestões para o desporto. Eu tenho a certeza de que com isso e com esta homenagem, quem lucra não é simplesmente a Federação Gaúcha de Basquetebol e de Bocha, mas lucra todo o desporto, porque cada vez que um dos senhores vem a esta Casa falar do desporto e falar das suas modalidades, o esporte precisa ser reforçado. E aqui nós dizemos que temos uma bancada multipartidária que cada vez mais está brigando por essa questão do desporto, porque entendemos que é preciso investimento de novos recursos e verbas para fomentar o desporto – e nós sabemos das dificuldades; os senhores sabem melhor do que eu. Portanto, mais uma vez, em nome do nosso Partido, o Partido Socialista Brasileiro, e em nome do Partido Progressista Brasileiro, queremos parabenizar o Ver. João Bosco Vaz e também o Carlinhos, o Walques e o Raul, por estarem à frente da Federação e das confederações. Tenho a certeza de que o nosso desporto está muito bem representado e espero que essa iniciativa dos senhores fortifique cada vez mais o desporto gaúcho e sirva de modelo para outras modalidades. Parabéns! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Raul Teixeira, Presidente da Federação Rio-Grandense de Bocha, está com a palavra.

 

O SR. RAUL TEIXEIRA: Sr. Presidente José Fortunati, amigo Ver. João Bosco Vaz, demais Vereadores, nós, da Federação Rio-Grandense de Bocha, agradecemos pela homenagem e pelas manifestações aqui transmitidas. Vejo, pela admiração, que o número de atletas inscritos em nossa Federação é uma surpresa. Hoje, só para os senhores saberem o que é a bocha no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre temos mais de trinta clubes filiados; em todo Estado são acima de quatrocentos clubes filiados. Temos uma rede de ligas que é superior a quarenta ligas. E o número de atletas filiados sobe a doze mil, entre masculinos e femininos.

Para nós, que abrangemos o mundo muito grande da bocha, repito, é uma honra receber esta homenagem através do nosso amigo Ver. João Bosco Vaz. A bocha é um esporte que faz amigos, é o esporte da amizade, e nós, da bocha, consideramos o Bosco o Vereador amigo da bocha.

Não me alongando, agradeço a todas as Bancadas, e continuamos, em nome da bocha, elevando, cada vez mais, o esporte amador. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Carlos Nunes, Presidente da Federação Gaúcha de Basquete, está com a palavra.

 

O SR. CARLOS NUNES: Sr. Presidente José Fortunati, os nossos agradecimentos pela homenagem, pela recepção que tivemos nesta Casa; ao Ver. João Bosco Vaz, nosso eterno amigo, defensor do esporte, não vamos dizer amador, mas olímpico, e aos demais Vereadores o nosso muito obrigado.

Queremos dizer da honra que temos em participar sempre dessas sessões solenes, muito incentivadoras dessa nossa luta pelo esporte olímpico. Meus agradecimentos também à SOGIPA, uma das fundadoras da Federação, aqui representada pelo Gerente-Geral de Esportes, o Álvaro Souza; ao representante da AGAB, Associação de Árbitros, Daniel Iolan; e aos funcionários da Federação, o Edson e a Marta.

Srs. Vereadores, agradecemos mais uma vez por essa lembrança, o que nos incentiva a sempre trabalhar pelo esporte. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradecemos a presença do Sr. Jaime Pereira Marques, Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Bocha; do Sr. Carlos Nunes, Presidente da Federação Gaúcha de Basquete e do Sr. Raul Teixeira, Presidente da Federação Rio-Grandense de Bocha.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h24min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 15h26min): Estão reabertos os trabalhos.

A Mesa apregoa o Ofício do Ver. Marcelo Danéris: (Lê.) “Informo a V. Ex.ª que a Ver.ª Sofia Cavedon assumirá, a partir desta data, a 2.ª Vice-Liderança da Bancada do PT, em substituição ao Ver. Juarez Pinheiro.”

A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, neste período de Comunicações eu gostaria de fazer uma saudação muito especial a dois marcos históricos acontecidos na nossa Cidade na última semana.

O primeiro deles, que é de imensurável relevância social no que tange à efetivação dos direitos das crianças e dos adolescentes no nosso Estado e no nosso Município, foi a entrega, pelo Governador do Estado, Sr. Olívio Dutra, de um Projeto de Lei ao Presidente da Assembléia Legislativa, Dep. Sérgio Zambiasi, um Projeto que extingue a Fundação de Bem-Estar do Menor, a FEBEM, e propõe a criação de duas novas fundações: a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul para um atendimento exclusivo aos adolescentes que cometeram ato infracional, e a Fundação de Proteção Especial para atendimento, em regime de abrigo, para as crianças e adolescentes que necessitam desta medida de proteção.

Esse fato é um marco histórico no nosso Estado, porque é um marco de defesa, de luta dos direitos das crianças e dos adolescentes do nosso Estado. A partir de agora, nós não teremos mais o peso pejorativo das palavra “FEBEM” na vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes. É um reordenamento necessário, buscado há muito tempo, construído com as organizações não-governamentais do Estado, com a participação do Governo para que se efetivasse um reordenamento da FEBEM, um reordenamento previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e também na lei orgânica de assistência social do nosso País. É um marco histórico, porque ele rompe com a cultura da menor idade, de uma situação irregular, de estigmas carregados pelo nome FEBEM.

Trago essa reflexão, essa contribuição, para que todos nós possamos pensar o que isso significa na vida das crianças e dos adolescentes que passaram numa instituição com um nome tão pesado, tão carregado. E muito mais do que a troca do nome - isso é apenas um significado -, muito mais a importância de um reordenamento institucional, a maneira como se lida, como se trata com as crianças e os adolescentes dentro das instituições, instituições de abrigo e, agora, instituições que comportam os adolescentes na sua internação por ato infracional.

O outro marco importante que aconteceu, hoje pela manhã, e que, com muita alegria, teve a participação desta Vereadora, foi a aula inaugural da sexta edição dos cursos da STCAS na CORAG - Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas, cursos esses mantidos e feitos para os adolescentes dos abrigos e para os adolescentes que cometeram também algum ato infracional e que estão cumprindo uma medida educativa pelo Judiciário.

Isso tudo nos leva a uma pergunta muito importante, isso tudo está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, e quando se fala que ao adolescente que comete um ato infracional, não acontece nada, não é verdade. Mais uma vez se provou na história do nosso Estado que as coisas são feitas de uma forma ordenada e respeitando o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente, respeitando o que diz a Constituição. Portanto, parabéns a essa nova iniciativa, a esses dois marcos importantes na Cidade. Parabéns àqueles sessenta e quatro adolescentes que hoje iniciam uma nova caminhada em sua vida. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Consulto o Ver. Estilac Xavier se irá usar o seu tempo. Ah, trocou com o Ver. Juarez Pinheiro? (Pausa.)

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, eu devo dizer que não estou preocupado com os troca-troca de posições para falar depois deste Vereador, porque o inexplicável não se explica mesmo.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu lembro, quando Prefeito, do médico do Pronto Socorro que, publicamente, na minha frente, afirmou que, no Hospital Pronto Socorro, não pôde atender a um paciente baixado com dor violenta, porque não tinha Buscopan. Eu olhei para ele, sorri e disse: “Doutor, podia não ter Buscopan, mas que tinha hioscina tinha. Buscopan e hioscina são a mesma coisa; hoje nós diríamos que o genérico é hioscina. Mas, por que acontecia uma coisa dessas, no Pronto Socorro não havia remédios? Porque realmente o Prefeito era o administrador da escassez, não havia recursos. Então ele tinha que buscar na CM – Central de Medicamentos -, com a gentileza muito grande do Waldur Shubert, os remédios necessários, para que não faltassem no Pronto Socorro. Porque dinheiro para comprar medicamentos não havia. Esses da Prefeitura de agora, e os seus antecessores também, os quatro, nenhum deles quis fazer um laboratório farmacêutico porque a idéia não foi deles. Mas o mais grave de tudo é que não compram os remédios.

Estiveram aqui uma representante da Associação das Donas-de-Casa e o Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Dr. Paulo de Argolo Mendes. O Dr. Paulo de Argolo Mendes disse, como médico, que era muito difícil entender que os menos aquinhoados desta Cidade não tivessem remédio, e remédio barato. E a Secretária substituta da Saúde dizia que era normal não ter remédio. Mas ela não administrava a escassez; na casa dela não deve faltar nenhum remédio, mas os menos aquinhoados não têm remédios anti-hipertensivos e antipsicóticos, que precisam tomar continuamente. E ele como médico dizia que isso era grave demais para uma Cidade que se diz de melhor qualidade de vida. É verdade que em treze anos ganharam duas vezes o título, em três anos eu ganhei três vezes, administrando a escassez. Eu também lembro do querido colega Estilac Xavier dizendo que o Ver. João Antonio Dib brincava com os números. Não. Eu falo com muita seriedade dos números.

Eu não entendo - e esse número nem ele tem - 140 milhões de reais no Sistema Financeiro, em conta aplicada, enriquecendo os banqueiros, e não há anti-hipertensivo, e não há antipsicótico. E a Secretaria da Saúde acha que é normal. Mas há remédios que custam mais caro e que têm que ser dados para a população. Cento e quarenta milhões de reais no sistema financeiro no dia 28 de fevereiro deste ano - esse número o Ver. Estilac Xavier não tem, porque eu devo agradecer a gentileza do Secretário da Fazenda e seus assessores, que me forneceram por fax, porque eu insisti. E vou insistir agora, no dia 30 de abril, quando quero saber, de novo - é a Lei de Responsabilidade Fiscal -, quanto tem de dinheiro na Prefeitura em conta vinculada, em conta de aplicação no sistema financeiro. Porque em conta vinculada também tem, Ver. Estilac Xavier, 32 milhões e meio – esse, sim, é para a III Perimetral.

Sei que hoje o Prefeito entregou a esta Casa o balanço do ano passado, dizendo que houve um superávit de 54 milhões de reais. Mas remédios para os hipertensos e para os psicóticos, isso não tem. Não interessa, esses não votam, talvez - deve ser isso -, ou então o Prefeito não pôde ficar na Prefeitura para saber que tinha que dar esses remédios para os seus munícipes, com os quais ele tinha responsabilidade, tendo jurado, nesta Casa, que resolveria os problemas dentro das suas possibilidades. E ele não administrou a escassez; ele não teve o desprazer de ouvir um médico lhe dizer que não tinha o remédio; não teve o desprazer de pedir; ele apenas não usou o dinheiro que arrancou do povo de Porto Alegre de uma forma furiosa, em arrecadação de tributos, para colocar no sistema bancário. É claro, ele coloca a 1% ao mês, talvez, e o banqueiro empresta a 3,4% ao mês. Depois a Bancada do Partido dos Trabalhadores fala mal dos banqueiros uma barbaridade, mas ajuda os banqueiros e não ajuda os munícipes que precisam de remédios, muito baratos, mas que para eles, os que precisam, são uma fortuna, é uma vida. Mais do que o dinheiro, é uma vida para eles aqueles remédios que lhes são negados pela Administração do Partido dos Trabalhadores, que prefere guardar o dinheiro no banco. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente Aldacir Oliboni. Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o jornal Zero Hora desse último domingo noticiou, em sua primeira página: “Maconha sem repressão”. É triste ver esse assunto na primeira página dos jornais. Não há repressão da polícia, dos órgãos de segurança em vários locais que a reportagem flagrou. Ver. Pedro Américo Leal, se a reportagem flagra um crime, onde está a polícia? Onde estão os órgãos de segurança? A reportagem citou e fotografou vários pontos: no Estádio Olímpico, no Parque Ramiro Souto, na Ponta do Gasômetro, em frente à Vila Planetário, no Parque Marinha do Brasil. Tudo isso com o olhar complacente dos órgãos de segurança. Tristemente Porto Alegre recebeu o título de A Capital da Droga. Porto Alegre é a capital da droga, é onde há o maior índice de consumo entre os jovens. Quinze por cento admitiram consumir ou ter consumido droga. Enquanto nas capitais Maceió, Goiânia, o índice é de apenas 3%. Algum detalhe, Vereadora?

 

A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, eu também me preocupo muito com esse índice de uso de drogas, e acredito que a sociedade tem de se preocupar, só que, de maneira alguma, podemos tratar o usuário da maconha como um caso de polícia. Nosso jovem precisa de diálogo, Vereador. Quanto menos tratarmos como caso de polícia e mais pensarmos políticas públicas, possibilitarmos que o jovem discuta esse assunto, e tenha espaço para poder trabalhar as idéias em torno da questão da droga, mais vamos ter chance de enfrentá-las e orientar melhor nossos jovens.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, ilustre Vereadora. Como vamos enfrentar esse assunto, Ver. Pedro Américo Leal? Com segurança?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu li a reportagem do jornal, e hoje o Jornal da RBS outra vez a Globo do Rio de Janeiro, dentro da programação da RBS, alertou que Porto Alegre é a Capital de maior consumo de droga, a Globo do Rio de Janeiro!

Eu quero dizer a V. Ex.ª a minha opinião; não existe solução se o usuário não for também punido; ele tem que ser punido. Como ele vai ser punido? É outra história. Não vai ser punido com cadeia, não vai ser punido com nenhuma contribuição, ele vai ter que fazer um trabalho comunitário. Ele tem que ser punido, essa farra que anda por aí, se não acontece nada com ele, o que usa droga diz que o usuário se passa por traficante, o traficante se passa por usuário. É uma loucura, é o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra levado para a droga. São duas loucuras num País que não encontra absolutamente nenhuma orientação; os Trabalhadores Sem-Terra e a droga. Se V. Ex.ª não tiver pulso firme, nós estaremos completamente perdidos.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: E a nossa segurança neste Estado está um caos. Realmente o problema é muito sério.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a V. Ex.ª pelo aparte É um discurso em que V. Ex.ª está cedendo todo a apartes, por isso eu agradeço. Há os dias negros na vida de cada cidadão e cada cidadã. Hoje, é o dia negro da Ver.ª Sofia Cavedon com o aparte que ela pediu a V. Ex.ª dizendo, neste microfone, que o consumo de droga não é caso de polícia. Então, eu não estou entendendo mais nada, Vereador. Muito obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Vereador. Lembro-me de que o Código Penal diz que é um crime, e crime é caso de polícia, sim. Numa parte a Vereadora tem razão, efetivamente precisamos tratar do assunto da droga com a proteção à família, a família berço da pessoa e do amor. A família deve ter proteção. E aí, Ver. Pedro Américo Leal, dois Projetos de minha autoria vão colaborar com a família; o primeiro Projeto já aprovado nesta Casa que é o Conselho Municipal da Família, que irá coordenar e definir ações em favor da família.

O segundo é o Projeto que institui o estímulo por sensibilidade social. Esse Projeto visa a carrear recursos para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente e para o Fundo Municipal de Assistência Social, para cuidar da família, evitando assim que os jovens se corrompam com a droga. A questão da droga é um assunto muito sério e com muita seriedade deve ser enfrentado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Ver. Aldacir Oliboni, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, distinta assistência que veio a esta Sessão e público do canal 16. Eu pretendo falar, nesta tarde, sobre um documento que circulou intitulado Memorial sobre o projeto de lei que regulamenta a previdência dos municipários, da lavra do Ver. Sebastião Melo, meu nobre colega. Gostaria que o Ver. João Antonio Dib, que foi o relator do Projeto de Lei que se transformou na Lei n.º 466 que instituiu o Regime Próprio da Previdência dos Servidores Públicos de Porto Alegre, viesse dar uma opinião sobre esse documento. Peço a atenção dos senhores, porque penso que a forma como está sendo tratada essa questão gera insegurança e intranqüilidade à família municipária, de forma absolutamente leviana e irresponsável.

Eu estou usando termos fortes, isso não é comum, mas eu penso que a atitude a qual veio nesse memorial não contribui. Sei que o Ver. Sebastião Melo é um homem de trabalho sério, é um combativo e atuante parlamentar, mas ele fez uma lista de quarenta e sete questões que, se levadas a cabo, nós teríamos uma situação sui generis aqui no Município de Porto Alegre; criamos um regime próprio da previdência dos servidores públicos em que está eliminada a aposentadoria, e mais, conseguindo instituir no Município o poder de alterar a Constituição Federal, eis que ele ignorou todo o rearranjo que a Lei que veio para cá estabeleceu, quando revogou os artigos 127 e revogou o art. 123 do Estatuto e outros. O Estatuto dos Servidores de Porto Alegre traz o conjunto daquela Lei de forma esparsa: benefícios, previdências e o que esta Lei nova fez foi organizar a partir da determinação da 466. E eu estou aqui falando com muita tranqüilidade porque estamos estribados, pelo menos ainda neste momento, por decisões do Tribunal de Justiça no que diz respeito às grandes questões que dividiram este Plenário aqui, quais foram elas: que era impossível fazer um referendum que só ouvisse os funcionários, que é uma questão de interesse de todos os cidadãos já que eles contribuem com a previdência pública dos servidores. Segundo, que não se podia afastar o Prefeito da gestão administrativa da autarquia, já que ele é o responsável, titular da competência constitucional a respeito desse assunto, pois achavam que poderiam afastá-lo e já existe uma decisão liminar dizendo que não se pode afastar o Prefeito da administração da autarquia. Terceiro, se invocou aqui a idéia de que era necessário já aplicar a contribuição de dois por um no fundo de pensões de aposentadorias e nós dissemos: não pode, é uma alíquota política; porque se nós fossemos fazer aqui o cálculo atuarial correto os valores seriam outros, e aí sim se definiria de fato a proporcionalidade de dois por um, mas se fez daqui muita política, mas não se visou nem o interesse dos funcionários neste caso, e nem sequer os interesses da Cidade de Porto Alegre, porque quem coloca o recurso de dois por um para cada dois reais da Prefeitura é a comunidade de Porto Alegre e nós já falamos isso, por causa disso fomos aqui condenados.

Mas o Ver. Sebastião Melo, ele foi listando os quarenta e sete pontos, vamos ver algum. Fica eliminada a exigência de contribuição dos aposentados, eu não sabia que o Ver. Sebastião Melo estava agora defendendo - e eu sei que não é a posição dele, deve ser algum engano -, que os aposentados passem a contribuir para a aposentadoria, e nós somos contra isso, resistimos a essa questão nacionalmente.

Acaba o 13.º para o inativo. Mas de onde isso? Que a previsão está no art. 77. Acaba o reajuste de pensão sempre que houver o reajuste dos funcionários da ativa. Previsão expressa no art. 88 da Lei.

Pensionista que constituir nova relação conjugal perde o direito à pensão. A Legislação anterior complementava em 40% a pensão que o Montepio dava, e de que quando o cônjuge sobrevivente fosse separado ou mudasse a sua relação conjugal, perdia estes 40%, pois hoje nós mantemos não só a relação integral como estendemos isso e só há a cessação desse benefício com a morte da pessoa. E está dito aqui que não. “Acaba o reajuste de pensão sempre que ... O funcionário em estágio probatório perde direito de aposentadoria.” Havia a aposentadoria por invalidez, agora nós colocamos que por qualquer causa um estagiário pode se aposentar.

Senhores, acaba a aposentadoria compulsória aos setenta anos, previsão constitucional. E assim vai. Acaba com gratificações, acaba com isso... Acaba com a dependência de quaisquer outras pessoas que vivam às expensas dos funcionários que não o cônjuge ou os filhos. Mas nós chegamos a ampliar isso com crítica do Ver. João Dib, aqui, porque nós estendemos o direito aos companheiros homossexuais, esse benefício. Estendemos na lei, sim. Como acaba? As pessoas que têm união homossexual estável, está aqui na lei. E assim vai.

Eu quero dizer que não se pode manipular os fatos. Não se pode manipular. E todos sabem o conceito de manipulação. Eu vou usar aqui um conceito de Philip Breton, que fez uma obra muito importante, em 1997, que se chama “A Manipulação da Palavra”. O que é manipular uma palavra? É construir uma imagem do real que tenha a aparência de ser o real. E esse memorial, Ver. Sebastião Melo, espero que V. Ex.ª tenha me ouvido, fez exatamente isso, fez uma imagem do real, contrapondo ao que é o ser real, que é o projeto que garante os direitos; e que nenhum deles foi revogado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em Comunicações.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recém nós inauguramos o debate sobre a previdência dos municipários, estatal, por perfil desenhado nesta Casa. Eu lamento que o Ver. Estilac Xavier, que estava envolvido no início da Sessão com outros compromissos inerentes ao mandato, não tenha assistido, aqui, à Tribuna Popular, que teve como orador o Presidente da Associação dos Técnicos Científicos de Nível Superior de Porto Alegre, da ASTEC, o Sr. Luiz Fernando Rigotti. Se ouvisse, não teria feito algumas das afirmações que aqui fez. Veja, V. Ex.ª, que é um democrata, Ver. Estilac Xavier, que é um homem de diálogo, assume, aqui, - hoje, não mais na Liderança por força de outros encargos -, uma causa antipática, porque não é a causa que se identifica com os municipários, que querem abrir, que não têm informações sobre os recursos, nesse pequeno período, já, da gestão da Prefeitura à frente da previdência dos municipários. Preconizou-se que essa lei seria fruto de uma elaboração, de uma audiência e de uma ouvida, Ver. Estilac Xavier, dos municipários, do Fórum Social de Entidades dos municipários. Seria fruto de uma construção com o conjunto das entidades representativas e V. Ex.ª, que há pouco olhava inquieto o relógio, Ver. Estilac Xavier, - ainda estou dentro do meu tempo, felizmente -, tenho a convicção de que esse jovem Vereador, que aqui se encontra, Aldacir Oliboni, será com este Vereador, com relação ao tempo, tão generoso como foi com V. Ex.ª para ouvir os conteúdos que V. Ex.ª tinha de trazer na defesa do seu posicionamento.

Eu não quero fazer injustiça, mas parece que era V. Ex.ª que queria aplicar o artigo 81 na questão da votação dessa matéria da previdência dos municipários, desse Projeto que veio do Prefeito Tarso Genro. Está certo que V. Ex.ª é dos grandes articuladores da candidatura do Dr. Tarso Genro ao Governo do Estado, eminente Ver. Estilac Xavier, agora, não precisa exagerar nesse excesso de lealdade e de identidade com o ex-Prefeito de Porto Alegre, Dr. Tarso Fernando Genro. Lógico que lhe permito um aparte, com o maior prazer, sou um homem de diálogo, aberto ao debate, à discussão franca, agora, V. Ex.ª quer ser mais realista do que o rei. Eu sei que V. Ex.ª pertence à corrente que se identifica com o Dr. Tarso Genro, com a corrente do chamado PT Amplo, agora, tenho certeza e guardo a convicção de que, hoje, à frente da Prefeitura Municipal, o Dr. João Verle deveria ser sensível. Do art. 81 nem se fala de incluir aqui para votar imediatamente esta matéria, porque a Câmara não teria outra ação à oposição do que rejeitar esta matéria.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Vou lhe conceder o aparte, alertado pelo Ver. Marcelo Danéris de que o tempo vai acabar, mas terei a generosidade deste jovem Secretário, agora na Presidência, Ver. Aldacir Oliboni, que é um gentleman.

 

O Sr. Estilac Xavier: Agradeço, Vereador. Como sempre. ouço com muita atenção a sua preleção. Primeiro, gostaria que V. Ex.ª entrasse no mérito de algumas questões que expressei.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Vamos entrar oportunamente.

 

O Sr. Estilac Xavier: Por exemplo, a questão de que estamos acabando com a aposentadoria especial. Gostaria que o senhor me especificasse se existe aposentadoria especial no Município de Porto Alegre. Segundo...

 

O SR. ISAAC AINHORN: Em alguns assuntos, eu não vou querer entrar no mérito como V. Ex.ª entrou no dependente homossexual. Neste, eu prefiro evitar.

 

O Sr. Estilac Xavier: Segundo, eu quero informar que não pedi e nem cogitei de pedir o art. 81, salvo se o Governo vier a fazer solicitação. A matéria está para um amplo debate, inclusive para esclarecer os municipários.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Vejam bem, Ver. Antonio Hohlfeldt, V. Ex.ª ouve atento: “salvo se o Governo pedir”. Como V. Ex.ª é um atento e obediente Parlamentar do Governo petista, certamente estará disposto a fazê-lo se instado pelo seu Governo.

 

O Sr. Estilac Xavier: Evidente, Vereador. Então eu lhe agradeço o aparte e lhe digo o seguinte: nós vamos voltar a discutir isso em tempo integral, porque este assunto merece ser avidamente e profundamente esclarecido para os funcionários, e nós temos todo o interesse nisso. Agradeço o aparte, Vereador.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Quem bom que V. Ex.ª agora quer ouvir os aposentados...

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Para concluir, Vereador, por gentileza.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Já vou concluir, Sr. Presidente. Que bom que V. Ex.ª agora quer ouvir os aposentados e os funcionários municipais, porque, até agora, o PT não teve paciência para ouvir funcionário, nem tolerância, Ver. Juarez Pinheiro. Espero que, a partir de agora, possa... Vejam V. Ex.ªs: dois pesos e duas medidas. Há pouco, me antecedeu, o Ver. Estilac Xavier e, em nenhum momento, em relação a ele, a campainha tocou, mas agora, com certeza, neste momento, eu rendo as minhas homenagens à simpatia do Ver. Estilac Xavier que conseguiu uma aliança do PT com PFL. Neste momento, os dois juntos tocam a campainha advertindo que este orador teve o seu tempo encerrado. Nós retornaremos ao mérito. Este Projeto, V. Ex.ª sabe, está na Comissão de Constituição e Justiça, Vereador. V. Ex.ª sabe, foram designados os relatores agora pelo Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, por força de um sorteio. Agora, nós vamos começar a discutir e debater aquele assunto.

Eu queria que V. Ex.ª, Vereador Aldacir Oliboni, que, pela primeira vez, exerce a investidura de dirigente da Mesa, tivesse a mesma energia com os nossos colegas do PT. Aliás, eu comecei nesta Casa como 1.º Secretário, quando era suplente, em 1986. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1211/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que institui o Dia de Conscientização da Doação de Córneas no Município de Porto Alegre.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1221/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 056/02, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que institui o Programa de Educação Adicional para Afro-Descendentes de Baixa Renda.

 

PROC. 1229/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Eva Vargas Soares um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1302/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 068/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Carlos Wilson Schröder um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

PROC. 1307/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 030/02, que revoga a Lei nº 4.789, de 13 de outubro de 1980. (UNICOM)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1068/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que denomina Praça Padre Nebrídio Bolcato um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Partenon.

 

PROC. 1150/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/02, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que inclui parágrafo único no art. 1º da Lei Complementar nº 332, de 2 de dezembro de 1994, que determina a obrigatoriedade da colocação da numeração predial em local visível.

 

PROC. 1212/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 062/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera a Resolução nº 1.233, de 3 de  maio de 1994, alterada pela Resolução nº 1.345, de 26 de junho de 1997, que institui o Prêmio de Educação Thereza Noronha.

 

PROC. 1202/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 053/02, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que autoriza a inclusão do evento Feira da Catedral no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. 1204/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 054/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Dom Hélder Câmara um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 1235/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 002/02, que autoriza a implantação do Complexo Pista de Eventos no Porto Seco, modifica a Lei Complementar nº 324/94 e dá outras providências.

 

PROC. 1238/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/02, que autoriza a venda de áreas de propriedade do Município de Porto Alegre, situadas no Parque Industrial da Restinga e revoga a Lei nº 7524, de 19 de outubro de 1994.

 

PROC. 1239/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 025/02, que define Regime Urbanístico para a Vila Jardim Renascença, instituída como AEIS II pela Lei nº 8.150/98 e dá outras providências.

 

PROC. 1275/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 066/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Fúlvio Bastos um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

PROC. 1214/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 063/02, de autoria do Ver. Paulo Brum, que altera a redação do § 2º do art. 1º da Resolução nº 1.427, de 28 de setembro de 1999, alterada pela Resolução nº 1.471, de 5 de junho de 2000. (outorga de troféu)

 

PROC. 1225/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 057/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Eliza Tevah um logradouro cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema.

 

PROC. 1226/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Azise Pedro Falcão um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1227/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Rodolpho Espinoza um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

PROC. 1228/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 060/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua José Antonio Chaise (Tom) um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Nova Ipanema - II Etapa.

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, evidente que neste período de discussão de Projetos, eu não posso rebater aqui o Ver. Estilac Xavier, o que farei em momento oportuno, ponto por ponto, porque, em matéria de manipulação, o seu Governo é especialista. Em matéria de manipulação, o Governo da Frente Popular tem PHD, tem ISO 9000 ao quadrado.

Eu quero aqui discutir dois projetos, de tantos que têm na Pauta. Eu acho que nós precisamos terminar de votar os vetos o mais rápido possível, para que esta Casa se debruce sobre vários projetos, sejam do Legislativo ou do Executivo, e projetos que não poderão ser votados sem uma profunda discussão com segmentos da sociedade civil organizada. Sobre esta questão da pista de eventos, gostaria de dizer, tristemente, que foi feito um acordo, lá na CUTHAB, na quinta-feira, e hoje, neste momento, está a Brigada Militar, com o seu poderio, lá no local, para retirar cinqüenta ou sessenta famílias. Faço um apelo ao Governo para que se cumpra aquilo que foi acordado na CUTHAB. Esta questão da pista de eventos é uma matéria que não pode ser votada.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Qual o projeto da Pauta que V. Ex.ª está debatendo?

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Estou discutindo o PLCE n.º 002/02, que autoriza a implantação do complexo pista de eventos no Porto Seco e modifica a Lei n.º 324/94. Este assunto está em Pauta. Este assunto da pista de eventos precisa ter muita discussão nesta Casa, porque é um equipamento necessário para a Cidade. Dos trinta e três Vereadores, nenhum tem oposição à construção de uma pista de eventos. Agora, qual é a contradição de tudo isso? O Governo, que se elegeu em 1988, tinha, como uma das suas propostas de campanha, a construção desse equipamento público. Veio o Governo do Olívio, depois o do Tarso, o do Raul, e agora o Governo do Tarso renunciante. E este, num pacote de medidas que encaminhou à Casa, manda a questão do Porto Seco. Será que o desfile de 7 de Setembro vai acontecer lá no Porto Seco? E o desfile da Semana Farroupilha? Será que os nossos tradicionalistas vão querer fazer o desfile lá no Porto Seco? São questões que envolvem o conjunto da discussão. E poderia trazer outros exemplos aqui. Então, Sr. Presidente, esta matéria, não sei se por intermédio de comissão especial, de comissões temáticas, comissões reunidas, deve ser discutida com segmentos da sociedade civil, começando com os carnavalescos de todas as escolas de samba, sem nenhuma discriminação, para que esta Casa possa votar o Projeto em consonância com os interesses da Cidade, porque nós temos uma visão, existem vários requisitos para a construção de uma pista de eventos, que não está destinada apenas ao carnaval, mas um deles é a centralidade, ou seja, que toda a Cidade possa ir até ela com facilidade. Portanto, é preciso muita discussão.

A segunda questão diz respeito também a um projeto que tramita aqui, PLE n.º 024/02, que “autoriza a venda de áreas de propriedade do Município de Porto Alegre, situadas no Parque Industrial da Restinga e revoga a Lei n.º 7.524, de 19 de outubro de 1994.”

Os governos continuistas da Frente Popular, desde o seu primeiro mandato - e os senhores lembram que esse era um dos motes da campanha para o extremo sul de Porto Alegre -, diziam que iriam transformar a Restinga numa grande área industrial – é um bairro populoso -, e, passados doze, treze anos, do anúncio deste Projeto, querem fazer alteração, num pacote de medidas, na saída do governo Tarso. Nunca houve, na verdade, um projeto global para a questão da Restinga. Sempre houve muito marketing em cima da área industrial da Restinga, mas nunca houve uma tratativa e uma inter-relação com a sociedade de Porto Alegre, especialmente do extremo sul, com as suas características, para transformar aquela área, tanto é que não há empresas lá.

Treze anos depois esta matéria está em Pauta, de autoria do Prefeito que renunciou e que deixou um pacote de medidas. Portanto, essa é uma outra matéria, não menos importante, a ser discutida nesta Casa, e que bom que terminemos a votação dos vetos, para que possamos entrar nessas questões.

Ao finalizar, quero dizer que outros projetos importantes tramitam, como o de autoria do Ver. Dr. Goulart, que considero um projeto extremamente importante; a matéria trata sobre a “conscientização da doação de córneas no Município de Porto Alegre”. Seguem-se outros projetos.

Portanto, a Pauta, cada vez mais, acresce-se de projetos e, evidentemente, isso deverá se afunilar, e nós começaremos a deliberar sobre projetos e não sobre vetos, logo adiante. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, vou continuar o debate sobre a pista de eventos e a autorização deste Legislativo. O que a população de Porto Alegre deve ter-se perguntado, porque a imprensa noticiou que nós discutíamos aqui já em 3.ª Sessão de Pauta a questão de pista de eventos, é por que houve nesses últimos dias uma ocupação lá no Porto Seco. Uma ocupação estranhíssima, muito estranha, porque as pessoas que têm necessidade de casa normalmente também têm dificuldades de ter alguns tipos de materiais que nós vimos naquele local. É uma pergunta que deixo no ar, porque talvez alguém vá responder.

O que me preocupa é que nós fomos cobrados aqui nesta Casa, sistematicamente, por um espaço para a pista de eventos. A Prefeitura busca um espaço no Menino Deus, não serve; busca um espaço, como o Ver. João Antonio Dib já defendeu, aqui perto da Câmara, onde acontece o carnaval, e há setores que não aceitam; com relação à chamada três e trezentos, há processo na Justiça, um setor não quer.

Em primeiro lugar, nós sabemos que, em relação ao carnaval, há preconceitos, graves preconceitos. Os problemas de um evento dessa magnitude comparados aos de outros eventos, diga-se de passagem, são bem menores. Quando nós discutimos pista de eventos, para desfazer o conceito de pista de eventos, alguns falam todos os dias: sambódromo, sambódromo, sambódromo. Não, não é sambódromo: é pista de eventos, um equipamento público, pago com dinheiro público para servir ao público trezentos e sessenta e cinco dias por ano, se possível, para o carnaval, para o 7 de Setembro, para o 20 de Setembro, para as atividades múltiplas do cotidiano em oficinas, em atividades de música, de lazer, múltiplas atividades. Isso tudo porque grandes parcelas da população, hoje, estão afastadas. Assim como estão excluídas economicamente, muitas vezes desempregadas, elas também estão excluídas de um processo de cultura, de usufruto de um espaço de lazer.

Então, por isso é que nós estamos buscando de forma tão determinada a questão da pista de eventos. Por isso é que nós fizemos audiências públicas. Nós não decidimos de cima para baixo, como fazem determinadas Prefeituras pelo Brasil afora, que decidem que a pista de eventos vai ser em determinado lugar, não perguntam a ninguém, fazem a obra e acabou a história. Não, aqui se debateu, se discutiu, todos tiveram múltiplas oportunidades.

Eu espero que, desta vez, haja colaboração e compreensão de todos e que possamos ter, o quanto antes, uma pista de eventos, para que esta seja utilizada o ano inteiro para atividades as mais variadas possíveis.

Sem dúvida nenhuma, eu sempre digo aqui, o Porto Seco provavelmente não seja o melhor local. Agora, por favor, apontem-me outro local onde não tenha havido problemas. E esses problemas nem sempre foram criados por comunidades, mas, muitas vezes, por disputas político-partidárias, ou seja, os tensionamentos aconteceram de fora para dentro da comunidade. Nós esperamos que isso agora não venha a acontecer, nesse caso, porque as várias e múltiplas desculpas para os outros lugares não podem ser colocadas na região do Porto Seco, porque essas questões e esses problemas lá não existem.

Mas eu volto a perguntar, e espero que alguém responda: Por que houve uma ocupação? Eu acho que lá houve, de fato, uma invasão, com alguns materiais e alguns tipos de comportamento que não são os tradicionais de quem não tem casa para morar, porque, com relação a esses, nós sabemos o quanto necessitam de um espaço. Não foi o caso do Porto Seco. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente em exercício, Ver. Aldacir Oliboni, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, nessa questão da pista de eventos não dá, Ver. Sebastião Melo, para dizer que precisamos discutir mais e mais. Nós, aqui, temos que, no mínimo - nós que chegamos agora há pouco, principalmente os Vereadores mais novos -, respeitar, conhecer e reconhecer o quanto de história, de luta e de processo de discussão já aconteceu em relação à pista de eventos, porque senão a sociedade não vai entender, não vai respeitar este Legislativo que não respeita a sua história; pior ainda, que atravanca as conquistas que a comunidade sofre tanto para realizar, e esse é o caso da pista de eventos. Uma luta tão antiga que, já em 1993, constituiu-se aqui na Câmara Municipal, em função da iniciativa do Governo Tarso, uma comissão, e que só não se pôde votar pela pista porque na Justiça houve um mandado de segurança que cassou a discussão dentro desta Câmara de Vereadores.

Em 1995, isso aconteceu com a Av. Augusto de Carvalho, que era o local escolhido. Depois, o Prefeito Raul Pont retoma o debate, faz audiências públicas, inúmeras reuniões, faz propostas para o antigo estacionamento do MAPA e, de novo, pela Justiça, outro segmento da comunidade tranca a luta dos carnavalescos, da comunidade cultural. Em 2001, formou-se uma nova comissão na Câmara de Vereadores, porque a Prefeitura - insistindo no debate, insistindo em cumprir essa promessa, essa construção que o movimento popular, que o movimento cultural trazia - oferece à Câmara Municipal dez locais para serem avaliados, e esta Casa discute, chama a comunidade - dois meses de comissão -, indica um local, e esse local, em função da comunidade, não pôde ser contemplado. Mas um dos locais é o Porto Seco, e esse local, pela comissão e no relatório, está lá colocado como um local com boas condições e só perdia para outro com melhores condições ainda, o Humaitá, que acabou se tornando impossível, em função da resistência da comunidade.

Portanto, senhores, existe discussão suficiente acumulada, tanto neste Legislativo, quanto no Executivo, quanto na comunidade, para estarmos, neste momento, podendo pôr um ponto final nessa luta pela pista de eventos.

Então, está na mão da Câmara dos Vereadores aprovar a possibilidade da realização da pista no Porto Seco. E não dá para alegarmos aqui que não há discussão, que o processo está atropelado, porque esse Projeto, sim, é resultado de um longo processo de diálogo, de um longo processo de mediação da sociedade com a Prefeitura e com a Câmara.

E o Projeto que vem aqui sobre a Restinga - que é outro de que quero tratar – é mais um grande esforço que a Prefeitura faz - e aí, dá para traçar um paralelo com a questão da pista de eventos – para levar desenvolvimento econômico para uma das partes de uma das regiões da nossa Cidade. Uma região que foi segregada, sim, por outros governos, e que, deste Governo, dos nossos Governos, tem tido políticas públicas nas diferentes áreas. Só escolas municipais de educação infantil, especial, de ensino fundamental, nós temos onze na Restinga! Onze! Há um projeto especial de segurança envolvendo a comunidade. E nessa área do incentivo econômico, a Prefeitura - mesmo não sendo da sua competência – faz o maior esforço.

E o Ver. Sebastião Melo aqui vem ironizar. E eu queria perguntar: O que faz ele e o seu Partido, que respalda essa política econômica que investe, sim, é no sistema financeiro, que não produz riqueza nenhuma? Um sistema financeiro que vive da agiotagem ou, então, que financia empresas que não precisam de financiamento, como é o caso da Ford na Bahia. O que era a notícia de jornal essa semana em relação à Ford que nós já discutíamos aqui? Os baianos têm – os poucos baianos que tiveram emprego na Bahia, com esta política econômica do Governo que apóia as grandes empresas que não precisam de financiamento – os mais baixos salários da categoria! E como é que trata o Governo da Bahia os trabalhadores que estavam fazendo greve? Com polícia em cima, batendo, gás lacrimogêneo! É assim que nós vimos estampado nos jornais esta semana. Essa é a política econômica que o Governo Federal faz e à qual, bravamente, nós resistimos em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, a essa guerra fiscal fratricida.

Portanto, o Projeto da Restinga é um esforço, sim, uma gota d’água numa Cidade que procura resistir a uma política econômica avassaladora e excludente. E a nossa Câmara certamente vai aprovar, porque também se soma às críticas ao Governo Federal que ouvimos muito aqui. E vamos, então, fazer a nossa parte, além de denunciar, aprovar projetos que, pelo menos, são exemplares de como um poder público pode influenciar, pode contribuir, sim, com o desenvolvimento econômico e com a verdadeira democracia, que é a democracia da inclusão social, da qualidade de vida para todos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há dois Projetos que o tempo me permite discutir. Há vários projetos importantes, mas eu vou falar de dois Projetos do Executivo. Um deles é o que autoriza a venda de áreas de propriedade do Município de Porto Alegre, situadas no Parque Industrial da Restinga.

Vejam como são as coisas, há pouco o Ver. Sebastião Melo, meu atento e digno colega, falava criticamente.... O Prefeito mandou, sim; agora, o que o Ver. Sebastião Melo não disse - e eu faço questão de frisar, talvez até porque ele não saiba, não tenha acompanhado detidamente o assunto - é que no Parque Industrial da Restinga, trinta e nove lotes foram vendidos, dos quais sete estão plenamente ocupados por empresas e dois estão em processo de ocupação. Todo o mundo sabe que isso é uma herança, e todo o mundo sabe que o Parque Industrial da Restinga vai ter que se conformar para uma questão econômica, porque o eixo de deslocamento industrial não é exatamente a Restinga, e para isso tem que fazer toda uma conformação de perfil da empresa e de indústrias que lá venham a se colocar, para gerar empregos e absorver a mão-de-obra local.

O Município teve que fazer acordos em relação a esses lotes. Que acordos foram esses? Pessoas que não pagaram, que desistiram dos lotes que foram comprados. E ao perceber isso, nós abrimos uma licitação para novos sete lotes. Esses sete lotes, calculados, nós verificamos que os seus preços não são adequados nem competitivos para quem queira lá se instalar.

E o que fizemos, Ver. Pedro Américo Leal? Fizemos essa Lei para readequar a venda do lote, para incentivar a ocupação. Então, é uma Lei de mérito, sim, que reconforma o perfil da ocupação industrial, do tipo de empresa que vai para o Parque e que é importante. O Parque, como idéia, já existia antes da entrada do PT e dos governos que representamos na administração de Porto Alegre, e, de lá para cá, muito mesmo se conseguiu. Por exemplo, a implantação de toda a infra-estrutura de vias, esgotos e saneamento. Tive a honra de dirigir os trabalhos, enquanto Secretário de Obras, daquela atividade.

Portanto, é um Projeto meritório, e tenho certeza de que esta Casa vai aprovar.

Estava fazendo considerações sobre o Projeto do Executivo da venda dos lotes do Parque Industrial da Restinga.

E sobre o outro falarei brevemente, mas também me somo à preocupação colocada aqui pelo Ver. Adeli Sell. Esta Casa está convocada a ajudar a comunidade cultural que tem interesse específico na pista de eventos. Esta Casa teve uma Comissão presidida pelo Ver. Dr. Goulart, que apresentou sugestões nesse eixo onde está sendo localizada e que o Conselho do Plano Diretor e Desenvolvimento Urbano e Ambiental designou, que é o Porto Seco. Eis que lá tem uma invasão – e não vou criar ilações, porque a questão do solo urbano da terra e a questão da habitação são questões prementes e não desconheço, isso é um cerco que há na nossa Cidade, inclusive pelas condições de vida e de expectativas de oportunidades que ela abre para as pessoas que moram na região metropolitana ou mesmo no interior do Estado. Agora, foi ocupada e essa área está destinada, a partir desta Lei que autoriza o Executivo a implantar o complexo da pista de eventos no Porto Seco. Esta pista, em qualquer localidade, traria grandes ganhos, porque vai ter uma escola, uma biblioteca, posto de saúde, polícia, quadras poliesportivas, teatro. A pista é para utilização permanente, tanto para o carnaval quanto para os desfiles escolares, como para os desfiles militares, e assim por diante.

Então, a Casa está convocada - e tenho certeza de que vamos dar essa resposta, aprovando essa Lei o mais rápido possível para que o Executivo possa fazer a licitação do projeto de implantação da pista, para depois começar com as arquibancadas, e, oxalá, ao término deste Governo, nós tenhamos o equipamento completo ou em grande parte construído, como é a expectativa da comunidade cultural, principalmente a carnavalesca aqui da nossa Cidade e da Região Metropolitana, porque pretende ser um equipamento para toda a Grande Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito Tarso Fernando, ao abandonar a Prefeitura, ao apagar das luzes, resolveu dar uma demonstração de trabalho, porque ele não ia muito à Prefeitura. Mandou uma série de Projetos, entre eles, o da pista de eventos. E acredito que mandou mais uma vez para não ser feita, porque, na verdade, nós já dissemos onde era o lugar, mas ele não aceitou. Uma administração petista nunca aceitou. Eu quero dizer que, no singelo ofício que ele mandou, há uma frase que não é verdadeira, pelo menos na sua plenitude: “Os usuários do Porto Seco são favoráveis à proposta, na medida em que visualizam uma possibilidade de criação de equipamentos comunitários que poderão ser utilizados durante todo o ano, tanto para atividades complementares às atividades profissionais, como programa de geração de renda, quanto para as atividades comunitárias.” Pelo que ouvi de muitos proprietários do Porto Seco, eles não estão de acordo, não. O Prefeito não podia fazer essa afirmação aqui.

Mas o Prefeito, para justificar alguns momentos que ele passou na Prefeitura, também mandou o Projeto da área industrial da Restinga, mostrando o seu fracasso em relação ao Distrito Industrial da Restinga, alterando uma Lei de 1994, quando S. Ex.ª era Prefeito. Não fez nada de serviço no Distrito Industrial da Restinga. Se falarmos em Distrito Industrial da Restinga tem que falar no Ver. Reginaldo Pujol e tem que falar no Prefeito Guilherme Socias Villela, que idealizaram, buscaram a área, encontraram pessoas interessadas para participar, mas nós tínhamos que enfrentar dificuldades porque nós não tínhamos 140 milhões no sistema financeiro aplicados. E a Ver.ª Sofia Cavedon acabou de falar mal das aplicações financeiras. Essas aplicações da Prefeitura são diabólicas, deixam de dar remédio para enriquecer mais os banqueiros, mas não dão remédio.

O Distrito Industrial da Restinga foi criado na Administração Guilherme Socias Villela com o Ver. Reginaldo Pujol como Secretário da Indústria e Comércio, depois com o Rafael dos Santos. Volto a dizer: nós não tínhamos dinheiro, mas nós fomos levando.

Quando eu fui Prefeito, tive a oportunidade - até o Ver. Antonio Hohlfeldt ajudou -, havia um Projeto para acertar com a CEEE a instalação de uma subestação de energia elétrica na Restinga, e o Vereador era o relator. Quando eu disse que estava com ele, ele imediatamente liberou e nós pudemos fazer o contrato com a CEEE. Era Presidente o Guilherme Socias Villela. Nós levamos energia elétrica, nós levamos telefone e ainda fornecemos terreno para que a Brigada Militar instalasse lá uma companhia. E o Distrito Industrial da Restinga foi entregue ao Sr. Zeca Moraes.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só não consegui entender qual o problema com o superávit financeiro que é para pagar contas - e a lei manda que tenhamos dinheiro para pagar as contas, que tenha saúde financeira -, com problemas conjunturais do atraso do Parque Industrial da Restinga. Só não consigo entender essa vinculação, uma coisa com a outra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Vou ouvir rapidamente o Ver. Sebastião Melo e depois respondo a V. Ex.ª.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª tem razão, o Prefeito Tarso Genro gosta tanto de banco, que bota 150 milhões da Prefeitura e não cobra também os impostos dos bancos que fazem as suas transações financeiras. Então, é um Governo que está muito de mãos dadas com os banqueiros.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Os banqueiros estão enriquecendo mais ainda, eles recebem 140 milhões do povo de Porto Alegre a 1% ao mês e emprestam a 3 ou 4.

O Dr. Zeca Moraes, grande, douto e competente, também cuidou do Mercado Público, e nós tínhamos aqui uma Comissão composta pelos Vereadores: Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, eu, e o Ver. Fernando Záchia. Nós tínhamos uma Comissão para tentar ajudar o Mercado Público a sair de uma situação que está difícil até hoje. O que propôs aquela brilhatura do Dr. Zeca Moraes? Quando estava tudo mal no Mercado, ele propôs que o aluguel fosse aumentado em 88%.

Essa é a equipe, esses são os quadros que dirigem este Estado hoje e que dirigiram ontem a Prefeitura.

Não, com o que saiu de outdoor em razão do Distrito Industrial da Restinga, já dava para fazer muita coisa. O Dr. Olívio Dutra fez um monte, o Dr. Tarso Genro fez outro monte de outdoors nesta Cidade, mas não fizeram nada no Distrito Industrial da Restinga, apenas colocaram um preço tão alto que era inviável. Mas o Dr. Zeca Moraes só sabe fazer essas coisas mesmo. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): Está encerrado o período de Pauta. O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também as pessoas que nos assistem por intermédio da TV Câmara, eu saúdo a todos.

Chamo a atenção desta Casa para o assunto de que vou falar nesta tribuna. Vou falar aqui sobre quatro Secretários de Transportes. Tenho a certeza de que sobre o assunto que vou abordar, nesta tribuna, no decorrer do tempo, esses Vereadores vão-se pronunciar a respeito: Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães, João Antonio Dib e Reginaldo Pujol. Eu, ontem à noite, recebi em minha casa alguns taxistas que estiveram lá muito preocupados com um projeto de lei que foi aprovado na Câmara Federal. Esse projeto foi apresentado pelo Deputado Adolfo Marinho, do PSDB. Ver. Antonio Hohlfeldt, extraordinário Vereador desta Casa, que tem uma trajetória, como eu já disse, e que foi Secretário de Transportes, tenho certeza de que o Ver. Antonio Hohlfeldt vai-se pronunciar no decorrer do tempo a respeito do projeto que foi aprovado pela Câmara Federal, do Dep. Adolfo Marinho, que acaba com o auxílio de condutor autônomo. Em seu art. 2.º: “...Permissões intransferíveis, ou seja, em caso de morte a permissão volta para as referidas prefeituras. Quando houver problemas de saúde, impossibilita ao permissionário dar o seu veículo, enfim, para que esse possa trabalhar; em caso de morte as placas terão de ser devolvidas às referidas Prefeituras...”.

Eu falei dos quatro nobres colegas Vereadores que já foram Secretários dos Transportes e conhecem perfeitamente a luta desses profissionais, os taxistas. Nós temos no Brasil duzentos e cinqüenta mil taxistas, e sabemos que em muitos casos o permissionário titular trabalha durante o dia, e à noite um outro motorista trabalha para poder o táxi proporcionar que mais uma família possa tirar dali o seu sustento, porque o proprietário, o taxista, não vai trabalhar vinte e quatro horas por dia, é impossível. E agora, esse projeto.

Não vi a íntegra do projeto. Não vi a íntegra desse projeto ainda. Já pedimos para tomar conhecimento da íntegra desse projeto, Ver. Antonio Hohlfeldt, porque entendo que esse projeto vai totalmente de encontro a essa categoria que presta esse relevante trabalho para a nossa cidade de Porto Alegre. Não só para a nossa Cidade, mas em nível de Brasil também.

Já foi dito desta tribuna, cansamos de ver acidentes por que passam, um, dois, dez, vinte, trinta veículos e os acidentados muitas vezes não são socorridos porque o condutor do automóvel não quer socorrer para não se incomodar, principalmente para não sujar o seu veículo. Agora, o primeiro taxista que passa, ele pára e vai atender a vítima.

Portanto, vejam V. Ex.ªs o relevante trabalho social que presta essa categoria! De repente esse projeto de lei. Peço mais meio minuto para encerrar, Sr. Presidente. Vem totalmente contrário a essa categoria!

Fica aqui um pedido deste Vereador, um alerta aos nobres Senadores do nosso Estado: Senador Pedro Simon, Senador Fogaça, Senadora Emília Fernandes, para que verifiquem com bastante responsabilidade, porque esse projeto, no nosso entender, é totalmente contrário ao interesse de uma categoria que presta relevante trabalho social. Esse projeto passou pela Câmara Federal, mas tem condições de ser corrigido pelos nossos Senadores, para que não seja feita uma grande injustiça aos nossos duzentos e cinqüenta mil taxistas do nosso Brasil afora. Muito obrigado pela atenção dos nossos pares. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Ver. Aldacir Oliboni, Sr.ªs e Srs. Vereadores, trato exatamente dessa mesma matéria, Ver. Ervino Besson, que V. Ex.ª trouxe oportunamente a esta tribuna, falando com Vereadores que têm experiência nessa área de transporte, como o Ver. João Antonio Dib e o Ver. Antonio Hohlfeldt. Todos ficaram surpresos. Essa matéria está passando despercebidamente pela Câmara Federal, aprovada que já foi na Câmara Federal, poderá trazer, sem dúvida alguma, um prejuízo muito grande.

Vamos falar aqui especificamente da cidade de Porto Alegre, onde temos três mil e novecentos táxis. Ora, o que mais nos preocupa é o art. 2.º dessa Lei, a Lei n.º 1.295/99. Vejam que é uma matéria que está sendo discutida na Câmara Federal desde 1999. O art. 2.º diz que as permissões são intransferíveis e que, em caso de morte, a permissão deve voltar para as referidas Prefeituras. Diz também que, quando houver problema de saúde, impossibilitando o permissionário de trabalhar, a permissão deverá ser devolvida à Prefeitura.

Nós temos que pegar o histórico dos motoristas de táxi da cidade de Porto Alegre. É evidente que existem as empresas, mas, na sua grande maioria, são pessoas que juntaram todas as suas economias e compraram uma placa de terceiros; são pessoas que se aposentaram, mas que, até para sobreviver, precisam de uma receita nova e extraordinária, tornando-se proprietários e motoristas de táxi. Vamos imaginar que essas pessoas, Ver. Ervino Besson, evidentemente não trabalham sete dias por semana e vinte e quatro horas por dia; elas precisam e devem descansar até para prestarem um serviço da melhor qualidade, pois nós precisamos que esses motoristas estejam absolutamente descansados. Essas pessoas vão ter que repassar - e normalmente para o seu filho, genro, cunhado ou irmão, que dirigem e se revezam no táxi naqueles horários. Mas a Lei não permite isso. Os folguistas, também, Vereador, exatamente, a lei permite somente se o substituto tiver carteira de trabalho assinada. Vamos imaginar que um motorista economizou toda a sua vida, comprou um táxi, hoje está estimada a sua placa, diz a matéria do jornal Zero Hora, em torno de 50 mil reais. Para isso juntou todas as suas economias, vendeu o que tinha e comprou uma placa. Se, por uma casualidade, ele vier a falecer logo depois, por esta nova Lei, a placa - as suas economias, a sua vida toda - vai lá para a Prefeitura.

Nós sabemos que existe a Lei das Permissões e Concessões, Ver. Marcelo Danéris, e Ver. Luiz Braz, que é um absoluto entendido da matéria. Nós temos que cuidar, não podemos colocar tudo no mesmo bolo, entendendo que todos esses motoristas de táxi compraram as suas placas lá na sua licitação no órgão de origem, que era a Prefeitura. Grande parte desses motoristas compram as placas no mercado, usando todos seus recursos, e, estarão sem nenhuma garantia, se algo vier a acontecer. E não precisamos nem falar, como estabelece a Lei, na questão do falecimento; poderá ser por ficarem doentes ou impossibilitados de dirigirem. Em nenhum desses casos eles poderão repassar essa placa. Se entenderem que o negócio não é bom, a placa não pode ser vendida. Compra a placa e tem de morrer com placa, sem conseguir repassar para a viúva em caso de falecimento.

A matéria é importante, e foi extremamente oportuno o Ver. Ervino Besson levantá-la, porque poderemos, junto aos nossos Senadores dos nossos Partidos, fazer com que eles se dêem conta da importância da matéria e do reflexo que ela terá na cidade de Porto Alegre.

Hoje existem três mil e novecentos táxis na Cidade, e não podemos criar essa grande dificuldade social, o que acontecerá se essa Lei for aprovada pelo Senado e sancionada pelo Presidente da República. Ela começaria a vigorar, porque lei federal se sobrepõe à lei municipal, e não adiantará termos uma lei aqui – parece-me que é de autoria do Ver. Luiz Braz – que preserve isso.

O meu temor é que, aprovando-se uma lei maior, reste prejudicada a sua Lei, Ver. Luiz Braz. E os taxistas seriam altamente prejudicados. Acho que é de nossa responsabilidade - mesmo fugindo da nossa alçada - fazermos junto aos nossos representantes partidários, aos nossos Senadores, essa reivindicação, levando nossas dúvidas e nossas situações, que merecem esclarecimentos, porque vai acontecer um problema muito sério.

A grande maioria desses taxistas compraram essas placas e venderam, para isso, talvez, suas casas, seus carros, juntaram suas economias, projetando uma arrecadação maior para que pudessem sobreviver. Uma garantia para esses motoristas sempre foi o valor da revenda, o valor da placa. Eles não tinham o temor, pois caso viessem a faltar, tinham a garantia e tinham a tranqüilidade de que seus familiares estariam garantidos com a venda da placa ou com a utilização da placa. A família não perderia a fonte de renda familiar, porque ele seria substituído. A Lei nova proíbe isso.

Quero cumprimentar o Ver. Ervino Besson pela iniciativa de esclarecer a todos nós, para que possamos, politicamente, atuar, junto aos nossos Partidos, para que isso não venha a ser aprovado no Senado Federal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu quero pegar o gancho do que foi falado aqui sobre os taxistas, para bater mais uma vez naquele Projeto que eu protocolei nesta Casa, e que já está tramitando, a respeito da implantação de cabinas à prova de bala nos ônibus e lotações do Município. Parece-me que já existe uma lei de obrigatoriedade para os taxistas, que não estaria sendo cumprida. E o Ver. Antonio Hohlfeldt me lembra que existe esta Lei; inclusive, se quiser um aparte... E eu quero estender essa assistência aos profissionais do volante para os lotações e ônibus, porque, tendo condições de terem essa cabina à prova de bala seria uma segurança a mais a eles e aos próprios passageiros, porque o motorista, estando em condições de defesa, automaticamente, o assaltante contaria duas vezes, três vezes para realizar o seu intento nos nossos lotações.

Eu queria, desta tribuna também, pedir socorro em nome do Centro de Saúde do IAPI. Não é mais possível que as coisas continuem como estão no Centro de Saúde do IAPI: assaltos da abertura do expediente até o final; assalto às pessoas que vão procurar auxílio médico, Ver. Dr. Goulart; assalto aos médicos, às enfermeiras; enfim, o Centro de Saúde do IAPI está um caos. Eu estou pedindo aqui para que o órgão competente tome providências, para que nós possamos continuar vendo o funcionamento do Centro de Saúde do IAPI.

O que eu tenho embatucado nesses dias é como é que esse cidadão do MST, esse colono sem-terra conseguiu chegar lá no Oriente Médio com a bandeira do MST. Porque se presume que colono sem-terra não tem posses, não tem dinheiro para comprar uma passagem e ir lá quase do outro lado do mundo. Mas esse chegou lá com a bandeirinha do MST. Ultrapassam os limites as ações desse grupo, infelizmente embasado por autoridades do Judiciário, que, por um minuto de fama, tomam decisões que são totalmente contrárias aos interesses da sociedade.

Quando eu estive na Colômbia – eu falo isso seguidamente -, procurei saber como é que nasceram as FARCs, essas forças de guerrilha da Colômbia. Segundo me informaram, nasceram exatamente como movimento pequeno, como é o Movimento dos Sem-Terra em nosso País, que, infelizmente, nasceu aqui no Estado do Rio Grande do Sul, e cujo pai seria Leonel de Moura Brizola. Vejam bem, informaram-me que quem deu condições para a criação do Movimento dos Sem-Terra foi Leonel Brizola, mas a finalidade desse Movimento estaria sendo desvirtuada pelo Partido dos Trabalhadores.

Então, gostaria de ter esse esclarecimento, para saber se o Movimento dos Sem-Terra é realmente dos colonos sem terra, ou parte de grupos partidários, de grupos de ideologias políticas. Eu gostaria de saber!

Outra coisa que me assustou no jornal: “Toque de recolher no Bairro Rubem Berta.” Eu pensava que isso acontecia somente no Rio de Janeiro, nas favelas de São Paulo, nos bairros do Rio e de São Paulo, mas chegou até nós também o toque de recolher. Mas, como toque de recolher? Os habitantes do Bairro Rubem Berta passam por essa dificuldade, e quando é que vamos tomar providências?

Nós temos um pedido para a criação de uma comissão de segurança, de autoria do nobre Ver. Pedro Américo Leal, que está parado; temos o pedido para a formação de uma Secretaria Municipal de Segurança, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que está parado. Está tudo parado! Como está parada a CPI da habitação em nossa Porto Alegre. Está parada também a aprovação do edital das obras da pista de eventos. Tudo parado pelo festival de vetos enviado pelo Prefeito Municipal.

Então, todos nós que formamos a oposição, que estamos unidos, coesos, vamos apressar a derrubada desses vetos o mais rápido possível, para que possamos entrar nesses assuntos que realmente têm o interesse direto da comunidade, que é uma maior segurança, pela existência de uma comissão permanente; para que possamos trabalhar em conjunto com uma Secretaria Municipal de Segurança, seja lá o que for, mas providências precisam ser tomadas. E para que, com esses vetos derrubados, nós tenhamos tempo, nesta Casa, de discutir esses assuntos tão importantes para a Cidade. Será que vamos virar o ano de 2002 não tendo uma solução para a habitação na Cidade? Será que no próximo carnaval, em 2003, vamos estar falando ainda em pista de eventos? Por favor, não! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Solicito que as manifestações se resumam àquilo que o Regimento prevê. O pronunciamento do Ver. Haroldo de Souza, pela sua veemência, naturalmente enseja controvérsias, e merece apoios e aplausos, nunca manifestações que não estejam previstas no nosso Regimento.

Registramos, com muita satisfação, a presença do ex-Diretor do Departamento Municipal, Amauri Collares Osório, que nos prestigia com a sua presença.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, foi bom que o meu amigo Ver. Haroldo de Souza trouxesse aqui a esta tribuna o tema da CPI do DEMHAB, porque todas as Sessões que são realizadas têm na assistência moradores do Jardim Dona Leopoldina e de outros bairros da Cidade que querem ver a CPI reinstalada aqui nesta Casa para que possamos discutir os problemas ligados à habitação. Aliás, o Ver. Marcelo Danéris, que é o Líder da bancada petista nesta Casa, é um grande conhecedor desta área, já que tem ligações com o Diretor do DEMHAB e, por essas ligações, tem grandes contribuições a dar para que esta CPI possa progredir e, quem sabe, possamos ter as respostas necessárias para tudo aquilo que está acontecendo de irregular nessa área.

A população do Jardim Dona Leopoldina está aqui atemorizada, porque as ações da Administração chamada popular, lá naquela área, são ações terroristas e contra a população pobre. Não é aquele terrorismo que se encontra agora instalado na Venezuela, por exemplo, em que o terrorismo é voltado contra as classes mais elitizadas. Não, é o terrorismo contra as populações pobres; pessoas que não têm como morar, pessoas que são aterrorizadas na sua moradia para que as deixem para que outras pessoas ligadas à Direção do DEMHAB possam ocupá-las. É isso que está sendo denunciado; pessoas que recebem promessas de casas, de habitações lá no DEMHAB para fazerem campanhas para políticos ligados ao PT. Isso foi fartamente denunciado, isso apareceu nos jornais. Os moradores dizem que têm mais denúncias, inclusive ligadas a esse fato, e nós não podemos, aqui, discutir, por uma manobra que a bancada petista está fazendo neste Plenário.

Como são vários os vetos a projetos que tramitaram aqui, geralmente projetos de autoria de Vereadores da oposição, os Vereadores do PT, a cada veto que é discutido neste Plenário, todos se inscrevem. Como eles têm um número de onze Vereadores com os da aliança – o Ver. Raul Carrion, que era nosso aliado no Maranhão com a Roseana Sarney, também é aliado aqui à Bancada do PT, e o Ver. Carlos Alberto Garcia, também é outro aliado, porque, afinal de contas, essas alianças compensam –, todos falam a cada veto e não permitem que haja a liberação da pauta, porque há, aqui, um expediente que diz que os vetos têm um determinado prazo e, quando chegam àquele prazo, eles trancam a pauta e, trancando a pauta, nada mais é possível, a não ser discutir os vetos.

Essa discussão dos vetos tem de ser tomada a cada projeto, ou, às vezes, a cada item de um projeto, que acaba tomando toda uma Sessão, sendo que os Vereadores de oposição pouca coisa podem fazer para que essa desobstrução se dê.

Eu quero fazer essa denúncia, porque isso está trancando Porto Alegre. Isso impede que todos os projetos e todas as ações que esta Câmara poderia ter sejam completamente desfraldados, que nós possamos trabalhar mais neste Plenário em termos de votação de projetos, para que soluções possam ser dadas aos diversos setores de Porto Alegre, principalmente na área da habitação, que é uma área que nós gostaríamos muito de discutir. Por exemplo, a CPI da Habitação poderia esclarecer tantos fatos e poderia, Ver. Juarez Pinheiro, quem sabe, dizer que a Administração não deve absolutamente nada, que está isenta, aí para-se de investigar.

Agora, o que não é justo é que, por meio de uma manobra, os Vereadores da situação, do PT, impeçam que essa investigação possa-se dar neste Plenário. Nós estamos pedindo aos Vereadores situacionistas que, por favor, ajudem a Cidade. Vamos ajudar a que a oposição esclareça os fatos e, esclarecendo os fatos, quem sabe, saiamos desses vetos e possamos discutir outros assuntos de interesse da nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos que nos assistem aqui e em suas casas. Na Sessão de sexta-feira, nós relatávamos aos Srs. Vereadores a negociação realizada na CUTHAB com a presença do Secretário de Planejamento do Município, Carlos Vieira, do Subsecretário da SMIC, Carlinho, do companheiro Wilson, que nesta Casa representa o Governo Municipal, com a presença - por ser membro da nossa Comissão - do Líder do Partido dos Trabalhadores, Ver. Marcelo Danéris, além da Presidenta da Comissão, Ver.ª Maristela Maffei. Nesse dia, nós nos reunimos com a comunidade do Jardim Vitória da Conquista, no Porto Seco, que encontra-se há mais de dois anos numa área da PETROBRÁS, adquirida em 1991, com o compromisso contratual de construir em seis meses um posto de combustível, com uma cláusula de reversão da área para o Município caso isso não acontecesse, com direito a devolução, unicamente, de 50% do valor da aquisição.

Passados onze anos, essa área continua sem qualquer uso, lá encontrando-se essa comunidade há mais de dois anos.

Nessa reunião da CUTHAB, tiramos o seguinte encaminhamento: a comunidade - como já está sendo feito -, procuraria, através do Orçamento Participativo, conquistar um projeto de reassentamento ou assentamento dessas quatrocentas e oito famílias; isso poderia se dar na própria área, caso houvesse uma reversão dessa área para a Prefeitura, e o Secretário Carlos Vieira foi enfático ao dizer que não existia nenhum projeto da Prefeitura para essa área da PETROBRÁS; ou, então, o reassentamento numa área alternativa, a ser conquistada no Orçamento. Houve também a informação de que estaria ocorrendo uma nova ocupação, em uma área lindeira à da PETROBRÁS, que seria da SMIC, dentro da área prevista para o do Sambódromo. Isso posto, ficou acertado que seria feita uma demarcação precisa da área, para esclarecer se realmente existiam famílias dentro da área da SMIC. E a comunidade assumiu o compromisso, na reunião, na frente de todos, de que, nesse caso, essas famílias se retirariam e procurariam, talvez, na área onde existe a ocupação antiga, reassentar as famílias. A comunidade também se comprometeu a trazer o cadastramento das quatrocentas e oito famílias, atualizando-o para evitar qualquer “inchaço” da área. Ficou acertado - eu me manifestei claramente, na ocasião - que não haveria necessidade de qualquer despejo, pois, havendo problemas na área da SMIC, as famílias se retirariam espontaneamente.

E a Ver.ª Maristela Maffei assumiu o compromisso de marcar, esta semana, uma reunião com o DEMHAB. Surpreendentemente, na manhã de hoje, fui contatado pelas famílias do Jardim Vitória da Conquista, que informavam que lá se encontrava um forte aparato da Brigada Militar - pelotão de choque, cavalaria -, oficiais de justiça, caminhões, agentes da SMIC, agentes da SMOV, agentes da SMAM, para fazer o despejo, sem qualquer pré-aviso para a população. Desloquei-me para lá, mantive contatos com o oficial de justiça, com o oficial da Brigada que comanda a operação, com os representantes do Governo Municipal, no sentido de que o que havia sido acordado na CUTHAB fosse honrado, fosse preservado. Infelizmente, todos os esforços de nossa parte foram vãos. Cheguei, inclusive, a sofrer constrangimento por parte da Brigada Militar, que me retirou a força da área quando eu tentava essa negociação. Também tomei conhecimento do caso de uma senhora grávida que foi agredida por um soldado que, inclusive, estava com um vergão nas costas devido ao golpe sofrido. E passou-se à demolição das casas de cerca de – não há um número certo – cinqüenta a setenta famílias.

Quero registrar aqui desta tribuna a discordância do PC do B e da Bancada do PC do B com esse procedimento, por cinco simples razões. Primeiro, estava sendo negociada uma saída pacífica dessas pessoas. Segundo, os despejos são, no nosso entendimento, a última alternativa a ser tomada. É preciso uma negociação anterior, que não houve. Terceiro, o mínimo que se esperaria é que essas famílias fossem notificadas e que fosse dado um prazo de vinte e quatro, quarenta e oito, setenta e duas horas. Não houve isso. O aparato militar se deslocou para lá sem qualquer aviso a essas famílias.

Por último, a nossa compreensão é que o despejo, se tiver que ocorrer, tem que ser para uma área alternativa. O problema da moradia é social, não é um problema militar, ou policial! Tem que ser tratado com esse entendimento.

Concluo, dizendo que vamos tentar uma negociação, pelo menos, para as quatrocentas e oito famílias da área da PETROBRÁS que já estão com a ordem de despejo na rua. E esperamos que a Prefeitura e o Estado - e vamos fazer essa negociação - encontrem uma alternativa. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, serei repetitivo: chega de leis, as que têm são suficientes, basta que sejam cumpridas. Agora, qualquer indivíduo que assume uma posição no Legislativo acha que tem que fazer leis. Penso que ele não tem de fazer leis, tem de fazer cumprir as leis. O que me admira é que no Congresso Nacional tenham aprovado um Projeto de Lei absurdo. (Lê.) “Permissões intransferíveis: ou seja, em caso de morte, a permissão volta às referidas Prefeituras e, quando houver problema de saúde, impossibilitando o permissionário de trabalhar, a permissão deverá ser devolvida à Prefeitura.” Esse deputado, Adolfo Marinho, podia ter ficado em casa que não faria falta para ninguém, e os que com ele aprovaram a Lei também poderiam ter ficado em casa. Um País que precisa de uma reforma política, de uma reforma tributária, de uma reforma administrativa, precisa reformar o Congresso Nacional, porque eles estão legislando, agora, contra a Constituição. O artigo 30, da Constituição, diz o que é competência do Município, e é competência do Município gerir o transporte público. Se é competência do Município, o que o Deputado Federal, que não tinha o que fazer, resolve fazer é uma lei para intranqüilizar – em época de eleição também pode acontecer isso – uma classe que trabalha dia e noite, que não tem segurança, que é assaltada, que é violentada. Agora, mais um Deputado idiota vem trazer um tipo de Lei... – isso é brincar de fazer leis! Não posso entender que alguém faça uma coisa dessas. Onde está a autonomia municipal? O Sr. Deputado Marinho já resolveu que não tem mais, ele vai fazer lei para o Município de Porto Alegre. Ora, Deputado Adolfo Marinho, tem muito mais lei que precisa ser feita no Congresso Nacional do que essa que é do Município. E me admira que o Congresso consiga-se reunir para votar uma barbaridade dessas, quando precisamos de medidas muito urgentes para que este País cresça, desenvolva-se. Aí os nossos Deputados não se conseguem reunir. Por isso, já tinha razão o Governador do Rio Grande do Sul, lá em 1830, quando dizia: “Chega de leis, as que têm são suficientes, basta que sejam cumpridas”. Dizia que “lei deve ser fruto da razão, da experiência e da luz”. O Deputado Marinho não tinha nem razão, nem experiência e era cego, senão ele não apresentaria essa aberração jurídica que é esse projeto de lei que ele fez para intranqüilizar toda uma classe que trabalha dia e noite. E ele não vai nos dias de sessão que tem que ir, mas recebe certinho no final do mês o seu dinheiro como se tivesse ido todos os dias. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, São Paulo, no mês de janeiro, vivenciou uma situação diferenciada relativa aos constantes crimes ocorridos dentro dos seus presídios. O Governador Geraldo Alckmin estava preocupado com a situação de como ocorria a comunicação entre os detentos, não só de um presídio, mas entre os presídios. Em Porto Alegre, no mês de dezembro, já havia sido aprovada uma lei, de nossa autoria, que foi pioneira no Brasil, relativa ao registro dos cadastros únicos de telefones celulares pré-pagos. É importante salientar que, hoje, no Brasil, existem aproximadamente trinta milhões de telefones celulares, e, desses trinta milhões, dezenove milhões são telefones celulares pré-pagos, basicamente os telefones de cartões. Esses telefones não têm cadastro. No ano de 2000, entramos com um Projeto nesta Casa para que o Município de Porto Alegre pudesse fazer o cadastro. Essa Lei foi aprovada imediatamente; no mês de janeiro, o Prefeito Tarso Genro a sancionou, e agora estamos esperando a questão do decreto para oficialização e funcionamento. Mas a surpresa maior é que o Governador de São Paulo, em caráter emergencial, propôs uma lei, só que a Lei de São Paulo, conforme comentários, ficou inócua, ou seja, o cadastro está sendo feito pela Internet ou pelo telefone, não tendo a possibilidade de uma documentação para efetuar esse sistema. Aqui em Porto Alegre a nossa Lei é bem clara, o cadastro tem de ser feito com prova documental. E é isso que queremos. Estamos estudando junto com as operadoras e a SMIC para ver a melhor forma de operacionalizar esse sistema. Mas queremos novamente ressaltar que Porto Alegre foi pioneira no Brasil quanto a esse cadastro, e de uma forma que entendemos ser mais eficiente, ou seja, o comprador tem que apresentar o seu documento de identidade na hora de adquirir um telefone celular, e não como está sendo feito, hoje, em São Paulo, por telefone ou via Internet. Não existe uma prova documental, e, através de um telefone, a pessoa pode dizer que é “a”, “b”, “c” ou “d”, sem identificação.

Lastimamos, então, que em São Paulo tenham tentado copiar uma lei aqui de Porto Alegre. Penso que essa Lei deveria ser estendida a todo o Brasil, mas não da forma como foi proposta lá. Ou seja, deve ser de uma forma efetiva para que possamos, sim, identificar essas pessoas, tranqüilizar a população e tentar acabar, de uma vez por todas, com que hoje até o telefone celular pré-pago já tenha o nome, conforme alguns dizem, de telefone “laranja”. É através desse telefone que se descobriu como o Juiz Nicolau, na época, fazia as suas articulações, foi com esse tipo de telefone também que o PCC fazia as suas articulações, foi com esse tipo de telefone que o empresário Sílvio Santos, na época, foi seqüestrado, ou seja, dificultando a própria investigação da polícia, uma vez que, pelo rastreamento, se consegue identificar o número, mas não se consegue identificar o proprietário. Porto Alegre, então, tem essa Lei pioneira, que deve ser cada vez mais divulgada, e esperamos que, daqui a alguns dias, o Prefeito João Verle faça esse decreto para que possamos, sim, ter uma qualidade melhor nesse sentido, porque nós queremos zelar, e muito, para que os nossos porto-alegrenses possam ter uma boa qualidade de vida e não, talvez, morrer ou ser assaltado por causa de um telefone que, muitas vezes, é furtado, e vendido a trinta reais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto já foi comentado por diversos Vereadores a respeito de uma lei absolutamente inconstitucional, vejam, aprovada pela Câmara Federal, que passará ao Senado e, posteriormente, se for o caso, irá ao veto ou à sanção do Sr. Presidente da República. É uma absoluta e radical invasão, vejam bem, na competência municipal, aprovada pela Câmara Federal: uma lei que proíbe que o taxista autônomo tenha como auxiliar uma determinada pessoa para o serviço do táxi, e outras normas interferindo na competência específica, clara e irretorquível da Constituição Federal, que estabelece o regramento da matéria no seu art. 30. É da competência do Município a permissão, a concessão em matéria de transporte e também do transporte coletivo.

Trata-se de um projeto para o qual a Casa já foi alertada, e devemos levantar um grande movimento no sentido de chamar a atenção para essa interferência, essa invasão da Lei Federal, da pretensa e inconstitucional Lei Federal, sobre as regras e a competência dos Municípios. A União não pode interferir no Município, como, evidentemente, o Município não pode interferir no Estado e este na União. Então, trata-se de matéria absolutamente inconstitucional, e até proporíamos uma moção de alertamento ao Senado Federal, pois a matéria... O Ver. João Antonio Dib, que comentou largamente sobre o assunto e o conhece, disse que é a primeira vez que vai concordar com a moção. Então nós vamos propor aqui, coletivamente, eu apenas indico, mas subscreveremos todos uma moção alertando o Senado Federal, chamando a atenção para a inconstitucionalidade do projeto do Deputado Adolfo Marinho. Não sei qual é o Estado do Deputado Adolfo Marinho, mas ele fez uma lei que é rotundamente inconstitucional. Este é o termo, Ver. João Antonio Dib, um projeto de lei rotundamente inconstitucional, intervindo de forma inexplicável na competência, nas coisas do interesse do Município. E nós, Ver. Pedro Américo Leal, nós, legisladores municipais, nós, municipalistas, não podemos permitir que haja uma intervenção com essas características bárbaras, uma verdadeira barbárie à legislação e à Constituição. Portanto, trata-se de um Projeto inconstitucional, no sentido da simples interpretação literal; não se trata nem de fazer aqui uma interpretação, mas, sim, simplesmente uma leitura da Constituição, que assegura ao Município a competência em matéria desta natureza. Portanto, a Câmara Federal acaba de intervir, evidentemente pelo projeto - não é lei, é bom que se diga -, em toda a municipalidade brasileira.

Então esta moção deve ser remetida também aos Legislativos Municipais de outras cidades, de resto, brasileiras para que chamemos a atenção para esta invasão da competência do Município. O Município já tem tão pequenas competências, que, como se não bastasse, vamos dizer assim, a exigüidade de competência que tem o Município, querem nos tirar essa. E o movimento se impõe por corresponder, efetivamente, à lisura no trato da questão constitucional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Eu quero participar à Casa que, no dia de hoje, o Prefeito João Verle encaminhou ao Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Ofício em que encaminha os documentos abaixo relacionados relativos ao ano de 2001: Relatório de atividades da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Balanço da Administração Centralizada, Balanço do DMAE, Balanço do DEMHAB, Balanço do DMLU, Balanço da FASC, Balanço da PROCEMPA, Balanço da Carris, Balanço da EPATUR. O Balanço da EPTC, esclarece, será encaminhado a esta Casa até o dia 19 do corrente, em virtude da não-realização da assembléia dos acionistas prevista para esta semana.

Os documentos já estão sobre a Mesa e os Srs. Vereadores que desejarem analisa-los poderão fazê-lo.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou recolocar desta tribuna algumas preocupações que foram trazidas por diversos Vereadores de várias Bancadas, que refletem, na verdade, uma preocupação de uma parcela significativa da nossa sociedade que tem procurado esta Casa, no sentido de que possamos dar mais visibilidade aos problemas, às questões referentes, fundamentalmente, à área da Segurança Pública. Eu não vou repetir aqui aquilo que já foi colocado a respeito do inexplicável crescimento dos níveis de violência, de assaltos, de seqüestros-relâmpago em relação aos moradores de Porto Alegre, uma situação de violência que tem, inclusive, modificado os hábitos das pessoas da nossa Cidade. Porto Alegre não é mais aquela Cidade onde as pessoas saiam de casa para estudar à noite ou voltavam para casa depois do trabalho sem que haja uma série de histórias de violência, sem que tenham que mudar os seus hábitos ou agradecer quando sobrevivem a uma situação de assalto ou de seqüestro. Esse crescimento já aterrorizava as pessoas, e o que tem sido ainda mais aterrorizante: a omissão da Secretaria de Justiça, que procura, por meio de um discurso generalista, se omitir da sua responsabilidade.

Nós tomamos conhecimento através de várias lideranças da Zona Norte, e o que foi também divulgado na imprensa nesse final de semana, é a instituição do chamado toque de recolher. O toque de recolher era aquela questão que ouvíamos falar que ocorria no Rio de Janeiro, em algumas regiões da cidade, onde o Estado perdeu a condição, os governos, através das suas instituições responsáveis pela segurança pública, haviam perdido a condição de administrar aquela região da cidade. Era o exemplo de vários morros do Rio de Janeiro, que inclusive hoje são administrados por diferentes grupos de traficantes, e isso se constitui numa notícia freqüente pelos meios de comunicação. Agora começamos a perceber que essa não é apenas uma realidade distante, de outras cidades. A falta de uma política pública efetiva na nossa Cidade tem feito com que esse tipo de procedimento comece a se instalar em Porto Alegre. Havíamos já conversado sobre essa triste realidade em relação às áreas da Restinga Velha, onde as pessoas têm muito medo de morar, e em alguns morros da Cidade, e agora o toque de recolher no Bairro Ruben Berta. Como se não bastasse a insegurança das famílias do Ruben Berta, a falta de solução dos seus problemas habitacionais, ainda têm de viver numa situação de absoluta insegurança quando saem às ruas, o que tem prejudicado o direito de ir e vir das pessoas, o que tem impedido as pessoas de trabalhar, as crianças de brincar nas ruas, os estudantes de irem às aulas noturnas naquela região da Cidade.

E, fundamentalmente em relação às crianças que têm de freqüentar as escolas, eu acho que não poderíamos deixar de falar, neste dia, de uma notícia divulgada hoje em todo o País, que são os dados de uma pesquisa da UNESCO, que comprovam que Porto Alegre é a cidade onde a juventude mais consome drogas no Brasil inteiro. A juventude porto-alegrense consome mais drogas pelos dados da UNESCO, mais do que a juventude do Rio de Janeiro. Hoje ao meio-dia eu vi uma reportagem impressionante na televisão, onde as câmeras, as equipes de TV mostravam, já vou concluir, Sr. Presidente, filmagens nas escolas de Porto Alegre onde as crianças vendem e compram drogas. Eu acho que a violência e as drogas são dois temas que andam juntos, são realmente grandes traumas da nossa sociedade, portanto, esta Casa tem que ter uma ação bem mais efetiva de cobrar da Prefeitura e do Governo do Estado a sua responsabilidade de garantir os direitos desses cidadãos. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Ver. Reginaldo Pujol, na Presidência dos trabalhos, nesta tarde, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha, aqui e pela TV Câmara. Primeiro, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, quero reiterar a proposta que estamos fazendo a todas as lideranças dos partidos. Que nós possamos fazer, Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, uma reunião de Mesa e Lideranças para discutirmos os vetos, limparmos a pauta e podermos, a partir daí, votar uma série de projetos importantes para o Legislativo, de iniciativa de Vereadores desta Casa e projetos de iniciativa do Executivo que têm urgência. Tem a questão, aqui - me olha o Ver. Beto Moesch -, dos biólogos, tem do concurso que cria cargos para o HPV, de enfermeiros, tem a pista de eventos, ou seja, tem urgências do Executivo, que na verdade não são do Executivo, mas interessam à população de Porto Alegre. Assim como tem projetos de Vereadores, sejam da situação ou da oposição, de iniciativa de Vereadores aqui, na Câmara, que também são importantes para a população que espera o nosso, no mínimo, debate profundo sobre esses assuntos. Então, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, estamos propondo, há duas semanas, que se faça essa reunião, e tenho conversado com o Ver. João Carlos Nedel, que também me acompanha, que se faça essa discussão e o acordo em torno de limpar a pauta com os vetos e assim podermos priorizar projetos importantes para este primeiro semestre.

Eu gostaria de falar um pouco de alguns dos assuntos que foram tratados nesta tribuna. O tempo é curto e os assuntos são muitos. Entre eles foi levantada a questão do caixa da Prefeitura, pelo Ver. João Antonio Dib. A Prefeitura de Porto Alegre tem orgulho - e isso é importante dizer para não invertermos os valores - de ser uma Prefeitura saneada, Ver. Juarez Pinheiro. Prefeitura saneada financeiramente é uma Prefeitura que consegue financiamentos para obras estruturais importantes para Porto Alegre, como o Projeto Entrada da Cidade, o Projeto Ponta da Cadeia, o que envolve a Cavalhada, o tratamento de esgoto que envolve, na entrada da Cidade, três mil e trezentas casas, que envolve a III Perimetral, exatamente porque temos uma Prefeitura saneada financeiramente. Nós temos caixa, e essa é uma exigência dos órgãos que fazem empréstimos para essas obras estruturais.

A Prefeitura investiu em média mais de 100 milhões por ano na Cidade. Isso significa que nesses doze anos foram mais de um bilhão em investimentos em Porto Alegre. Isso é bom, e não podemos inverter o valor do que ter um caixa zero ou sempre zerado ou sempre raspado. Obviamente que, no movimento desses financiamentos que a Prefeitura consegue, mantém-se um caixa mínimo, obviamente, que está sempre em movimento, dentro do financiamento, do pagamento de pessoal e tudo mais.

Nós temos também um projeto para a Restinga. O que está quebrado neste País é o parque industrial brasileiro, uma crise econômica que veio do modelo econômico adotado neste País e que tem quebrado indústrias e mais indústrias, empresas e mais empresas, microempresas e pequenas empresas por todo o País. Há um esforço contínuo e firme da Prefeitura de Porto Alegre para incentivar o pequeno e médio empresário ou produtor; isso envolve o Parque Industrial da Restinga. Isso demonstra na prática quando mandamos projetos que envolvem esse assunto.

Sobre a Previdência, houve a resposta do Ver. Estilac Xavier, que, de forma brilhante, colocou em conjunto com o Executivo ao memorial do Ver. Sebastião Melo, onde respondeu cada um dos itens que, segundo o Ver. Sebastião Melo, foram retirados do Projeto, Ver. Ervino Besson. Cada um dos itens levantados pelo memorial do Ver. Sebastião Melo estão respondidos nesse memorial de respostas. Pego o primeiro exemplo: “Fica eliminada a reversão; portanto, funcionário aposentado não poderá mais voltar à ativa.” Resposta: “Reversão prevista nos arts. 78 e 79 do Projeto do Executivo.” Então, aqui, o Ver. Sebastião Melo levanta cinqüenta pontos, e os cinqüenta pontos são respondidos.

Obviamente que não dá, neste tempo, para tratar de todos os assuntos. Mas gostaríamos de vir aqui para tratar da nossa segurança, que tem sido, em muitos casos, exemplo para o País. Remeto ao último acontecimento na Av. Osvaldo Aranha, e, na mesma Osvaldo Aranha, o do seqüestro da lotação, que acabou de forma não-violenta. Isso foi um exemplo para a segurança do País, diferentemente do que ocorre no Governo do Estado de São Paulo e da Bahia, por exemplo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de tratar sobre dois assuntos neste tempo de Líder, agradecendo ao Ver. Paulo Brum a possibilidade de usar este tempo em nome do PSDB. Embora não fosse o tema previsto para hoje, não posso deixar de dizer ao Vereador, Líder do PT, Marcelo Danéris, que, da parte do PSDB, temos absoluta disponibilidade para discutirmos a questão de organização da Ordem do Dia. Gostaria de, inclusive, lembrar, ao Ver. Marcelo Danéris que, quando presidi esta Casa, tive o hábito de, junto com a então Diretora Legislativa, que por um acaso é a mesma de hoje, a Dr.ª Ilse, fazermos uma Ordem do Dia por semana, ou seja, na sexta-feira, acertávamos com as Lideranças, antecipadamente, as votações de segunda, quarta e de sexta-feira, o que nos ajudava um pouco.

Por outro lado, quero deixar claro aqui que a questão dos vetos não é problema da oposição. A oposição já tomou uma decisão. Quem vem amarrando a discussão dos vetos, por temer a derrota, é o partido de V. Ex.ª, é o bloco de V. Ex.ª, é o PT e seus aliados. Veremos que estamos aqui há várias semanas com essas discussões, desnecessariamente, porque V. Ex.ª sabe qual será o resultado final. Claro que é manobra de Plenário, e nós entendemos que é legítima, não podemos condenar. Mas também não pode ser repassada para nós a culpa. Nós estamos dentro da nossa função, como V. Ex.ª e seus aliados. Agora, não repasse para nós a responsabilidade da amarração das Sessões com relação aos vetos. Os vetos estão sendo amarrados pela situação, não pela oposição.

Por fim, Ver. Marcelo Danéris, quero registrar uma coisa que eu acho que é difícil a gente administrar. É o fato de, por exemplo, hoje estar marcada uma reunião do OP aqui neste Plenário para as 18h, quando às 18h nós estamos em Sessão, quando às 19h nós podemos estar em Sessão, Ver. Zé Valdir. V. Ex.ª sabe que, eventualmente, se nós continuarmos a votação, isso cria um acirramento de ânimos, porque aí começa a haver pressão sobre a Casa, começa a haver um desrespeito sobre a Casa. É como se fosse “vamos acabar de qualquer maneira, porque tem uma coisa mais importante lá fora”. Não, o mais importante é o nosso trabalho aqui e, nós sabemos que ele pode acontecer até às 18h, às 18h30min, com mais uma prorrogação de duas horas. Isso tem de ser previsto e respeitado, sobretudo pela bancada da situação.

Dito isto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores – e com isto eu quero deixar clara, Ver. Marcelo Danéris, a posição do PSDB: nós aceitamos, sim, discutir uma montagem de pauta, uma montagem de Ordem do Dia que nos facilite o andamento, que não faça com que a cada Sessão tenhamos de improvisar isso -, realmente, acho que podemos acertar isso, sem nenhum problema; quer dizer, fazermos a discussão prévia e daí virmos com isso aqui pronto, é o que o Ver. João Antonio Dib muitas vezes tem cobrado de nós.

Eu queria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito especialmente os espectadores que nos acompanham na Sessão de hoje, verbalizar aqui o que fiquei remoendo neste final de semana, ao assistir ao noticiário de televisão sobre a Venezuela: o golpe sobre o Presidente Chávez. Aí saiu-se da extrema esquerda para a extrema direita e daí se retornou à situação, do ex-Presidente deposto, que voltou a ser Presidente e vai por aí afora.

Eu fiquei pensando em duas situações básicas. Não vou aprofundar, porque quem acompanha a Sessão da Câmara é suficientemente inteligente e sensível para entender claramente o que eu quero trazer aqui à avaliação da opinião pública. De um lado, quero lembrar que, de um modo geral, a América do Sul tem quatro grandes democracias: Argentina, Brasil, Chile e Venezuela. E não estou aqui fazendo hierarquia, estou apenas mencionando rapidamente. O Chile tem mantido uma estabilidade razoável; nós vimos a Argentina enfrentar problemas graves, que resultaram inclusive na renúncia de um Presidente da República; e agora assistimos a essa situação lamentável da Venezuela. Na situação de crise econômica, o Brasil passou ao largo e, mesmo com as relações diretas com a Argentina, o Brasil tem sobrevivido, tem-se mantido estável. Ponto para a política econômica e financeira brasileira! Nas questões políticas, nós temos visto que o Brasil tem ido muito bem, obrigado. Temos situação, temos oposição, temos crises, temos críticas, mas temos sobretudo um governo estabilizado e uma democracia que cada vez mais se afirma neste País. Ponto para o Brasil, e diria, muito especialmente, ponto para a Administração Fernando Henrique Cardoso.

Na conclusão, quero deixar uma pergunta: fiquei imaginando, ao ver o noticiário sobre a Venezuela, sobretudo nos canais fechados, se não é importante nós pensarmos se essa situação da Venezuela, com um Presidente eleito legalmente, que tem que ser mantido no poder, mas que apresenta, por sua radicalidade, uma espécie de ruptura em relação a um consenso nacional, não é também um risco que o Brasil pode vir a viver com a eleição de Lula para a Presidência da República. Será que a Venezuela de hoje não antecipa a situação do Brasil com a eleição de Lula, partindo para a radicalização de algumas situações, como as que temos assistido aqui no Rio Grande do Sul, de desrespeito absoluto pela ordem constitucional, pela ordem jurídica? E aí então, sim, o outro lado, radical, também rompendo com a ordem constitucional. Não ganha nem um lado nem o outro. Perde a cidadania, perde a democracia.

É essa a questão da qual queria fazer o registro, dizendo que, realmente, parece que o Brasil joga uma decisão muito importante no final deste ano. E, quem sabe lá, a Argentina de um lado e a Venezuela de outro estão-nos fazendo alguns sinais de alerta sobre a importância da decisão que vamos tomar no próximo dia 3 de outubro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2141/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 129/01, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que isenta os proprietários ou locatários residenciais do pagamento de tarifa dos serviços de estacionamento rotativo (Área Azul) nas vias públicas do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- Por resultar empatado, deixa de constar o Parecer da CCJ, nos termos do art. 54, § 1º, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal o PLL n.º 129/01, com Veto Total. O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu fico constrangido de encaminhar esse Projeto. V. Ex.ªs me respondam: o que fariam V. Ex.as se tivessem um pai, um parente ou se fossem proprietários de um apartamento no Centro da Cidade em edifício antigo que não tivesse garagem e, repentinamente, por uma diabrura da Prefeitura, fossem obrigados a pagar o parquímetro diariamente? Diariamente! Estou dizendo: todos os dias. Por quê? Porque o indivíduo não tem garagem, porque não fizeram no edifício dele garagem, nos tempos idos de Porto Alegre dos gaiteiros, de Porto Alegre das poesias, da Rua da Praia. Agora, esse indivíduo que tem esse apartamento é obrigado a fazer diabruras; ele levanta antes das 7h - passaram agora para às 8h, melhorou um pouco, segundo notícias do jornal. Parece que eles precisaram ir a Barcelona e a Paris, conforme notícia estampada no Correio do Povo, para terem essa inspiração de aliviarem a carga que eles colocam nesse pobre proprietário do apartamento, que é modesto. Claro que é modesto! São edifícios antigos! Não são edifícios de magnatas. Eles passaram para 0,25 centavos. O horário em que o indivíduo chega é às 12h e está para sair às 14h, e ele paga para estacionar e poder almoçar só 0,25 centavos!

Meus senhores, meus Vereadores, não fui procurado por ninguém e também ninguém me agradeceu. Nada de mais nisso! Eu me coloquei no lugar desse pobre proprietário que possui um apartamento e que sofre o suplício de levantar às 7h da manhã e de ter de pagar os 0,25 centavos. Mas por que o Prefeito faz isso? É preciso arrecadar? A Prefeitura está tão bem de dinheiro! Eu sempre pergunto ao meu consultor financeiro, Ver. João Antonio Dib, como está a Prefeitura, e ele responde: “Está muito bem!” Ele me diz que está muito bem. A Porto Alegre que sujeita esses proprietários ao suplício de ter de correr, de pagar, de completar, no parquímetro, a todo momento, uma importância que é ínfima, é claro, mas que é uma despesa. Coloquem-se no lugar desse pobre indivíduo para votar esse Projeto.

Eu repito: ninguém me procurou, nem para fazer o Projeto nem para agradecer, ninguém me telefonou. Então, estou aqui defendendo uma família que não conheço, mas que, na verdade, deposita em nós certa confiança para deter a voracidade da Prefeitura. Ora, meus senhores!

Ah, mas a Prefeitura poderia abrir mão! Que beleza a Cidade livre de parquímetros, completamente livre, sem que tenha essa injunção, essa obrigação de ter de estacionar aqui ou ali, colocar o cartão e, se não colocar, vai ser multado. Para que isso? Para que o progresso? O progresso que virou um suplício. Estou encaminhando este Projeto e sei que V. Ex.ªs vão levar em conta isso, mas repito, não porque me queira exaltar, ninguém me procurou nem para agradecer pelo Projeto que fiz. Não tem importância, mas, de qualquer maneira, fiz o que devia. V. Ex.ªs façam aquilo que for o mais acertado.

O PT, sei perfeitamente que é difícil a situação dos senhores, é dificílima, porque esse Projeto é a favor do bom senso de V. Ex.ªs. Vão ficar constrangidos, mal-humorados, pois é um voto difícil de consumar. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Pedro Américo Leal, com a sua inteligência sempre presente, procurou também com o seu dom de oratória chamar atenção para os méritos de seu projeto, que nós também reconhecemos, parcialmente.

Ver. Pedro Américo Leal, V. Ex.ª, na discussão dessa matéria, colocou-a em outro patamar. V. Ex.ª não tinha dito e não tinha proferido palavras contrárias à implantação desse instrumento - os parquímetros -, que hoje é utilizado nas principais capitais do País, do mundo, principalmente na Europa.

A instalação desses equipamentos é uma questão de cogência, de obrigação do poder público, porque, hoje, o acesso a determinadas áreas, tendo em vista o grande número de veículos, por uma conjuntura derivada do processo neoliberal, é um valor social de grande importância para as pessoas e para o desenvolvimento também do comércio no Centro da Cidade, fora da Cidade e em alguns bairros em nossa Cidade, como no caso do Bom Fim, da Azenha e da Assis Brasil.

A rua, Ver. Pedro Américo Leal, é distinguida, pelo Código Civil, como um bem público de uso comum do povo. Ou seja, a rua não é de uma pessoa, a rua é de todos. E não é possível - e deveria haver o princípio da igualdade – que uma pessoa, por morar num prédio de apartamentos, que não tenha garagens, por esse motivo, por essa distorção, tenha prioritariamente o direito de ocupar uma área que é de todos, de forma exclusiva.

Agora, V. Ex.ª levanta questões que nós reconhecemos, e entendemos que, neste caso - porque essas pessoas moram em prédios antigos, que não possuíam, quando construídos, essa situação do mundo de hoje -, seja feita uma mediação. E essa mediação, Ver. Pedro Américo Leal, se encontra, inclusive hoje, nos jornais da nossa Cidade. Ou seja, essas pessoas precisam ser avaliadas, mas também não podemos prejudicar toda a coletividade. Porque, se alguém colocar o seu veículo em frente a um pequeno comércio, estará prejudicando aquele comerciante, estará prejudicando todas as pessoas que quiserem acessar esse equipamento. Estaremos fazendo com que a Cidade, Ver. Pedro Américo Leal, fique centralizada, e até aqueles dispositivos do Plano Diretor que objetivam a descentralização não sejam aplicados. Neste caso, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, entendemos que a posição deva ser eqüidistante, contemplando a questão fundamental que é o fundamento de que a rua é de todos, não é garagem de ninguém, mas propiciando que os moradores também sejam vistos de uma forma diferenciada, que haja um desconto. Porque se não houver, Vereador, vão deixar o carro o tempo todo lá, porque não há uma punição, Ver. Pedro Américo Leal! Isso não visa ao interesse público. O interesse público é que essas áreas se desenvolvam e que todos possam acessá-las, porque há uma grande procura e os espaços são poucos. E o projeto de V. Ex.ª, com toda a sua preocupação com essas pessoas, na verdade, vai contra o interesse de uma coletividade maior, coloca o interesse de uma pessoa acima dos interesses gerais da coletividade. Mas nós entendemos, Vereador, que a posição intermediária, de um desconto no pagamento do período que ali permanecer, é a posição eqüidistante, adequada, que contempla alguns conceitos por V. Ex.ª emitidos, mas que não “desnatura” esse instrumento, não prejudica o pequeno comércio, não prejudica a descentralização da Cidade e assim coaduna os diversos interesses em jogo.

Nós entendemos, sim, Ver. Pedro Américo Leal, que essa posição, que hoje se encontra, inclusive no Correio do Povo - que vigorará, a partir de maio, um desconto para quem coloque o seu veículo em frente a sua residência, em uma Área Azul -, é a melhor posição, e aqui deveria ser considerada pelos Srs. Vereadores. De qualquer forma, nós entendemos a sua intenção, mas divergimos da sua base filosófica, ou seja, a rua não é do Prefeito, como disse V. Ex.ª um outro dia; a rua é de todos, e todos devem ter acesso aos bens públicos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Antes de passar a palavra ao próximo orador, quero comunicar às Sr.ªs Vereadoras e aos Srs. Vereadores que recebemos um convite da União de Vereadores do Rio Grande do Sul para todos os Vereadores participarem da Mobilização pela Paz e Cidadania, que acontecerá no próximo dia 17 de abril, às 17h, na Praça da Matriz.

Sintam-se convidados para participar desse evento promovido pela UVERGS, AGM, FAMURS e uma série de entidades da sociedade civil.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Com relação à informação que V. Ex.ª acaba de transferir à Casa, entendo que a relevância do ato que se irá realizar justificaria que levantássemos os trabalhos na ocasião e fôssemos incorporados até a Praça da Matriz para apoiar as várias entidades envolvidas nesse assunto.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Reginaldo Pujol, em face de uma série de questões importantes que esta Presidência e a Mesa tem a tratar com os Srs. Líderes de Bancada, nós estamos convidando todas as Lideranças para uma reunião na próxima quarta-feira pela manhã. Incluiremos na pauta dessa reunião a proposta que o Ver. Reginaldo Pujol está fazendo.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, o meu amigo Reginaldo Pujol vai ser o eterno Líder do PFL, porque, afinal de contas, ele é realmente a maior figura que temos em Porto Alegre representando os liberais. Vim rapidamente aqui fazer esse encaminhamento. Ver. Pedro Américo Leal, vamos discutir hoje, aqui, as razões do Veto. Não estou mais discutindo o Projeto de V. Ex.ª, porque esse já foi aprovado por este Plenário, que se transformou em um texto que foi enviado ao Sr. Prefeito Municipal. Então, hoje o que se discute são as razões do Veto, em que o Sr. Prefeito Municipal, infelizmente, para nós nesta Casa e deste Município, andou muito mal, porque ele fez uma confusão muito grande entre o que é um preço público e o que é um imposto, uma taxa, um tributo. E por fazer essa confusão, ao fazer a análise, ele acabou dizendo, num dos textos principais dos seus argumentos, que o benefício proposto é de natureza tributária, está em desacordo com os requisitos constantes no art. 14 da Lei Complementar Federal n.º 101, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quando é que temos uma tarifa cobrada por um serviço prestado nas ruas da Cidade, de natureza tributária? Não pode. E como isso vai afetar a Lei de Responsabilidade Fiscal? Também não afeta a Lei de Responsabilidade Fiscal, não está enquadrado nisso. Ora, se o Prefeito errou nas razões do veto, se ele se equivocou, se ele está mal assessorado e por isso ele cometeu esse vexame de chamar tarifa de tributo, acredito que nós não temos outra coisa a fazer, hoje, aqui, a não ser votar contra as razões do Veto, porque acredito que seria ruim para nós, inclusive um Vereador da categoria profissional e jurídica do Ver. Juarez Pinheiro, votarmos acolhendo esse Veto e dizendo que o que o Prefeito disse aqui é correto, eu não acredito que o Ver. Juarez Pinheiro vá fazer isso. Vai dizer que o Prefeito aqui fundamentou nas suas razões de Veto, ele concorda. Tenho certeza que o Ver. Juarez Pinheiro não concorda, como outros Vereadores aqui da bancada petista, que também são Vereadores que têm um bom conhecimento jurídico. Não acredito que esses Vereadores concordem com as razões de veto apostas aqui pelo Sr. Prefeito Municipal. Por isso, eu tenho certeza de que não apenas a oposição vai derrubar esse Veto pela fundamentação colocada pelo Sr. Prefeito Municipal, como até acredito que alguns Vereadores petistas não vão ter coragem de votar dando razão para o Prefeito nas razões que ele coloca para fundamentar esse Veto aposto ao Projeto do Ver. Pedro Américo Leal. Portanto, não resta muita coisa a fazer aqui neste Plenário, com relação a esse Projeto, a não ser derrubar o Veto, porque, afinal de contas, é vergonhoso o tipo de fundamentação que veio para embasar esse Veto contrário ao Projeto do Ver. Pedro Américo Leal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto do Ver. Pedro Américo Leal, que foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal, Veto Total, é claro e está dentro daquilo que entendemos como as prerrogativas inerentes ao exercício do mandato popular. Vejam o que diz o Projeto do Ver. Pedro Américo Leal: (Lê.) “Ficam os proprietários ou locatários residenciais isentos do pagamento da tarifa do serviço de estacionamento rotativo, área azul, nas vias públicas localizadas em frente ao respectivo imóvel. Os proprietários, ou locatários, receberão do Poder Executivo Municipal, através do seu órgão competente, um cartão de isenção, mediante a apresentação de Certidão de Registro de Imóvel, ou do contrato de locação.” É simples, de uma clareza cristalina.

Vejam o que diz o Veto do Prefeito. “Em que pese o mérito da matéria, deve o presente Projeto ser vetado tendo em vista a sua inconstitucionalidade por ferir o princípio de independência e harmonia entre os Poderes.” Vejam V. Ex.ªs a razão. Houve a implantação do sistema que já deveria, necessariamente, ter passado pela Câmara de Vereadores, e não passou. O que pretendem? E aí a importância do Legislativo, de nós valorizarmos as prerrogativas do Poder Legislativo. O Vereador sentiu o cotidiano das dificuldades do morador, que de repente teve a sua condição violada pelo arbítrio do Poder Público Municipal, que, simplesmente, de um dia para o outro, fez essa implantação na frente de sua residência, o parquímetro.

Não estamos tratando de área de grande fluxo viário, áreas comerciais, não. Estamos tratando da implantação nas áreas residenciais. É muito curioso, eu já fiz essa denúncia aqui, tem uma região onde colocaram só parcialmente o parquímetro, em torno do Parque Moinhos de Ventos, não colocaram o parquímetro na totalidade, eu não sei por quê. Será porque na época da eleição, ali tinha uma repartição pública e todos ali estavam com decalco do PT, próximo, ali na Rua Comendador Caminha, e essa rua ficou excluída do parquímetro, ela indo só até o Largo José Antonio Daut? Por quê? Quando precisa exatamente a rotatividade em função dos próprios usuários do parque. Vejam a curiosidade dessa situação, já sei que fica sempre sem resposta do Poder Executivo. Agora, a idéia é tão boa que para concorrer com a iniciativa do Vereador a EPTC já largou uma idéia meio parecida com isso, falta humildade, falta sensibilidade do Poder, que não quer reconhecer, primeiro, as prerrogativas do Parlamentar, do Vereador, na elaboração de idéias como essa. Em segundo lugar, larga e antecipa-se, porque já sabe que o Veto vai ser derrubado, fazendo uma idéia meia-sola do Projeto do Ver. Pedro Américo Leal. Esta Casa deve ter a sensibilidade de derrubar o Veto do Sr. Prefeito ao Projeto do Ver. Pedro Américo Leal.

Eu não sei como vai votar a bancada petista aqui. Eu acredito até que a sensibilidade poderia fazer com que deixassem a questão aberta em relação a esta importante matéria. Mas, vejam, até com V. Ex.ª, Ver. Pedro Américo Leal, que, se não é um decano, é uma das mais representativas figuras, com uma larga folha de serviço prestado à Cidade, ao Estado e, no entanto, lhe subtraem a idéia, querendo minimizar o papel do Parlamentar. E V. Ex.ª, Vereador, de vez em quando, até fica aí fazendo umas alianças – eu sei que é em benefício da Cidade – com o Partido dos Trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, peço desculpas por atrapalhar a reunião da Bancada do PT, no Plenário da Casa, paralela à nossa reunião, mas vou fazer o encaminhamento da questão.

Lamento a pobreza, a miséria da justificativa do Veto apresentado pelo Sr. Prefeito Municipal em vir dizer que isso fere, é inconstitucional, fere constitucionalidade, porque há separação de Poderes, e esta Casa não tem poder para isso. Mas, meu Deus, que falta de criatividade, é não ter mais nada para dizer. Realmente, isso é lamentável, não condiz sobretudo... Eu confesso que me sentiria envergonhado se fosse o Prefeito Tarso Genro, advogado, por ter de assinar um Veto desse tipo, ou então não leria, exatamente, Ver. João Antonio Dib, para dar um atestado de ignorância desse tipo, que não é do nível do Prefeito Tarso Genro. Por outro lado, Sr. Presidente, eu quero justificar muito claramente por que votei antes a favor do Projeto, porque vou repetir o meu voto agora, portanto, derrubando o Veto.

Primeiro lugar: direito adquirido. As pessoas que foram morar nessas regiões, quando tiveram autorizadas as suas construções, casas unifamiliares ou prédios pelo Plano Diretor, de uma certa maneira, adquiriram também o direito de, eventualmente, deixar o carro na rua, porque não havia garagem. E se isso foi aprovado na hora da construção, na hora do habite-se, na hora da licença, é direito adquirido, não tem como voltar para trás. Isso é líquido e certo, isso é primário.

Segundo lugar, porque, Ver. Pedro Américo Leal, a mim me preocupa, sobretudo em horários da noite, mas a estas alturas, já hoje em dia, durante os horários do dia também, uma questão de segurança. Se alguém que mora nessas regiões tiver que estacionar nas poucas garagens coletivas que existem e depois transitar várias quadras até chegar na sua casa, na verdade está correndo risco. Eu penso em ruas como a Carlos Chagas, que é tão maravilhosa do ponto de vista da arborização, mas que por ser arborizada também é uma rua de risco, porque, pela sombra da árvore, a gente pode de repente ser assaltado. Então, evidentemente, podendo deixar o carro próximo a sua casa, você garante, ou diminui o risco e garante um mínimo de tranqüilidade. Então estes são dois motivos muito simples, muito tranqüilos, muito objetivos, que justificam a derrubada do Veto, e mais, Sr. Presidente, não precisa ser dito. É esta a posição do PSDB. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 129/01, com Veto Total.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero, inclusive, cumprimentar a Bancada do PT que, em vez de acompanhar a Sessão Plenária, faz uma reunião paralela dentro do Plenário da Câmara. Acho que é uma inversão das prioridades e responsabilidades políticas e queria dizer para as Sr.ªs e Srs. Vereadores e à população que aqui nos acompanha que fizemos questão de discutir este Projeto de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que trata exclusivamente de isentar as pessoas que são moradoras de uma rua desta Cidade, que são surpreendidos com a instalação de parquímetros nas suas portas. Eu acho que a discussão aqui não se trata, e o Projeto do Vereador não se refere a isso, de ser contra ou a favor dos parquímetros. Eu acho que essa é uma outra discussão. O que nós estamos discutindo aqui é o direito da pessoa, do cidadão que paga seus impostos, que tem o seu automóvel, que quer parar o seu automóvel diante da sua casa e que se vê, de repente, surpreendido por um equipamento instalado pelo Poder Público, que lhe onera. Eu me pergunto se alguma vez fez parte das reuniões do Orçamento Participativo essa discussão, da pessoa querer ou não querer na porta da sua casa um parquímetro que ela tenha de pagar sistematicamente?

Eu acho que o Ver. Antonio Hohlfeldt incorporou um outro debate a essa discussão, que é extremamente importante. Você pára o carro na porta da sua casa, para descer do carro até a porta do seu edifício, você já passa por uma situação de insegurança - tendo em vista a enorme quantidade de assaltos que acontecem exatamente na porta do edifício -, aí, um belo dia, a Prefeitura instala parquímetros na porta da sua casa; você tem de pagar uma garagem privada para estacionar seu carro, tem de caminhar nessa rua, em geral à noite, quando chega do trabalho, se expondo, portanto, a um maior risco de assalto ou de seqüestro relâmpago, ou então você entra em casa e, de meia em meia hora, você sai de dentro da casa para colocar a tal da moedinha no parquímetro. Eu acho que essa fúria tributária da Prefeitura de Porto Alegre foi o que regeu essa decisão do então Prefeito Tarso Genro de vetar um projeto de lei com essa concepção, que, na verdade, garante ao habitante da Cidade um direito que ele já tinha anteriormente à decisão arbitrária do Executivo, porque é uma decisão da qual ele não tomou parte. Então, eu acho que esse é um Projeto extremamente simples, pontual, que atende a uma necessidade de um morador, anterior aos parquímetros, e que, na verdade, corresponde à vontade de uma parcela significativa da população.

Eu havia apresentado à Câmara um projeto absolutamente igual ao Projeto do Ver. Pedro Américo Leal, eu desconhecia o Projeto do Vereador, ele desconhecia o meu Projeto, quando fui informada de que o Vereador já havia entrado com esse Projeto, que eu achei extremamente importante. E o fato de mais de um Vereador tratar dessa questão, creio que é um indicativo de que a comunidade tem procurado vários Vereadores, várias Bancadas, porque se sente prejudicada, penalizada por uma decisão da Prefeitura de Porto Alegre, uma decisão da qual ela não foi partícipe, uma decisão a qual ela não discutiu, e não foi sequer ouvida, antes que a Prefeitura tomasse essa decisão.

Nós temos que reafirmar que não somos contra os parquímetros, mas somos contra o tipo de política que foi implantada em Porto Alegre através desses parquímetros. Inclusive, sobre isso, temos um outro Projeto de Lei de minha autoria que trata da questão dos trocos, com relação aos parquímetros. Eu penso que, quando o Poder Público faz uma ação de modernização, essa deve ser uma ação no sentido de melhorar a vida do cidadão, ou seja, uma ação para melhorar o trânsito, uma ação para melhorar o direito de parar os seus carros na frente do médico, do local de trabalho, das escolas, e a decisão da EPTC foi uma decisão, evidentemente, para penalizar o usuário, uma decisão arbitrária, que não corresponde à vontade dos porto-alegrenses.

Fico-me perguntando se o Veto do Sr. Prefeito não foi o Veto dado pelo fato de o Projeto ser um Projeto apresentado por um Vereador de oposição ao partido do Governo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação o PLL n.º 129/01. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 22 votos SIM, 10 votos NÃO, com Declaração de Voto do Ver. Estilac Xavier.

“Declaração de Voto

Voto contra o Projeto e pela manutenção do Veto, porque o mesmo tem vício de iniciativa, entrando em prerrogativas do Executivo Municipal. A matéria tem mérito, no entanto, o Município, através da EPTC, toma medidas administrativas para atender à preocupação expressa pelo Projeto do nobre Ver. Pedro Américo Leal. O Correio do Povo, na edição de hoje, 15 de abril, anuncia medidas beneficiando os moradores sem garagem em áreas de parquímetros, e é possível que se tomem medidas mais profundas a depender de estudos. É o nosso voto. Sala de Sessões, 15 de abril de 2002.

(a) Ver. Estilac Xavier”.

 

Fica, portanto, rejeitado o Veto.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2599/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 175/01, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que denomina Rua Vitória-Régia um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Coronel Aparício Borges.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o PLL n.º 175/01, com Veto Total. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, evidentemente estou encaminhando no sentido de que se aceite o presente Veto, que decorre de erro e da indução a erro feita a este Vereador e a outros Vereadores por parte da Administração Municipal que tem um serviço extremamente precário, o que não acontecia no passado.

Nós temos por norma e hábito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando pretendemos denominar um logradouro público, através de ofício, pedir um croqui à Secretaria de Planejamento. Tão logo a Secretaria de Planejamento nos remete o referido croqui, nós juntamos o abaixo-firmado dos moradores para denominar a referida rua. Pois bem, nós temos aqui, no Processo, o croqui informado pela Unidade de Registro e Processamento da Secretaria de Planejamento. A partir daí, iniciamos o Processo e solicitamos, através do Projeto, ao Plenário, sua aprovação, com o abaixo-firmado. Pois bem, o Prefeito veta e traz as razões do seu Veto, dizendo que já existe uma praça com o referido nome, Praça Vitória Régia. Evidentemente que existe. Vejam a desorganização da Prefeitura de Porto Alegre, é uma coisa incrível! Isso está acontecendo comigo, já aconteceu com vários Vereadores! Há essa desmontagem, essa verdadeira anarquia que existe na Prefeitura e que não acontecia no passado. Pois o órgão que informa este Vereador para que ele dê o nome de rua é o mesmo órgão que informa o Prefeito para ele vete porque já existe uma praça com o mesmo nome ou uma rua com o mesmo nome. Então, é lamentável que ocorrências dessa natureza continuem ocorrendo por uma total desorganização da Prefeitura de Porto Alegre. Isso ocasiona uma insegurança aos atos praticados pela Secretaria Municipal de Planejamento. É um perigo trabalhar sobre dados fornecidos pela Secretaria de Planejamento, porque, vez por outra, nos dão certidões falsas. Isso é uma certidão falsa! Induziu-me ao erro, e eu levei a Casa ao erro, o Plenário, quando tramitou o referido o Processo.

Nós já discutimos na Comissão de Constituição e Justiça essa matéria, para ver se pomos um fim a isso. Num determinado momento, veio o Secretário de Planejamento à Casa, mas a Secretaria Municipal de Planejamento possui um banco de dados que informou a este Vereador que poderia conceder, na medida em que lhe deu o croqui. Só que, num segundo momento, informa o Prefeito que já tem uma praça com esse nome, para que o Prefeito vete de forma correta, porque existe uma praça com o nome de Vitória-Régia no Bairro São Sebastião. Então, fui induzido ao erro, pela SPM, levei o Plenário ao erro, e agora não temos outra alternativa senão aceitar o referido Veto. Por isso, estamos encaminhando favoravelmente ao Veto, porque não tem outra alternativa; já existe uma praça, e a lei proíbe terminantemente a duplicidade de nomes, porque geraria uma confusão na Cidade: praça, rua, rua, praça, enfim. Portanto, fica aqui a nossa manifestação para novamente criticar, com a veemência que se impõe, a Secretaria Municipal de Planejamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o PLL nº 175/01, com Veto Total.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, nós estamos discutindo o Veto Total ao Projeto de Lei do Legislativo, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que denomina Rua Vitória-Régia um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Cel. Aparício Borges. O Ver. Elói Guimarães, quando apresentou este Projeto, tomou todas as providências burocráticas que de há muito são exigidas nesta Casa e que mais recentemente são exigidas em dobro, por inovações que foram feitas, contra a minha opinião, aqui na Casa. Inovações essas que transformaram esta Casa e os Vereadores em reféns da Secretaria de Planejamento do Município, porque nós não podemos entrar com um Projeto de Lei antes de recebermos a chancela da Secretaria do Planejamento, que manda um croqui, que é uma exigência instituída agora na legislação municipal; foi colocada essa exigência para purificar o Projeto, e o Ver. Elói Guimarães cumpriu todas essas performances. Cumpriu integralmente, trouxe uma lista, um abaixo-assinado assinado por cerca de trinta moradores daquela rua não-denominada, lá na linha de tiro federal, e diligenciou, junto à Secretaria Municipal de Planejamento, num cadastro, no croqui, e recebeu a documentação, está aqui assinalado com cores o logradouro não-cadastrado, está aqui tudo assinalado. Por que tudo isso acontece? Porque se colocou uma série de exigências burocráticas e porque esse tal de banco de dados não funciona.

Há um tempo, havia somente uma pessoa na Secretaria do Planejamento, que conhecia todos os Vereadores da Casa, e quando alguém pensava em prestar uma homenagem a alguém a gente ia lá, conversava com ele, uma hora depois sabíamos qual era o lugar da rua, escolhíamos numa relação de duzentos, trezentos locais disponíveis, e fazia-se o projeto e dava tudo certinho.

Aí, começaram a meter toda essa burocracia, toda essa série de regramentos que tem sobre o assunto, para, ao final, termos um veto absolutamente plausível, sob o aspecto técnico, já que a lei não permite que se denomine, com o mesmo nome, dois logradouros distintos, simultaneamente, na Cidade, e, com isso, não tem outro caminho senão vetar o projeto de lei. Fui relator da matéria, quando a mesma transitou na Casa. A nossa douta Procuradoria diz que “nada há a opor sob o aspecto jurídico, salvo melhor juízo”. Não tenho melhor juízo que a Procuradoria nesse particular. Olhei todo Projeto, recomendei sua aprovação. Qual não é a minha surpresa que, passado todo esse tempo, sou compelido a relatar o Veto do Sr. Prefeito Municipal, em face das razões que já foram comentadas aqui da tribuna.

Dizem as razões do Veto: “O projeto de Lei em tela encontra óbice legal frente às disposições prescritas no art. 4.º da Lei Complementar n.º 320, de 2 de maio de 1994, que dispõe sobre a denominação de logradouros públicos e proíbe a duplicidade de logradouros ou equipamentos públicos com a mesma denominação, inclusive quando pertencentes a categorias diferentes sob pena de nulidade do ato.” Então, o ato foi nulo, Ver. Elói Guimarães, e V. Ex.ª foi lá e festejou com a comunidade que, finalmente, iria ter um nome para a sua rua, que é uma rua sem nome, e a comunidade se frustra, porque o Projeto vai resultar nulo. V. Ex.ª, acredito, já esteja até providenciando uma nova denominação para aquela artéria daquele bairro. Por isso, Sr. Presidente, eu quero com toda a sinceridade dizer o seguinte: eu não posso votar pelo acolhimento do Veto, porque seria chancelar essa burocracia absolutamente incompetente que nós da Câmara Municipal chancelamos e robustecemos; ela está robusta mais do que nunca, porque nós aqui queremos, e eu, quando digo nós, me incluo no conjunto, porque, derrotado, tenho de me submeter à vontade da maioria. Não posso convalidar essa burocracia equivocada, nem tampouco posso ir contra a Lei. Vou, simplesmente, me abster de votar nesse Projeto pelas razões que já coloquei da tribuna. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 175/01, com Veto Total.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós queremos pedir desculpas por esse imprevisto, Ver. Elói Guimarães. Já aconteceu comigo da mesma forma, sei que é uma situação extremamente constrangedora. No caso, inclusive foi o nome de uma pessoa, de um líder sindical da nossa Cidade. Isso causa transtornos, causa dor de cabeça, e diria até que causa aborrecimentos, mas nós humanos não somos perfeitos, cometemos equívocos. Depois de isso ter acontecido duas vezes anteriormente, já conversamos com a Administração. Há medidas tomadas para isso não voltar a acontecer, porque de fato é um grande transtorno. Então, Ver. Elói Guimarães, em nome da nossa Bancada, peço escusas, porque aqui representamos o nosso Governo, e, evidentemente, vamos manter o Veto, porque não pode haver duplicidade de nomes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação o PLL n.º 175/01. (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 01 voto SIM, 29 votos NÃO, 01 ABSTENÇÃO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3035/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 207/01, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que autoriza o médico socorrista a internar, na rede privada de hospitais, o paciente em estado grave que não tiver obtido leito na rede pública.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o PLL n.º 207/01, com Veto Total. O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos frente a uma discussão que se inicia de grande importância para o usuário do SUS, portanto do povo de Porto Alegre e do povo do Rio Grande do Sul.

Para reflexão dos senhores, algumas coisas devem ser ditas: por exemplo, que nos leitos hospitalares do SUS 40% das vagas são destinadas para o interior e 60%, 58% para a Capital; que há vinte e cinco anos não se inaugura um hospital geral na cidade de Porto Alegre. Ainda há pouco, o Deputado Henrique Fontana me dizia: “Mas não precisamos de hospitais em Porto Alegre, Ver. Dr. Goulart, precisam-se disponibilizar leitos.” Pode até ser verdade, mas aqui dentro do Município, quem trabalha no Município, quem atende na ponta, quem é membro da COSMAM sabe o quanto as pessoas esperam por uma vaga em hospital. E quando isso for grave? Como resolver? Não dá para esperar.

O que diz a lei nacional do SUS? Que quando não existir serviço adequado dentro do serviço da rede pública pode ser alocado em hospitais ou em serviços particulares. Isso está na Constituição.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, quero parabenizar V. Ex.ª, que tem-se destacado como uma pessoa que aprofunda, em cima de sua bagagem e da sua experiência pessoal, e tem trazido importantes e decisivas contribuições para esta Casa na área da saúde. Agora, eu não sou membro da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa, mas tenho consciência do drama e da verdadeira tragédia de conseguir-se um leito hospitalar. É conhecer um pouco das filas e dos corredores dos hospitais onde assiste-se a tragédias da expectativa por leitos hospitalares. Não há condições de ter leitos sem hospitais. Podem-se fazer anexos, não é? Mas, V. Ex.ª aponta um caminho, uma solução a qual não é do interesse do Governo sancionar, porque ele vai ter que assumir essa responsabilidade de buscar os leitos na rede privada.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado pela contribuição. Então, existe uma saída. Não há necessidade de se construir hospitais, já que a rede pública não tem conseguido planejar a reativação ou ativação de leitos que existem nos andares dos hospitais que estão fechados. Existem hospitais que estão plenamente funcionando na cidade de Porto Alegre. E quem são? Os hospitais bem equipados, os hospitais privados, os hospitais que ganham bastante com o seu encaminhamento na filantropia. Mas o que é que fazem esses hospitais privados? Eles atendem no litoral, eles atendem em outra cidade, eles botam ônibus no Morro da Cruz, sem resolutividade! Jamais um hospital privado dedica um pouquinho para a rede pública, o que é um dever de todos nós! Porque o dever é do Governo, mas é da sociedade, também! Então, usando esse aspecto da filantropia...

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Dr. Goulart, eu já vou me inscrever e ceder o meu tempo a V. Ex.ª, porque o assunto é extremamente importante. E eu acho que V. Ex.ª tem razão no seu Projeto, até porque, aqui na exposição de motivos do Prefeito, ele alega a independência de Poderes. Mas eu já vi acontecer coisas piores e não haver essa alegação.

Mas ele diz assim: que é preciso que haja dotação orçamentária e financeira suficientes. E eu posso dizer a V. Ex.ª que há dotação orçamentária e financeira suficientes, sim, porque se ele consegue colocar no sistema financeiro, colocando o dinheiro acima da vida humana, eu não entendo por que ele se preocupa com a dotação orçamentária e financeira, principalmente, porque ele suplementa na hora em que ele quer, sem dar a esta Casa as necessárias explicações!

Portanto, eu quero continuar ouvindo V. Ex.ª, já estou me inscrevendo e cedendo o meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Dr. Goulart.

 

O SR. DR. GOULART: Muito obrigado, Ver. João Antonio Dib, atento às coisas boas para a Cidade, atento às coisas boas para o cidadão, atento muito mais para quem precisa e não pode pagar, porque não pode ter planos de saúde, porque não pode desembolsar cheques que venham a pagar uma conta de hospital nesse momento histórico por que passa a economia do Brasil.

Então, eu dizia que os hospitais exercem a sua filantropia nos mostrando o quê? Um trabalho que não é verdadeiro, que não é resolutivo, que é emblemático, que simplesmente atende aos seus interesses em ter a filantropia! E aí, o que é que acontece com o Hospital da PUC? O que é que acontece com o Hospital de Clínicas? O que acontece com o sagrado e maravilhoso Hospital Conceição? Ficam com os seus leitos lotados; ficam com os leitos de observação, que não são para hospitalizar, lotados; ficam com os corredores completamente lotados. E aí as pessoas vão tendo o seu atendimento de maneira precária, de maneira heróica, eu diria, quando os médicos e enfermeiras correm com vidros de soro por todos os corredores, até nas anteportas dos banheiros, para poder atender aos seus semelhantes. Ao passo que os hospitais privados poderiam colaborar com uma parcela dos seus leitos. E colocamos limitação nisso, de que jeito? Os hospitais deveriam combinar com o Executivo, com a Prefeitura, um percentual de leitos. Aquele percentual deveria ser obedecido. E aí sim eles teriam láureas em ter o seu momento de filantropia contemplado. O Executivo não se precisaria preocupar, porque, necessariamente, não teria que desembolsar grandes somas em dinheiro; teria que fazer negociações na base dessas próprias filantropias, na base de outras contas devidas por esses grupos hospitalares com o próprio Poder Público. Não é tão difícil negociar isso. Tanto não é tão difícil, que o Ver. Juarez Pinheiro, sempre atento às questões da saúde, nos orientou bastante e enxugou bastante esse Projeto, deixando livre para que a Prefeitura negociasse. Nós não vamos explicar à Prefeitura como ela deve agir, mas ela deverá, junto com os grupos de hospitais, negociar essa fatia.

O que diz o Projeto? Que um médico socorrista, circunstanciando minimamente uma situação de urgência, quando a rede pública não comporta mais o grande atendimento para um milhão e trezentas mil pessoas, poderá baixar o paciente, que será recebido por um médico do SUS. E por que isso tem que acontecer também? Porque muitas vezes o Ministério Público tem mandado baixar nos hospitais, por intervenção do sindicato médico. Lá chega o cliente, de maneira aleatória, e é atendido por quem? Não sabe, porque não existe a rotina especificada. Vem um outro médico, que não sabe o que vai fazer. Precisamos regularizar isso. Não pode ser o Ministério Público que sempre vá mandar nessas situações. Tem que ser quem? O serviço municipal de saúde, tem que ser o Executivo, que vai normatizar quem vai atender. Essa pessoa tem que chegar lá e ter um belo atendimento, como teria um paciente privado dentro daquele hospital. E não haver uma explicação errônea de como isso vai ser pago, porque ninguém sabe em que moeda vai ser pago. E os hospitais talvez estejam interessados, porque até hoje eles não estão recebendo, também, essas hospitalizações que, à força da Justiça, povoaram os seus leitos.

Então, estamos frente a um dos mais importantes projetos, não porque eu fiz, mas fizemos juntos, eu e alguns Vereadores. Eu, porque médico, levantei o problema; eu, porque médico, apresentei o problema. Nós nos precisamos unir, e isso vai ser bom para o Executivo, isso vai ser bom para os hospitais que têm normatizado o sistema de internação, isso vai ser bom para os médicos; isso vai ser bom para os Vereadores que trabalharam nisso, isso vai ser bom para a pessoa que sofre.

A finalidade última do nosso trabalho, neste momento, é gestionar, é trabalhar, é defender aquele que sofre e que morre num corredor porque não consegue um melhor atendimento nos hospitais da rede de Porto Alegre. Vereador Dib, muito obrigado pela cedência do tempo.

Votemos nisso, derrubemos o Veto, não para ofender o Executivo, mas para auxiliá-lo, para protegermos as pessoas que precisam. E em nome do próprio Governo peço isso para os senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em conformidade com o artigo 145 do Regimento, em votação a prorrogação da Sessão por duas horas, nominal por solicitação do Ver. Reginaldo Pujol. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADA a prorrogação da Sessão por 18 votos SIM e 09 votos NÃO.

O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos diante de uma matéria de grande significação elaborada por um parlamentar competente vinculado à área da saúde. Ela se refere a questões do Sistema Único de Saúde, uma conquista da cidadania, que, por uma luta de muitos anos, conseguiu colocar na Constituição de 1988 essa aspiração que há muito o segmento da saúde e a cidadania buscavam no seu regramento.

A matéria é da maior importância. Ver. Pedro Américo Leal, que presidiu a Comissão de Saúde, a matéria coloca a vida acima dos interesses particulares, ou seja, a vida acima do mercado. O Poder Executivo, mercê de um regramento que é dado desde a Constituição Federal, passando pela Constituição Estadual e pela Lei Orgânica, tinha cogência, obrigação de, juridicamente, colocar esse Veto, sob o ponto de vista que, de forma controvertida, há o entendimento que de ele contraria disposições constantes da Lei Orgânica do Município. A nossa Bancada está em final de discussão sobre isso. Há controvérsias sobre essa questão jurídica, porque, para alguns de nós, ou para a maioria, o direito à vida é o direito maior que se deve colocar acima de qualquer interesse particular.

O que o Projeto de Lei diz, de forma clara, é que o médico socorrista, uma especialidade daquele que presta atendimento de urgência, que não é um traumatologista, que não é um gastro, que não é de nenhuma outra especialidade, apenas esse médico, em situação de risco de vida, ou seja, quando o doente, quando a pessoa a ser atendida pode correr risco de vida, em laudo devidamente circunstanciado, ou seja, o médico vai dizer que aquele paciente está em risco de vida, vai colocar o seu CRM abaixo dessa declaração. Consultada, Ver. Ervino Besson - que se preocupa com essas questões - a Central de Leitos, e verificando que não há leitos públicos disponíveis, esse médico tem o direito de ir na instituição privada compatível e internar esse paciente. Nós estamos aqui fazendo uma declaração, estamos dizendo, pioneiramente, em Porto Alegre, que a vida é o bem maior de todo o cidadão, de todo o ser humano, e deve preponderar acima dos interesses dos hospitais privados.

Essa discussão, nós estamos concluindo, Ver. Dr. Goulart, mostrando nossa disposição para que matérias de importância fundamental para o cidadão desta Cidade se coloquem acima de disputas político-partidárias, se coloquem acima dos interesses da cidade, e se coloquem, nesse caso, acima, inclusive, do direito das pessoas viverem. Era essa a discussão que estávamos fazendo nesse momento, e eu quero dizer que me honro desta Bancada, uma Bancada que supera uma disputa difícil que fizemos neste Plenário, mercê do quadro de correlação interna, e que aceita, pela maioria de seus Vereadores, mesmo achando, a maior parte, que tem vícios de ilegalidade, que tem vícios de inconstitucionalidade, romper com esse conceito jurídico e dizer em alto e bom som, como disse o Ver. Dr. Goulart, que a vida é o bem maior. E nesse sentido, gostaríamos que a nossa posição, que supera as nossas divergências político-partidárias, seja correspondida também pelos Srs. Vereadores e Sr.ª Vereadoras da oposição, e que em matérias que o interesse daqueles que vivem nesta Cidade estejam acima de nossas disputas partidárias também a oposição tenha essa hombridade, tenha essa clareza, tenha a sensibilidade de deixar de lado, eventualmente, nossas disputas e coloquem a cidade e seus habitantes em primeiro lugar - os seus habitantes. Portanto, ao derrubar este Veto, que acredito que aconteça, em breve, a Cidade de Porto Alegre estará dando um brado, estará dizendo sim ao Sistema Único de Saúde, fortalecendo-o, estará dizendo, repito, que a vida é um bem maior e deve ficar acima do mercado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a bem da verdade o que se discute, hoje, aqui, é a manutenção ou não de um Projeto de Lei de autoria do Ver. Dr. Goulart, que, saliente-se, o Projeto que foi aprovado por esta Casa, é preciso que fique bem claro, não tem por objetivo autorizar qualquer médico a internar qualquer paciente nessa situação de excepcionalidade na rede privada. É preciso fazer essa distinção muito sutil que são os médicos socorristas, que não são todos os hospitais, é um percentual mínimo, são aqueles que atendem na emergência, que atendem em situação mais grave, mais crítica, que precisam de atendimento urgente, e os pacientes a quem se destinam não são quaisquer pacientes na Cidade; são aqueles na iminência de perderem a vida.

Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª que é o nosso zeloso Vereador que analisa os detalhes, V. Ex.ª deve ter observado, e não vem à tribuna citar esse fato porque cedeu o seu tempo ao Ver. Dr. Goulart, que o Prefeito, nas razões do Veto, não foi capaz de dizer sob quais dos fundamentos que a lei lhe autorizava a vetar o Projeto de Lei de autoria do Ver. Dr. Goulart. Não foi dito, seria um absurdo se fosse dito que esse era um projeto contrário ao interesse público, que não é, e nem tampouco se falou que ele era antijurídico, que ele era inconstitucional, que ele era ilegal; tangenciou-se sobre o assunto, falou-se que o projeto conflitava com algumas das leis que vigoram neste País, mas não se fez a afirmação peremptória de que ele era inconstitucional, de que ele era inorgânico ou de que ele era ilegal. Por que não se fez? Porque o Prefeito João Verle, que já, à época, assinava os vetos, teve o cuidado de não cometer a irresponsabilidade de afirmar ilegal um Projeto que não é ilegal. E não é ilegal porque buscar cumprir uma disposição da Constituição Brasileira, como o nosso eminente colega, Ver. Juarez Pinheiro, com muita propriedade, já salientou aqui da tribuna, e a Liderança do Partido dos Trabalhadores diz que, com relação a esta matéria, é possível se encontrar um consenso de se assegurar este Veto, não como uma imposição das oposições, mas como uma demonstração inequívoca de bom senso de uma Câmara que, às 18h45min, busca aqui, afanosamente, pela discussão, um entendimento pelo qual se salve este Projeto de Lei, que é bom, é excelente, consulta os interesses públicos, e não contém no seu bojo, Ver. Paulo Brum, nenhuma ilegalidade. Então, nem o Prefeito teve a coragem de afirmar: este Projeto é contrário ao interesse público, este Projeto é ilegal, este Projeto é inorgânico, é inconstitucional. Não, não foi dito. Articulou-se uma série de razões, criou-se um raciocínio com uma lógica não muito clara e, no final, disseram que o Projeto tinha de ser derrubado, tinha de ser mantido o Veto. Ora, se o Projeto não é ilegal, se não é inorgânico, se não é inconstitucional, se não contraria os interesses públicos, se, pelo contrário, torna factível, realidade concreta, uma norma constitucional, como disse bem o Ver. Juarez Pinheiro, se é isso, por que nós não vamos acolher este Projeto, por que vamos acolher este Veto, por que nós não vamos confirmar este Projeto de Lei?

Se o PT quiser isso, quiser fazer conosco, nós paramos de discutir esta matéria, porque eu sei que não querem que discutamos mais nesta tarde, por razões lógicas. Paramos de discutir e consagramos o Veto e vamos todos para a casa, nós, os Vereadores da oposição, e o pessoal do Orçamento Participativo realiza, normalmente, as suas reuniões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Fui dos Vereadores que, há quase dez anos, quando começava a se falar em Sistema Único de Saúde, mais defendia esta idéia aqui na Casa. Lembro, inclusive, que a Câmara de Porto Alegre foi pioneira nesse debate. Foi a partir de Porto Alegre, a partir desta Casa, que nasceu o Movimento Nacional de Defesa do SUS, quando havia uma resistência ainda por parte do Governo Federal na implantação do Sistema. Posteriormente, quando assumiu o Ministério, o hoje Prefeito de Triunfo e Presidente Estadual do PSDB neste momento, o Ministro Albuquerque, mudou a posição do Governo Federal, o sistema foi assumido pelo Ministério da Saúde, e se passou um processo bastante rápido daquelas várias etapas de implantação do SUS que vai até a gestão plena como ocorre com Porto Alegre. Nós sabemos que Porto Alegre recebe a cada mês cerca de 30 milhões de reais para o atendimento do SUS, fora uma série de outros valores que dobram esses 30 milhões, vindos do Governo Federal para o atendimento ao Sistema de Saúde da Cidade. Na verdade, se pode dizer que, quase, 70% do que se tem de atendimento da Saúde no Município de Porto Alegre é efetivamente financiado pelo Governo Federal, que não faz favor, vamos deixar bem claro, mas que, na descentralização do sistema, na implantação efetiva do SUS, faz com que se tenha um excelente resultado de distribuição de verbas.

O Projeto do Ver. Humberto Goulart, ele é muito simples, ele é muito objetivo, ele pretende que, em não havendo leito na rede pública, se possa usar um leito da rede privada. Estive, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, semana passada no Rio de Janeiro e verifiquei, Ver. Juarez Pinheiro, e neste sentido V. Ex.ª tem razão, que não só o Poder Público Municipal e Estadual no Rio de Janeiro, quanto o Poder Judiciário, por meio de uma série de ONGs organizadas numa entidade única, tomaram uma decisão radical no caso, do Rio, especifico da dengue, mas que podemos tomar como um encaminhamento geral de Porto Alegre, que é exatamente esse, um respaldo judicial, um respaldo inclusive legal do ponto de vista de que a implantação do processo não tem sido contestada nem mesmo pelo Ministério. Não havendo leito na rede pública, ocupa-se um leito na rede privada. Quero deixar bem clara uma coisa que é importante dizer aqui, acho que o Ver. Juarez Pinheiro tocou, mas talvez não tenha dito claramente: é que isso não implica pagar o preço da rede privada, implica o preço da rede pública, daquilo que o SUS determina. Portanto, o que aqui se está dizendo é que se deve expandir, em nome da saúde, em nome dos direitos das pessoas que necessitam dos leitos, a obrigatoriedade da rede privada também dar a sua contribuição ao sistema geral, nos moldes e preços daquilo que está determinado pela Legislação Federal. É evidente que podemos discutir aqui se o Governo Federal paga mal ou paga bem, por intermédio do SUS, o ressarcimento. Creio que nenhum de nós aqui vai dizer que paga bem, mas também nenhum de nós pode ignorar que o pagamento se dá dentro dos limites possíveis de um orçamento que é anual, nacional e que tem que levar em conta diferenças regionais imensas entre Norte e Nordeste e a situação do Sul. Se para nós é péssimo o ressarcimento, certamente no Norte e Nordeste muitas vezes esse ressarcimento é inclusive a garantia do funcionamento de um hospital ou de uma instituição qualquer de saúde. O que o Ver. Dr. Goulart propôs, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e aí eu não consigo entender o motivo do Veto do Prefeito, é que, não havendo leito público, se requisite leito privado. Aumenta a despesa? Não, ela está dentro do SUS; ela simplesmente vai ser ressarcida dentro do SUS.

Como funciona o SUS? O SUS funciona mediante relatórios mensais enviados pelo Município ou pelo Estado para o Governo Federal, para o Ministério...

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Vereador, seu tempo está esgotado. (Pausa.) O Ver. Almerindo Filho inscreve-se e cede seu tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, agradeço ao Ver. Almerindo Filho. A Prefeitura, ou o Estado, fazem um relatório, enviam às AIHs até o Ministério, e recebem um ressarcimento a posteriori. Quando há discrepâncias entre os percentuais previstos e aqueles usados, o Ministério faz uma reavaliação e decide se há necessidade ou não de ampliação desse ressarcimento.

Eu, particularmente, tenho dúvida, Ver. Dr. Goulart, quanto ao parágrafo único do Projeto de V. Ex.ª, porque me parece que o parágrafo único avança sobre a prerrogativa do Governo Federal. Mas o que nós vimos foi o Prefeito fazer um Veto Total ao Projeto, não um Veto Parcial. Eu, particularmente, acho que se houvesse um Veto parcial num parágrafo único, nós deveríamos, nesta Casa, acatar esse Veto. E por um motivo muito simples: parece-me que ele teria razão de ser, me parece que a Câmara não pode legislar sobre o que vai ou não fazer o SUS. Mas, certamente a Câmara pode legislar sobre como deve se comportar uma Secretaria da Administração Municipal. Por quê? Porque a Câmara é parte daquilo que nós denominamos de Poder Municipal. E a Lei Orgânica é muito clara: o Poder Municipal está constituído pelo Executivo e pelo Legislativo. E o Legislativo determina que, em não havendo a possibilidade do leito público, se use o leito do nosocômio particular. Nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que a intervenção do Ver. Juarez Pinheiro, que, aliás no relato do Ver. Dr. Goulart, já havia colaborado na própria constituição do Projeto, nos ajuda, assim como a oposição entendeu num Projeto, não de hoje, mas de um Veto bem anterior, de atender a posição do Vereador e acatar o Veto do Sr. Prefeito Municipal, porque ele tinha uma lógica, também será importante que eventualmente a bancada de situação considere que é importante a aprovação desse Projeto. E que o Prefeito João Verle, que assume a Cidade neste momento, entenda que uma derrubada de Veto não é uma contestação da autoridade de S. Ex.ª, que praticou um ato que lhe compete – a ele ou ao seu antecessor -, esta Casa, neste caso inclusive oposição e situação também praticam um ato que lhes compete e está no seu poder, que é a derrubada de um Veto. Acho que ganha, com essa derrubada de Veto, certamente, toda a população de Porto Alegre, e muito especialmente aqueles companheiros do Orçamento Participativo que nos dão o prazer de estarem aqui, hoje, nesta Casa, aguardando o momento de poderem também iniciar a sua reunião. É bom, inclusive, que as pessoas que estão presentes na reunião do Orçamento Participativo vejam o modo pelo qual situação e oposição discutem projetos, e situação e oposição são capazes, inclusive, de chegar a um entendimento, quando o interesse público está colocado no horizonte como primeiro interesse efetivo.

Portanto, neste sentido, Sr. Presidente, não tenho a menor dúvida em ser favorável ao Projeto, como já o fui na votação anterior, esperando, de fato, que, não apenas se derrube o Veto, mas que, derrubado o Veto, o Prefeito Municipal não apele ao Judiciário, não conteste, naquele que é o nosso terceiro Poder, que é o Judiciário, no sentido de derrubar a lei vigente, mas que, ao contrário, busque encaminhá-la, busque regulamentá-la, busque concretizá-la em nome do interesse maior, que é a saúde das pessoas, a saúde dos cidadãos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, discuto esta matéria porque, na verdade, quando aprovamos este Projeto do Ver. Dr. Goulart, esse foi um projeto que me chocou e que fez com que eu me reportasse a vinte e seis anos atrás. Ver. Dr. Goulart, há vinte e seis anos, sofri um acidente de automóvel no interior do Estado do Rio Grande do Sul, próximo ao Município de Lajeado, e, há vinte e seis anos, o médico de plantão do hospital do interior diagnosticou que eu deveria fazer uma cirurgia de emergência - sofri lesão nas três vértebras: T3, T4 e T5 -, dentro de vinte e quatro horas.

Como o hospital não tinha condições para efetuar essa cirurgia, uma ambulância me trouxe até o nosso Pronto Socorro. Chegando ao Pronto Socorro, também o diagnóstico foi no sentido de que eu deveria fazer uma cirurgia de emergência, mas que o Hospital de Pronto Socorro também não tinha condições naquele momento de fazer a tal cirurgia. Ver. Dr. Goulart, eu fiquei vinte e três dias no leito do Hospital de Pronto Socorro exatamente porque, naquele momento, nós não tínhamos uma referência, uma lei como essa que V. Ex.ª muito bem apresentou a esta Casa. Fiquei vinte e três dias aguardando num leito de um hospital da rede pública, porque eu não tinha dinheiro para pagar um leito particular.

Portanto, Vereador, hoje estou vivo, graças a Deus! Se naquele momento nós tivéssemos uma lei que determinasse que o médico socorrista pudesse internar um paciente em estado grave num hospital da rede privada, talvez eu não tivesse passado por tantas quantas eu passei nesta minha vida. Dizem que o nosso destino está traçado, mas se nós tivéssemos mecanismos disponíveis, talvez muitas dores teríamos reduzido, ou evitado, e muitas vidas teríamos salvo.

Portanto, em cima desse meu testemunho, de emoção, sim, quero dizer, Ver. Dr. Goulart, que parabenizo V. Ex.ª pela sua sensibilidade, e clamamos para que haja, de fato, a sensibilidade do nosso Poder Executivo. Nós, da oposição, já estamos sensibilizados; nós vamos derrubar este Veto exatamente por entendermos que a vida está acima de tudo e esperamos que o Poder Executivo, que o Sr. Prefeito, que agora assume, seja sensível aos apelos, não deste Vereador, mas de inúmeras vidas que poderiam ser salvas, de muitas dores que poderiam ser minimizadas, se nós tivéssemos essa Lei de V. Ex.ª já regulamentada e sacramentada em nossa Capital. Portanto, Sr. Presidente, faço este desabafo, e que derrubemos, sim, o Veto do Sr. Prefeito e que esta Lei seja regulamentada e efetivada no nosso Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, gostaria que V. Ex.ª nos informasse sobre quantas inscrições ainda existem?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): São dez oradores inscritos. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir o Veto Total ao PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos examinando um projeto de grande repercussão para a vida da Cidade, um Projeto de autoria do Ver. Dr. Goulart.

Vejam, V. Ex.ªs, nós estamos examinando uma das questões mais diretamente relacionadas com a questão da saúde na Cidade de Porto Alegre. O Ver. Dr. Goulart, que dispõe de uma das trajetórias mais interessantes no âmbito da medicina comunitária nesta Cidade, no seu mandato, um dos seus primeiros projetos que ele protocolou foi este, um projeto simples que diz o seguinte: “Fica o médico socorrista autorizado a internar o paciente na rede privada de hospitais, desde que caracterizada a situação de gravidade e desde que esgotadas as possibilidades de internação através da rede do Sistema Único de Saúde.”

Essa é uma das mais extraordinárias construções, que deveria inspirar não só o Sistema Único de Saúde na Cidade de Porto Alegre. Este Prefeito que renunciou ao seu mandato, alguns dias atrás, apôs o seu Veto a este Projeto, porque aumentaria a carga da receita e a responsabilidade em relação à questão do Município, no que diz respeito à saúde pública.

Não adianta, Ver. Dr. Goulart, ficar fazendo aquela retórica tradicional dos Partidos que compõem o bloco da Frente Popular, fazendo aquela ladainha de que a culpa do problema da saúde na Cidade de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul não é do Governo Municipal e nem do Estadual, mas é de responsabilidade do Governo Federal. Essa é a ladainha permanente. Esse discurso nós conhecemos, Ver. Goulart e não leva a absolutamente a nada. V. Ex.ª apresentou uma proposta concreta em que o médico socorrista fica autorizado - em casos extremamente graves em que o sistema da rede pública não responde às necessidades - a internar numa instituição particular.

Vejamos as razões já com o Veto. V. Ex.ª já conseguiu algo; em 16 de janeiro não foi o então Prefeito Tarso Genro que vetou o Projeto de V. Ex.ª, Ver. Ervino Besson, o Projeto do Dr. Goulart já foi vetado pelo Prefeito que assumiu recentemente, ele já respondia há muito tempo pela Prefeitura, até porque o Prefeito Tarso Genro já estava em campanha eleitoral.

Vejam o que diz as razões do Veto, em 16 de janeiro, assinado pelo Prefeito de plantão João Verle, na época, interino, hoje já na sua plena investidura, na sua titularidade por um mandato de três anos, que não se elegeu para estar. “O Projeto de Lei em tela tem como finalidade, conforme Exposição de Motivos, garantir aos médicos socorristas o direito de efetuar a internação de pacientes graves em hospitais privados, quando não houver leitos na rede pública, cabendo ao Município, na qualidade de gestor do SUS, o ressarcimento dos gastos decorrentes da referida internação...”...

Sr. Presidente, vou interromper o meu discurso, porque estamos aqui discutindo um projeto da maior importância. Quero que V. Ex.ª peça a nossa ilustre platéia, que comparece e abrilhanta esta Casa, nesta noite, que se mantenha em silêncio para que possamos dar continuidade ao trabalho parlamentar, Sr. Presidente. Peço a V. Ex.ª que interrompa o meu tempo.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Ver. Isaac Ainhorn, o seu tempo originário acaba de concluir, mas V. Ex.ª tem uma cedência de tempo do Ver. Valdir Caetano. Se houver a concordância dos demais Vereadores inscritos, pela ordem, Ver. Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Raul Carrion, Aldacir Oliboni, Clênia Maranhão, Estilac Xavier, Elói Guimarães, V. Ex.ª poderá continuar na tribuna. E nós atendemos à sua solicitação no sentido de que sejam garantidas as condições regulares de desenvolvimento da Sessão, sob pena de suspendermos os trabalhos!

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, eu peço a V. Ex.ª, é impossível trabalhar assim!

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Eu solicito a colaboração dos nossos visitantes, no sentido de nós termos clima para prosseguir os nossos trabalhos. V. Ex.ª continua com a palavra por mais cinco minutos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu até queria o tempo anterior, no qual fui interrompido.

 

O Sr. Marcelo Danéris: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, quero colocar que, em nome da Frente Popular, nós, em nome do Projeto do Ver. Dr. Goulart, com qual concordamos com o mérito, manteremos o Projeto do Ver. Dr. Goulart. Peço que, em nome desta população que quer aqui discutir o Orçamento Participativo, nós possamos votar de imediato o Projeto do Ver. Dr. Goulart, tendo o compromisso da Frente Popular de acompanhar o Projeto do Vereador, mas que, neste momento, nós retiremos todas as inscrições, da Frente Popular e também das bancadas de oposição para que possamos votar imediatamente o Projeto. Esta é a resposta ao acordo que V. Ex.ª tinha proposto, que eu espero que as oposições aceitem.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente...

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereador, V. Ex.ª tem o seu tempo assegurado.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, eu quero dizer que sou sensível às ponderações do ilustre Líder da Bancada do PT, Ver. Marcelo Danéris. Evidente que, tão logo saia desta tribuna, vou ser até rápido para concluir o meu segundo tempo, Ver. Marcelo Danéris, vou descer desta tribuna a fim de conversar com os meus demais colegas de mandato, meus companheiros de oposição, com o meu colega Ver. Dr. Goulart, para vermos do encaminhamento mais eficaz em relação à proposta que V. Ex.ª neste momento nos fez. Nós não queremos absolutamente inviabilizar qualquer reunião, de qualquer natureza; nem queremos estabelecer conflitos e confrontos. Embora, V. Ex.ª saiba das posições que tenho em relação a essas questões, objetos de debate.

Diz o ex-Vereador João Verle, o atual Prefeito, em 16 de janeiro, já que é ele que assina as razões do Veto, o então Prefeito Tarso Genro já se encontrava licenciado, que afirma que se verifica que o Projeto de Lei atenta contra o princípio da harmonia, independência dos Poderes. Ora, ex-Vereador João Verle, há tanta coisa praticada pela administração petista que afronta a harmonia e independência dos Poderes, e V. Ex.ª vem dizer que o Projeto do Dr. Goulart afronta a harmonia e a independência dos Poderes? O que afirma, basicamente, o Projeto do Ver. Dr. Goulart? O Projeto diz que, quando a rede pública não tiver leitos para internação de casos de urgência, o plantonista socorrista, em nome da vida, pode imediatamente internar em rede particular.

Eu desafio alguém a encontrar um projeto mais progressista, um projeto mais revolucionário, um projeto mais de esquerda do que este Projeto. Desafio a Ver.ª Helena Bonumá, que hoje está aqui nos visitando, hoje Secretária do Governo Municipal, a afirmar se este não é um projeto progressista, não é um Projeto de esquerda. Tanto é que nós temos agora o compromisso do PT de votar pela derrubada do Veto.

Encerro, Sr. Presidente, agradecendo a cedência do tempo que me fez o Ver. Valdir Caetano, reafirmando a importância histórica deste Projeto do Dr. Goulart para a vida da Cidade de Porto Alegre em um dos pontos mais importantes que tem: a saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra por cedência de tempo do Ver. Pedro Américo Leal, para discutir PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. Quero falar aqui em nome da Frente Popular: queremos fazer um apelo às bancadas de oposição que neste momento se reúnem. A Bancada da Frente Popular já tirou posição de acompanhar o Projeto do Ver. Dr. Goulart pelo seu mérito. Com isso, queremos ao mesmo tempo votar o Projeto do Ver. Dr. Goulart e chamar a sensibilidade dos Vereadores das bancadas de oposição para que possamos, imediatamente, encerrar o debate e votar e dar, também, a possibilidade de essa população aqui presente discutir o Orçamento Participativo.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Marcelo Danéris, V. Ex.ª assumiu a bancada petista há pouco tempo - e que não se crie, depois, nenhuma ambigüidade na situação. Indago de V. Ex.ª, ouvi claramente a proposta de V. Ex.ª quanto à votação, mas indago de V. Ex.ª se isso implica, também, o recurso ao Judiciário e parte do Executivo ou não para que nós da oposição possamos ter clara a situação, a condição em que vamos tomar a nossa decisão. V. Ex.ª garantiu que a Bancada nos ajuda a derrubar o Veto, mas indago de V. Ex.ª - até porque sei que V. Ex.ª não tem autonomia total - se isso é possível e também ao eventual recurso do Executivo.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Há o compromisso da Bancada da Frente Popular e do Governo da Frente Popular de regulamentar o Projeto do Ver. Goulart. Então, Ver. Antonio Hohlfeldt, com esses dois gestos, de aprovar o Projeto do Ver. Goulart e regulamentar o Projeto do Ver. Goulart, tendo como compromisso também do Executivo, nós queremos que as bancadas de oposição tenham a sensibilidade de encerrar imediatamente todas as inscrições para passarmos à votação do Projeto, com isso dando possibilidade, à população que está aqui, de discutir a temática de educação, esporte e lazer do Orçamento Participativo. Quero ser breve, faço esse apelo à sensibilidade dos Líderes dos partidos de oposição. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total.  Desiste. A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Almerindo Filho está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Valdir Caetano está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL n.º 207/01, com Veto Total. Desiste.

 

O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente, eu já havia cedido o meu tempo; eu não abri mão.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Obrigado, Vereador. Não havendo mais quem queira discutir, encerrado o período de discussão.

Em votação o PLL n.º 207/01, com Veto Total. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu pretendo ser breve, só que, como fui Relator desta matéria na Comissão de Justiça, não poderia deixar de vir aqui para tocar pelo menos em uma questão que acredito ser extremamente importante neste Projeto do Ver. Dr. Goulart, que autoriza médico socorrista a internar paciente em estado grave na rede privada de hospitais, quando não obtiver leito na rede pública. O primeiro Parecer que recebemos da Procuradoria e, inclusive, a orientação primeira que tivemos era de que essa intenção do Ver. Dr. Goulart feria alguns dispositivos de legislações maiores, tocava em dispositivo da Constituição, inclusive do próprio direito que o SUS tem de reger o serviço de saúde em nosso Município. Aí nós vamos ver o seguinte: o que o Ver. Dr. Goulart queria, na verdade, não era entrar nessa área de competência do SUS para invadi-la e para tornar inconstitucional a sua proposição; o que ele queria é que aquele paciente que foi ferido gravemente, que está muito mal, está em estado grave, esse paciente possa encontrar de qualquer forma um meio de ser socorrido. O médico não pode ficar com as mãos completamente atadas, impedido de prestar o socorro.

Nós, da Comissão de Constituição e Justiça chegamos à conclusão, num parecer que foi aprovado, que inconstitucional, na verdade, é deixar esse paciente morrer, o que está acontecendo hoje na rede do SUS. Hoje, um paciente que tem problemas graves não pode ser atendido porque o serviço de saúde do Município é péssimo, é ruim, e, por ser ruim, esses pacientes graves acabam por não serem atendidos, acabam correndo perigo de vida, risco de vida.

Ontem, nós atendemos uma senhora que tinha úlcera na perna, uma ferida aberta, e que não conseguia atendimento no SUS há dois meses, e ela estava morrendo de dor na sua casa, e não conseguia atendimento. Nós pegamos essa senhora, levamos a uma clínica particular, pagamos a consulta para que ela pudesse ser atendida. Hoje, ela está internada, o quer ela precisava era que um médico a visse para ganhar uma baixa, até leito foi aprovado para ela, tal a situação em que ela se encontrava, mas há dois meses ela procurava um leito, um médico para atendê-la na rede do SUS, alguém que pudesse dar um diagnóstico do que ela estava sofrendo, e ela não conseguia. Agora, o Ver. Dr. Goulart, com este Projeto de Lei - que eu fico feliz, porque ouço o Ver. Marcelo Danéris dizer que eles vão também votar contra o Veto, e o Projeto vai ser regulamentado, eu fico feliz com isso, porque vejo que os pacientes que tiverem com problemas graves, que estiverem realmente necessitando de internação, que precisarem do médico, o médico socorrista, Ver. Dr. Goulart, a partir disso, vai ter toda a autoridade para pegar esse paciente, para levar para um leito da rede privada e para depois deixar que o Município e a rede privada se entendam, porque, é claro, nós sabemos que entra, por mês, muito dinheiro que vem do Sistema de Saúde para o Município. Então, é preciso pegar esse dinheiro e usá-lo bem, sendo que uma das coisas que podem fazer para usar o dinheiro é exatamente socorrer os pacientes que estão em estado grave.

Cumprimento V. Ex.ª pelo Projeto que apresenta. Nós estamos felizes por termos acompanhado este Projeto desde o início. É por isso que fiz questão de vir aqui para encaminhar contrário a este Veto. Que bom que todos os projetos votados nesta Casa tivessem essa qualidade e essa intenção. Pela derrubada do Veto! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Presidente José Fortunati, demais Vereadores e Vereadoras, na verdade eu estou aqui com a incumbência de encaminhar em nome das bancadas que apóiam o Governo, no caso, o PSB, do Ver. Carlos Garcia, a Bancada do PT, a Bancada do PC do B. Eu pretendo fazer um encaminhamento breve de dois minutos para registrar a posição comum desses três Partidos. Nós votaremos pela manutenção do Projeto e, portanto, pela derrubada do Veto, em primeiro lugar, por entendermos a questão do mérito do Projeto, que é, fundamentalmente, a questão das vidas que estão em jogo, do direito à vida.

Em primeiro lugar, ele é um Projeto em que não é qualquer médico que pode fazer a internação; somente os médicos socorristas - uma especialização médica para as situações de emergência. Em segundo lugar, somente quando estiver configurado um caso de necessidade urgente, que pode levar, inclusive, à perda da vida do paciente. Em terceiro lugar, somente no caso em que, comprovadamente, não existe leito público para dar esse atendimento. Só nesse caso, o Projeto autoriza o médico socorrista a encaminhar essa pessoa para um leito privado. E, por último, esse encaminhamento deverá ser acompanhado de documento circunstanciado sobre os motivos em que o fazem necessário. Por isto nós votamos a favor. Existe, ainda, o compromisso do Governo de não questionar na Justiça este Projeto; ou seja, há um compromisso inclusive de regulamentação da matéria, Ver. Humberto Goulart. Para concluir, quero dizer que momentos como este são importantes, quando, acima das divergências, as bancadas de oposição e de situação - a Casa, por unanimidade - constroem uma saída negociada, em alto nível, que permite que o Projeto, por seu mérito indiscutível, seja aprovado e inclusive eventuais problemas sejam sanados, posteriormente, na regulamentação. Este é o encaminhamento que eu faço em nome da Bancada do PC do B - e eu já havia comunicado ao Ver. Humberto Goulart essa posição da Bancada do PC do B, há muito tempo, favorável ao seu Projeto - e também em nome das Bancadas do PT e do PSB, que me deram o privilégio e a honra de representá-las neste momento. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Sr. Dr. Goulart está com a palavra para encaminhar o PLL n.º 207/01, com Veto Total.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito especialmente o Ver. Juarez Pinheiro, que nos assessorou neste Projeto. É um momento de grande satisfação para este Vereador, é um momento de grande emoção para este médico, é um momento de grande felicidade para alguém que tem seguido o exemplo humanista para poder tratar como um igual, com compaixão, o seu semelhante. Quantos dos senhores têm passado momentos tristes, de agruras, nos corredores dos grandes hospitais sem conseguirem internar uma pessoa que se conseguiria salvar se estivesse dentro de uma enfermaria, dentro de uma sala de cirurgia, dentro de uma UTI, contra o seu mal que corria contra o tempo. As pessoas morrem nos corredores, as pessoas morrem dentro dos hospitais que não lhes podem estruturar um atendimento. Srs. Vereadores, neste momento de compaixão humana, eu digo para os senhores: muito obrigado pelo entendimento; oposição, que me tem acompanhado, muito obrigado pelo entendimento; situação, que foi sensível a uma coisa de que todas as pessoas precisam, de que os familiares de todas essas pessoas precisam: um leito para convalescer e se salvar de uma doença. Por isso, peço que este Projeto seja aprovado e agradeço a unanimidade dos senhores ao pensarem desse jeito. Muito obrigado em nome do doente e da gente que sofre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Reginaldo Pujol, o PLL n.º 207/01, com Veto Total. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 31 votos SIM, considerando-se rejeitado o Veto a ele aposto.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Requerimento): Sr. Presidente, solicito os apanhados taquigráficos relativos ao discurso do Ver. Marcelo Danéris na Liderança do PT, e o apanhado da folha de votação sobre esta votação. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Já estará à disposição, logo em seguida, de todos os Srs. Vereadores. Levando em consideração o acordo feito, esta Presidência, entendendo que temos uma importante reunião do Orçamento Participativo a se realizar neste local, encerra os trabalhos da presente Sessão. Damos as boas-vindas aos participantes do Orçamento Participativo.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h50min.)

 

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